Cozinha Bruta https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau) Mon, 13 Dec 2021 21:07:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como a pandemia roubou a alegria do churrasco brasileiro https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/01/11/como-a-pandemia-roubou-a-alegria-do-churrasco-brasileiro/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/01/11/como-a-pandemia-roubou-a-alegria-do-churrasco-brasileiro/#respond Tue, 12 Jan 2021 00:40:50 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/lingui-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2807 Com 8 anos de vida e 10 meses de pandemia, meu filho Pedro já assimilou a dimensão socio-recreativa do ritual brasileiro vulgarmente conhecido por churrasco.

Outro dia, na casa da mãe em Atibaia, ele reclamou da falta de variedade de beliscos. Eu tinha feito uma carne –não lembro qual– e, antes dela, uma linguiça de cala-boca. A criança, de quem eu gosto muito apesar do ocorrido, fez questão de frisar: tá tudo ótimo, mas não é churrasco.

Na visão do Pedro, o churrasco é uma ocasião em que os adultos se transformam num rodízio de petiscos enquanto deixam os pirralhos em paz para fazer as merdas que os pirralhos fazem.

É quase isso.

Na real, os adultos só deixam os pirralhos em paz porque querem ficar em paz para fazer as merdas que os adultos fazem. Nesta ordem: beber, falar mal dos outros e limpar a gordura de picanha na roupa (se for a roupa de outra pessoa, melhor ainda).

Outras culturas acham que a churrasqueira é um fogão ao ar livre. Quando a comida fica pronta, serve e come. Para nós, a churrasqueira é uma lâmpada de atrair mosquitos em que os bêbados são os mosquitos.

A pandemia da Covid-19 zoou grandão o churrasco brasileiro –para o brasileiro que se importa com o brasileiro ao lado, é claro. O churrasco ritualístico brasileiro só funciona com grupos grandes. Porque a razão existencial do churrasco brasileiro é preencher o tempo pelo maior tempo possível.

Quanto maior o grupo, mais longa e bem-sucedida será a missão. Óbvio que isso depende de alguns acordos contratuais. O mais importante: quem recebe controla as compras. Já houve casos de grupos soterrados por montanhas de linguiça e cerveja vagabunda no descumprimento desta cláusula.

E aí, pandemia. Como esperar que um grupo de três pessoas –uma criança e seus pais separados– toque uma festa carnística de uma tarde inteira? Três pães de alho ao meio-dia, três asinhas ao meio-dia e meia, três palitos de queijo coalho às 13h, três linguiças às 13h30… sem condição.

Eu fico triste pelo Pedro e por todos nós. Tomara que logo possamos voltar a fazer o churrasco do jeito certo: o brasileiro.

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Os 5 melhores jeitos de aproveitar as sobras do churrasco https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/02/16/os-5-melhores-jeitos-de-aproveitar-as-sobras-do-churrasco/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/02/16/os-5-melhores-jeitos-de-aproveitar-as-sobras-do-churrasco/#respond Sun, 16 Feb 2020 22:49:11 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/picadinhochurrasco-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2041 Não sou bidu nem tenho bola de cristal, mas posso arriscar algumas adivinhações:

Teve churrasco no fim-de-semana.

Sobrou carne.

As partes que sobraram não são as mais bonitas nem as mais apetitosas do churrasco. Nem rola acender o carvão de novo para aquecê-las.

***

Churrasco é um negócio precioso demais para se jogar as sobras no lixo. Mas é preciso saber aproveitar os nacos e tecos rejeitados com receitas espertas que destacam o sabor da carne na brasa.

Em primeiro lugar, refrigere as sobras assim que tirar a mesa. A baixa temperatura minimiza as chances de contaminação e –muito importante– facilita o corte em pedaços pequenos ou tiras finas.

Não se preocupe em tentar manter a forma e a aparência das carnes. Pique, moa, triture, desfie.

Esqueça a fidelidade a receitas consagradas. O jogo aqui é extrair o melhor possível do que sobrou e do que você tem em casa para improvisar. Por isso mesmo, não vou dar receitas, apenas sugestões de preparo.

 

Bolonhesa de churrasco

Você pode usar carnes de boi, de porco (inclusive linguiça) e, no limite, frango e carneiro. Na carne cozida e refrigerada, separe as gorduras, que estarão nítidas e fáceis de cortar. Pique muito miúdo tanto a carne quanto a gordura, separadamente. Derreta a gordura e refogue cubos pequenos de salsão, cenoura e cebola (se precisar, acrescente óleo, azeite, manteiga ou banha). Junte a carne e refogue. Acrescente um copinho de vinho, se tiver. Jogue o tomate e deixe cozinhar em fogo baixo por três horas ou mais. Você pode, obviamente, ignorar tudo isso e preparar um molho de carne bem mais simples.

 

Picadinho de churrasco

A diferença essencial do picadinho para a bolonhesa é o tempo de preparação. Aqui, é tudo feito rapidinho. Pique a carne e a gordura como na receita anterior, só que um pouco maior. E prefira usar apenas um tipo de carne –boi ou porco.

Numa frigideira e em fogo alto, derreta a gordura, doure a carne, refogue cebola e alho. Acrescente um pouco de extrato de tomate, os temperos que preferir e algum líquido –bebida, caldo ou água. Junte nos legumes que quiser (milho, ervilha, cenoura, vagem). Ou não. Quando secar, sirva do jeito que bem entender.

 

Salada de carne

A mais simples de todas as preparações, roubartilhada do Caderno de Receitas. Fatie a carne e deixe-a curtir na geladeira com cebola crua, salsinha, cebolinha, molho inglês, vinagre e azeite. Coma com pão.

 

Arroz de carreteiro

Clássico gaúcho para aproveitar a carne que restou. Refogue sobras de carne bovina e de linguiça com bacon, cebola, alho, tomate fresco e pimentão. Misture com arroz pronto e tempere com cheiro verde.

 

Carne louca

Esta receita é para quem deixou sobrar pedaços grandes de carne de boi e/ou de porco. Cozinhe as peças em água ou caldo, com tomate, cebola, louro e os temperos que derem na telha. Quando a carne estiver bem macia, reserve e deixe esfriar enquanto o molho engrossa. Desfie, devolva à panela e cozinhe até o caldo secar quase todo. Sirva com pão ou o que você tiver.

 

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Guia Cozinha Bruta do churrasco de apartamento https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/01/24/guia-cozinha-bruta-do-churrasco-de-apartamento/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/01/24/guia-cozinha-bruta-do-churrasco-de-apartamento/#respond Fri, 24 Jan 2020 05:00:26 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/malpassado-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1992 Do alto do oitavo andar de um prédio no Sumaré –sem varanda gourmet, mas com churrasqueira na cobertura (e uma síndica com regras escalafobéticas quanto ao uso das ditas-cujas)–, assisto à passagem de fotos no meu Instagram.

Amigos grelham picanhas, costelas, espetos de queijo de coalho à beira da piscina. Os mais atrevidos ostentam porterhouses, tomahawks e armas afins. Cheguei a ver um boi no rolete, mas não transo essas coisas.

Eu salivo e invejo. Também reajo.

Meu primeiro post para a Folha foi sobre churrasco de apartamento. É um ofício em que busco me aprimorar, pois já me conformei com o fato de que nunca vou possuir uma casa de praia/campo com churrasqueira.

Aquilo foi mais de dois anos atrás. Já recolhi informação bastante para elaborar um pequeno guia, que vem a seguir.

 

EQUIPAMENTO

 

Fumaça é algo inerente ao churrasco. Você pode reduzi-la, mas não eliminá-la. Uma boa coifa é sempre recomendável. Menos urgente em apartamentos com boa ventilação –o caso da minha morada atual.

Você pode optar por usar carvão ou uma grelha de cerâmica usada no Japão para grelhar peixes. Você encontra essa grelha, que vai direto sobre a chama do fogão, em lojas da Liberdade (centro de São Paulo). Por estranho que pareça, ela produz mais fumaça do que o carvão de briquete. Também é mais prática e mais rápida.

Se escolher o carvão, tenha uma boa frigideira de ferro fundido e uma grelha que possa se encaixar sobre ela.

Para pequenas porções, a loja Daiso oferece por atraentes R$ 50 uma churrasqueira de mesa com o tamanho de um cinzeiro grande. É feita na China para japoneses que enchem a cara enquanto comem yakitori (espetos de frango). Cabem três asas ou um bife alto e estreito, como um medalhão.

Verifique, em qualquer caso, se os extintores do corredor estão dentro dos conformes.

 

COMBUSTÍVEL

 

O carvão usado em ambientes fechados deve ser o briquete, feito com material compensado, que dificilmente produz chamas, queima de modo uniforme e faz pouca fumaça. O carvão normal até pode ser empregado, se você arcar com as consequências de uma casa tomada pela fumaça –e as consequentes queixas dos vizinhos.

 

ACENDIMENTO

 

A grelha de cerâmica se comporta como uma panela ou frigideira. Acenda o bico do gás e deixe aquecer por cerca de cinco minutos.

Na frigideira, coloque carvão até cobrir toda a superfície da panela, mas sem encostar na grelha. Você pode acender como uma churrasqueira normal (com álcool em gel) ou deixar a frigideira sobre o fogão aceso até que o carvão fique em brasa.

Já a churrasqueira de mesa requer álcool em gel e paciência. Um maçarico acelera o processo.

 

CARNES

Qualquer carne pode ser grelhada no apartamento. Você só deve ter em mente que algumas fazem muito mais fumaça do que outras. Quanto mais gorda a carne, mais fumaça.

Pouca fumaça:  filé mignon de boi e de porco, miolo de alcatra, fraldinha sem gordura, frango sem pele, lombo de porco, peixes magros, vegetais em geral.

Média fumaça: lombo de porco ou de boi (contrafilé, bife ancho, bife de chorizo), queijo de coalho.

Muita fumaça: picanha, copa lombo, frango com pele, linguiça, sardinha.

Melhor não: costela (além de ser gorda, demora séculos para ficar pronta; numa churrasqueira improvisada, vai queimar antes de amaciar).

 

BOMBEIROS

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Volta pelo Brasil em 80 restaurantes e bares de São Paulo https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/01/23/volta-pelo-brasil-em-80-restaurantes-e-bares-de-sao-paulo/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/01/23/volta-pelo-brasil-em-80-restaurantes-e-bares-de-sao-paulo/#respond Thu, 23 Jan 2020 14:33:01 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/banzeiro-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1985 No aniversário da cidade, resolvi fazer um pequeno roteiro para moradores e visitantes conhecerem a rica cena da cozinha brasileira em São Paulo –que, apesar dos pesares, tem a melhor gastronomia do país. Aproveite!

 

Pratos que definem a alma paulistana

 

  1. O filé com alho frito do Moraes.
  2. A pizza frita do Bruno.
  3. O polpetone do Jardim de Napoli.
  4. O filé alpino da Caverna Bugre.
  5. O bife à parmegiana do Degas.
  6. O virado à paulista do Salada Record.

 

Um resumo da culinária clássica de São Paulo, com muito capricho

 

  1. Bar da Dona Onça.

 

Praça de alimentação com tudo o que vem do Nordeste

 

  1. Centro de Tradições Nordestinas.

 

Petiscos, beliscos e sandubas clássicos

 

  1. A coxinha do Frangó.
  2. Os bolinhos de carne da dona Idalina, do Bar do Luiz Fernandes.
  3. Os acepipes do Elídio.
  4. A batata na serragem (envolta em farofa de alho) do Valadares.
  5. O sanduíche de pernil do Estadão.
  6. A empada da Casa Godinho.
  7. O pastel da Yokoyama.
  8. O sanduba de mortadela na chapa da Casa da Mortadela
  9. O canapé do Bar Léo.
  10. O pão de queijo do couvert do Rubaiyat.
  11. O peixe frito do Bar do Luiz Nozoie.
  12. O bolinho de arroz do Ritz.

 

Um empório da roça na Vila Madalena

 

  1. Lá da Venda.

 

Porco total à moda caipira

 

  1. Casa do Porco.

 

Feijoada todo dia, sim senhor

 

  1. Star City.
  2. Bar do Biu.
  3. Bolinha.

 

Comida dos imigrantes na Mooca profunda, meô!

 

  1. Hospedaria.
  2. Di Cunto.

 

O Amazonas é aqui, com direito a formiga na comida

 

  1. Banzeiro.

 

Banquete sertanejo para comer até morrer

 

  1. Galinhada do Bahia.

 

Para entender a tradição da pizza paulistana

 

  1. Castelões.
  2. Speranza.
  3. São Pedro.
  4. Bráz.

 

Comida mineira e cachacinha… só falta a rede para dormir depois

 

  1. Consulado Mineiro.

 

O curioso cruzamento entre as cozinhas japonesa e paraense

 

  1. Lamen Açu.

 

 

Bufê caprichadão em pontos turísticos de SP

 

  1. Santinho (Museu da Casa Brasileira, Instituto Tomie Ohtake e Theatro Municipal).

 

Uma casa do sertão do Seridó, no Rio Grande do Norte

 

  1. Jesuíno Brilhante.

 

O lugar que tornou a cozinha do Nordeste mundialmente famosa

 

  1. Mocotó.

 

Bahia que não me sai do pensamento 

 

  1. Sotero.
  2. Tabuleiro do Acarajé.

 

Galeto, vingrete, farofa e polenta como antigamente

 

  1. Brazeiro.

 

O improvável combo: frango à passarinho + pizza de massa fina

 

  1. Camelo.
  2. Monte Verde.

 

Clássicos de todo o Brasil com pompa e circunstância

 

  1. Tordesilhas.
  2. Dalva e Dito.

 

(Intervalo para o recado do nosso patrocinador. Siga e curta a Cozinha Bruta nas redes sociais.  Acompanhe os posts do Instagram, do Facebook  e do Twitter.)

 

Onde a velha guarda das cantinas paulistanas sobrevive

 

  1. Gigio.
  2. Roperto.

 

O Piauí muito bem representado

 

  1. Fitó.

 

Mega-padoca 24 horas, essa coisa tão paulistana

 

  1. Bella Paulista.
  2. Galeria dos Pães.

 

Hambúrguer old school de São Paulo, onde o chapeiro é majestade

 

  1. Seu Oswaldo.
  2. Achapa.
  3. Burdog.
  4. Oregon.
  5. Hobby.

 

Compêndio da culinária sulista, com pratos do Paraná, Santa Catarina e rio Grande

 

  1. Quintana.

 

Vale do Jequitinhonha, onde a Bahia encontra Minas Gerais

 

  1. A Baianeira.

 

Churrasco tão gaúcho que é quase argentino (ou uruguaio?).

 

  1. Leôncio.
  2. El Pampero.

 

Chapada Diamantina sem gastar a sola da bota

 

  1. Casa de Ieda.

 

A inusitada culinária nipo-sul-matogrossense

 

  1. Sobaria.

 

A farta mesa dos colonos italianos da Serra Gaúcha

 

  1. Galeto di Paolo.

 

Cardápio pan-brasileiro com criatividade

 

  1. Jiquitaia.
  2. Balaio IMS.
  3. Arimbá.
  4. Mandioca Cozinha.
  5. Vista.
  6. Micaela.

 

Pizza de balcão é SP na veia

 

  1. Real.
  2. Palmeiras.

 

Carne na brasa sem frescura e sem miséria

 

  1. Sujinho.
  2. Esquina Grill do Fuad.

 

Um posto avançado do Rio no lado oposto da via Dutra

 

  1. Pirajá.

 

Ceará, camarão e ar-condicionado

 

  1. Coco Bambu.

 

Se você não vai ao Pará, o Pará vem até você

 

  1. Amazônia.
  2. Amazônico.

 

Tradição cantineira renovada e o melhor pão italiano

 

  1. Basilicata.

 

Enfim… aqueles que não poderiam faltar

 

  1. O bauru do Ponto Chic.
  2. O sanduíche de mortadela do Bar do Mané.
  3. O pastel de bacalhau do Hocca Bar.
  4. Bar Brahma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O açougue das paixões perdulárias https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/11/30/o-acougue-das-paixoes-perdularias/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/11/30/o-acougue-das-paixoes-perdularias/#respond Sat, 30 Nov 2019 05:00:23 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/malpassado-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1867 Renata e Maurício celebravam 10 anos de casados. Ele preparou uma surpresa e tanto para a mulher. Deu-lhe uma caixa enorme, embrulhada em papel-presente, que Renata dilacerou com entusiasmo.

– O que é, mozão? Dá para sentir que é leve. Um vestido?

Dentro da caixa, ela só encontrou um monte de bolinhas de isopor e, lá no fundo, um bilhete que dizia: “A menor caixa da menor gaveta”.

– Ahhhhh, Mau! Que fofo! Fazendo charadas!

Renata matutou e deduziu: a menor gaveta da casa estava na mesinha de cabeceira da sua cama. Correu para o quarto em frenesi. Afoita, abriu a gaveta e encontrou um pequeno estojo que não estava lá antes.

– Não a-cre-di-to! Uma pedra! Uma joia! Um anel!

Sem abrir a caixinha, Renata agarrou Maurício e começou a enchê-lo de beijos.

– Você é o melhor mozão do mundo! Te amo demais, Mau!

Imóvel, ele falou calmamente:

– Abra a caixa, Rê.

Ela obedeceu. Lá dentro não tinha nenhum diamante. Bulhufas de anel. Necas de pitibiriba de pingente.

Só havia outro bilhete. Meio decepcionada, Renata leu a mensagem: “A bagagem que você leva para o Sol.”

Ela ficou confusa. Demorou a entender, mas entendeu.

– Mau-Mau, meu lindo! Sol! Praia! Viagem! Para onde vamos? Bora-Bora? Ilhas Gregas? Sardenha?

Maurício não disse palavra e manteve a cara de paisagem. Enquanto isso, Renata revirava sua gaveta de biquínis e maiôs. Nada ali. Coçou a cabeça e pôs-se a pensar.

– A nécessaire com os cosméticos que eu levo para a praia!

Abriu o estojo e achou outro bilhete: “onde a brisa gelada mantém o frescor do nosso amor.”

Renata já estava francamente aborrecida. Mas tentou não demonstrar. Sem sucesso.

– É a geladeira, né? Aposto que tem outro bilhete lá.

Maurício apenas estendeu o braço na direção da cozinha, indicando o caminho.

Ela abriu o freezer, mas só encontrou as refeições que a “secretária” prepara para a família e congela. Muxoxo. Talvez na parte de baixo.

Entre potes de iogurte e bandejas de peito de peru, ela viu uma caixa de bom tamanho, toda em madeira de lei. Pegou-a e verificou que a tampa tinha um entalhe com um coração e as iniciais “RM”. Seu coração palpitou.

– Seu louco! Não é possível.

Maurício assentiu com a cabeça. Ela abriu a caixa e arregalou os olhos. Ficou atônita com o que viu. Começou a gritar e pular pela cozinha, como uma criança que ganha a primeira bicicleta.

– Uma picanha!!! Você não se endividou para comprar, né?

Maurício sorriu e falou, meio envergonhado:

– Eu queria te dar um ancho de wagyu, mas este ano está meio devagar lá na empresa…

Ela deu um beijo estalado no marido.

– Não se preocupe, amor! Eu sei bem os perrengues que você passa com a merreca de R$ 33 mil que aquele muquirana do Toledo te paga.

Ele olhou para baixo.

– Verdade, Rê. Mas você merece o mundo!

Levantou o rosto e falou com firmeza:

– Eu te prometo, amor: os 15 anos a gente vai comemorar numa churrascaria rodízio!

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Só o pão de queijo pode unir o Brasil https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/10/16/so-o-pao-de-queijo-pode-unir-o-brasil/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/10/16/so-o-pao-de-queijo-pode-unir-o-brasil/#respond Wed, 16 Oct 2019 09:00:48 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/pdq-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1779 Semana passada, numa conversa com um chef topzerérrimo, tivemos a seguinte discussão: por que a cozinha brasileira não emplaca no exterior?

O chef apresentou um argumento interessante: o Brasil não possui um prato nacional, um ícone, um símbolo, um objeto de trabalho para os marqueteiros.

O tal prato deve preencher uma série de requisitos:

  1. Ser encontrado facilmente em qualquer parte do país;
  2. Ter tipicidade, algo que o diferencie de similares feitos em outros países;
  3. Ser replicável em outros países;
  4. Por último, mas não menos importante: agradar ao paladar estrangeiro.

O Peru fez um golaço com a promoção do ceviche. É uma preparação muito simples –não precisa nem de cozimento– e de fácil adaptação. Com um bom peixe, suco de limão, cebola e coentro, você tem ceviche. Não interessa que toda a costa pacífica da América Latina tenha o ceviche: o Peru fincou sua bandeira antes dos outros.

Os Estados Unidos têm o hambúrguer, que satisfaz perfeitamente todos os requisitos (se me disserem que ele foi inventado na Alemanha, eu respondo com um bocejo).

Portugal e o bacalhau (em suas múltiplas receitas) são tão conectados que os órgãos turísticos do país se esforçam para dizer ao mundo que há outras comidas por lá.

Sushi no Japão. A Itália tem um punhado: pizza, espaguete, lasanha. A França, então, nem precisa de UM prato nacional: ela representa a compilação e a ordenação das técnicas culinárias, permeando tudo o que é feito nas cozinhas profissionais hoje em dia.

E o Brasil? A gente não peca pela qualidade da comida típica nem pela falta de tipicidade, mas falta algo que una o país todo.

 

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Vamos aos postulantes:

 

Churrasco

É o que mais faz sucesso lá fora, porém sua expansão internacional encontra alguns obstáculos. Churrasco, ou carne na brasa, é uma modalidade de comida universal. Os argentinos estão numa briga feroz conosco pela hegemonia do churrasco na América do Sul. A excelência do churrasco brasileiro está relacionada ao Rio Grande do Sul, um pedaço de terra insignificante em relação ao país todo (assim como SP ou RJ). E o churrasco brasileiro é mais famoso pelo método de serviço –o rodízio “comer até morrer”– do que pela comida em si.

 

Brigadeiro

Falemos sério. Próximo.

 

Feijoada

É, de alguma forma, nosso prato nacional. O Brasil todo come e gosta, com poucas variações nas receitas regionais. Mas é muito difícil de reproduzir no exterior, por causa dos embutidos e da farinha de mandioca. E não cai no gosto de todos os estrangeiros –a aparência e a presença de pé, rabo e orelha de porco contribuem para um alto índice de rejeição.

 

Arroz com feijão

Ao contrário da prima feijoada, tem aceitação universal. O Brasil todo faz e come. Só que não chega a constituir um prato. É, menos do que isso, um acompanhamento. Assim como a farofa, por sinal.

 

Moqueca

Os gringos a adoram, mas sua presença é restrita ao litoral e áreas banhadas por grandes rios. No interior interno profundo, peixe é luxo. Além disso, o preparo da moqueca –tanto a baiana quanto a capixaba e as outras versões– exige panelas próprias de barro.

 

Sobra pouca coisa. O resto é culinária regional.

O pão de queijo, entretanto, poderia ser elevado à categoria de prato de exportação.

É adorado no Brasil inteiro. Faz tempo que deixou de ser uma curiosidade regional mineira.

Todo mundo adora.

As adaptações de amido e tipos de queijo permitem a reprodução da receita sem grandes perdas. Além disso, misturas prontas (prefiro adaptar) já têm alcance global.

Falta dar um impulso na tipicidade e no sex-appeal do pão de queijo. Quase toda a América do Sul faz pães de amido de mandioca.

Minha proposta é avançar na trilha que já está sendo explorada por gente como a Manuelle Ferraz, da Baianeira, e Talita Barros, do Conceição Discos. Usar o pão de queijo como base para sanduíches de caráter 100% brasileiros.

Os colombianos fizeram isso com as arepas.

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Um presidente que palita os dentes na Churrascaria Presidente https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/06/01/um-presidente-que-palita-os-dentes-na-churrascaria-presidente/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/06/01/um-presidente-que-palita-os-dentes-na-churrascaria-presidente/#respond Sat, 01 Jun 2019 05:00:26 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/presidente-320x213.jpeg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1504 “Posto e Churrascaria Presidente, um Amigo na Estrada.” Pô, vocês são muito top para escolher o almoço. Vai ser um almoço presidencial, kkkkk. Pescaram?

Como chama mesmo esta cidade? O quê? Patópolis? Ah, Anápolis. É Goiás? Caiado! Você, que é daqui, me responde uma coisa: por que sertanejo só faz música de corno? Kkkkkkkkk.

Mas olha que lugar bacana. Eu sempre digo: o melhor churrasco é o rodízio de beira de estrada. Não tem shushi, temax, semexe, essas coisas que só japonês come. Não mata a fome, é muito pequeno.

Japonês. Pequeno. Kkkkkkkk. Entenderam?

Olha só, tem até aquela gelatina cor-de-rosa de mocotó. Tarcísio, me lembra na saída de comprar uma pro zero-dois, talquei? E também aquela balinha de leite que gruda no dente. A última que eu comi me fez engolir a restauração, kkkkkk. O pior foi a saída. KKKKKKKK!

Rá, e aquilo ali? Tem um monte de cachaça. Catuaba, vermute, velho barrento. Aí, sim. O caminhoneiro já sofre com o estresse e o preço do frete. Vão implicar até com a pinga que ele toma para relaxar? Tem que mudar isso aí. Tarcísio, depois me lembra de fazer um decreto sobre isso aí, talquei?

Vocês tão de sacanagem comigo. Mesa na porta do banheiro? Caiado! Você, que me trouxe aqui, vai sentar na porta. Sentindo o perfume de mijo de macho, kkkkk.

Falando em macho, quequeisso aqui? Só tem cueca nessa mesa! Ah, são os caminhoneiros. Querem falar comigo? Só digo uma coisa para vocês, amigos da estrada: se tiver arma, é para usar, talquei? Agora cuida deles, Tarcísio. Preciso dar de comer para a lombriga.

Chefia! Amizade! Garçom, porra, vem aqui! Mas ninguém me obedece nessa bagaça!

Amigão, eu gosto da carne sangrando. Quase mugindo, talquei? E não vai esconder a picanha na cozinha. Aproveita e traz uma Coca de dois litros. Não tem? Traz o que tiver, então.

Que beleza este bifê. Feijão tropeiro, mandioca… falta um belo salpicão. Mas tem dois tipos de arroz. No fim das contas, a gente enche a pança de arroz.

Gostei dos garfos de cabo de plástico. Não é como aqueles lugares frufru. Faz a gente se sentir em casa. Chefia, manda mais picanha aqui!

Sobremesa? Talquei. Dá para fazer um pão com leite condensado? Ah, usaram tudo no doce de leite? Manda aí, então. Hum, não gostei. Come aí, Caiado.

Tô quase explodindo! Esse cupim deixou um monte de fiapo no meio dos dentes. Alguém me passa os palitos, fazendo o favor? Obrigado, queridão. Um queridão hétero, talquei? Kkkkkkkkk.

Vocês já perceberam como os lugares de fresco não botam mais o palito de dente na mesa? Tem que mudar isso aí, talquei?

Na segunda, vou assinar um decreto: palito obrigatório em todo o Brasil.

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Hambúrguer não dá em árvore: ele é um boi morto https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/23/hamburguer-nao-da-em-arvore-ele-e-um-boi-morto/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/23/hamburguer-nao-da-em-arvore-ele-e-um-boi-morto/#respond Sat, 23 Feb 2019 05:00:40 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/frankcharles-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1255  

Quando eu tinha 4 ou 5 anos, fiquei extático ao ver um limoeiro carregado. Corri para avisar ou outros: “Pai! Mãe! Achei uma árvore que vende limões!”. O episódio virou piada eterna na minha família –ou não mais, já que o pai morreu, a mãe está senil, e briguei com os demais parentes nas eleições.

Eu era apenas mais uma criança que enxergava o mundo como um gigantesco supermercado.

Daquele tempo para cá, situação só piorou. A comida chega magicamente à porta de casa, quando a mamãe encosta no smartphone.

Em contrapartida, existe um movimento relevante de pessoas que buscam conhecer a origem do alimento. Tornou-se praxe, nos restaurantes ilustrados, identificar a procedência dos ingredientes: queijo da Serra do Curió, bacon artesanal da salumeria Carcamani, café da Fazenda Curupira.

Todos querem saber de onde vem a comida, mas muitos fazem de tudo para não saber o que ela é. Em especial quando se trata de proteína animal –o apelido eufêmico das carnes.

Se árvores não vendem limões, elas tampouco dão hambúrgueres. Toda carne é um pedaço de um animal morto, e tem gente que não suporta essa imagem.

Vegetarianos usam o termo “cadáver”, altamente apelativo. Eu, contudo, preciso admitir que faria o mesmo se estivesse na posição deles.

Piores são as pessoas que comem carne, mas fogem da responsabilidade sobre a morte de um animal.

Meu pai fazia assim. Admiro o velho por inúmeras coisas, mas não por esse traço de sua personalidade.

Se a churrascaria tinha fotos de bois na parede, ele quase passava mal. Quando voltávamos do mercado com 5 quilos de contrafilé, minha mãe ia limpar sebos e pelancas: o pai fechava a porta da cozinha e lá não entrava até que o serviço estivesse acabado.

Assim como ele, há muitos que comem o filé do frango, mas não a coxa que grita nas nossas fuças: “Isto é uma galinha”.

Eu não teria a coragem de matar a minha própria comida, como fazem alguns radicais abilolados. Sempre fui o carnívoro bundão que só conhece a picanha embalada a vácuo.

Para mitigar meu desconforto burguês, fui conhecer 2182.

O boi 2182 era um indivíduo de 681 dias que eu vi ser abatido em Ipuã, no norte do estado de São Paulo. Filho de uma vaca nelore com um touro angus australiano, passou a maior parte de seus quase dois anos de vida em Nhandeara, também no interior paulista.

Vi 2182 entrar no brete, levar um tiro de ar comprimido na testa, ser descourado e desmembrado. Alguns dias depois, recebi em casa nacos da paleta e do lombo de 2182.

Gostei de assistir ao abate? De modo algum. Mas aprendi um montão. Cada fatia de salame, cada coxinha que a gente come significa a morte de pelo menos um animal. É covardia ignorar tal fato.

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Linguiça de crianças humanas: isso tá ok? https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/01/03/linguica-de-criancas-humanas-isso-ta-ok/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/01/03/linguica-de-criancas-humanas-isso-ta-ok/#respond Thu, 03 Jan 2019 16:14:18 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/lingui-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1127 Numa caminhada pelas ruas escaldantes da Praia do Canto (uma espécie de Leblon de Vitória, ES), me deparei com uma churrascaria hipster cheia de placas com dizeres supostamente engraçados.

Este me chamou a atenção: “Crianças desacompanhadas serão vendidas como linguiça”. Tirei foto. A qualidade da imagem é péssima. Não vou postá-la aqui: você pode ver a placa nos meus perfis de Instagram, Facebook e Twitter.

Tenho certeza de que o dono do restaurante –a filial de Vitória de uma casa de Vila Velha chamada Alcides Carnes y Tragos– não é sério em sua intenção, mas também posso apostar que ele não é um grande apreciador das estripulias infantis. Olha que coisa, eu também não sou. Fico irritadíssimo com crianças correndo sem controle em espaços públicos.

Isso não me impede de sentir incomodado com a imagem mental de meu filho de 6 anos sendo triturado por uma máquina de moer carne. Não que eu esteja pessoalmente ofendido (coisa de “floquinho de neve”, segundo um comentarista das redes sociais). Apenas acho a placa inadequada a um restaurante que recebe vários tipos de público. E que serve linguiça, por sinal.

A piada do churrasqueiro é de um mau gosto atroz. É só trocar “crianças desacompanhadas” por “argentinos” para termos uma manifestação inconteste de xenofobia.

O Alcides de Vitória não está sozinho em seu senso de humor peculiar. Em São Paulo, o Underdog já causou nas redes sociais por causa de uma plaqueta de tom substancialmente mais ameno: “Aqui seu cão é bem-vindo!!! Mas crianças favor amarra-las ao poste.” A pontuação e a acentuação são obras do autor.

O meu post no Instagram também repercutiu um pouquinho. As manifestações, em sua maioria, foram em defesa do churrasqueiro capixaba.

“Vou virar freguesa”, me escreveu a colega e amiga Mariliz Pereira Jorge, grande treteira da internet. “Pare de ser imbecil. Escreve sobre comida!”, ordena outro leitor.

Parte da fúria dos instagrameiros se deveu à legenda da foto: “O senso de humor ‘politicamente incorreto’ da era Bolsonaro.”

Um terceiro comentarista do Instagram sentencia: “Se forçar mais, caga. O que tem o Bolsonaro a ver com a piadinha?”.

Aparentemente, muitos dos fãs do Alcides são opositores do presidente. Gabriela Brum, a gerente, faz posts de claro pendor esquerdista em sua página de Facebook. E daí?

Quando falo da “era Bolsonaro”, eu me refiro ao espírito do tempo. Libertamos um punhado de demônios que não serão trancados tão cedo. A agressividade está aflorada, e os limites têm sido insistentemente testados.

Bolsonaro é só uma materialização destes tempos retrógrados. O problema real é o colapso da civilidade.

Falemos de senso de humor: é feito bunda, cada um tem o seu. Eu considero a piada da linguiça francamente ruim. Só tem graça para aquele sujeito que assistiu aos “Simpsons” sem captar que se trata de uma sátira de costumes –e tomou o Homer como modelo de comportamento. É tosca.

Falemos de crianças em restaurantes: penso que os donos deveriam poder proibi-las quando quisessem. Há hotéis que o fazem. Extremamente antipático, na minha opinião, mas compreendo. Existem ocasiões e lugares em que crianças de fato importunam. Só não acho aceitável admiti-las e tratá-las mal.

Falemos agora de liberdade de expressão: não defendo a censura da placa que sugere linguiça de criança. O cara tem todo o direito de fazer a piada que quiser, onde quiser. Assim como eu também tenho o direito de expressar a minha opinião.

OUTRO LADO

Segue abaixo a resposta da gerente Gabriela Brum:

“Nós trabalhamos com essa proposta irreverente e casual a mais de 3 anos. Obviamente, não vamos fazer nada c as crianças. Essa placa, como tantas outras, é uma piada. Crianças são bem vindas e nós as adoramos.
Entendemos que muitas pessoas não se adaptam a nosso tipo de marketing, porém estamos c esse trabalho há um tempo já e alcançamos um público que adora nosso modo irreverente.
Não temos relação com nenhum partido ou candidato, trabalhamos com carnes, piadas e excelente atendimento e não com filiações partidárias ou ideológicas.”
 

 

 

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7 truques para fazer churrasco de verdade no apartamento https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/11/13/7-truques-para-fazer-churrasco-de-verdade-no-apartamento/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/11/13/7-truques-para-fazer-churrasco-de-verdade-no-apartamento/#respond Tue, 13 Nov 2018 12:24:46 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/churras-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=983 Hoje a Cozinha Bruta completa 1 ano na Folha de S.Paulo. Foram 4 milhões de visitas ao blog e 2,4 milhões de usuários conectados. Estou alegrão com os resultados.

Dando início às comemorações, reedito o primeiro post que fiz para o jornal.

O tema é: churrasco em apartamento.

Continuei pesquisando e testando coisas no decorrer do ano. Também surgiram algumas novidades no mercado. Então tem coisa bacana aí embaixo.

 

Compre uma grelha japonesa de cerâmica

Saiba tudo sobre isso clicando aqui.

 

Ou tente usar carvão

Foi como eu comecei a brincar de fazer churrasco em casa. Você vai precisar de uma panela larga de ferro fundido (a minha é esta aqui) para acomodar o carvão e resistir ao calor das brasas.

A carne vai em cima de uma grelha, que pode vir de uma churrasqueira portátil, de uma assadeira ou mesmo do forno do fogão. Eu uso uma tela de esfriar bolo que se encaixa direitinho na minha panela. Não adianta, tem que improvisar e achar o que é melhor para você.

Este método tem a vantagem de dar mais sabor autêntico de churrasco à carne. E algumas desvantagens: faz mais fumaça, faz mais sujeira, é bem menos prático. Você pesa os prós e os contras.

Para acender a churrasqueira improvisada, você pode encharcar o carvão com álcool ou simplesmente deixar a panela sobre a chama do fogão – o que demora meia hora ou mais para dar resultado.

 

Dá até para brincar com madeiras para defumar

Pelo menos em São Paulo, os açougues mais metidões agora vendem uma variedade razoável de madeiras para defumação de carnes: carvalho de barris de uísque, macieira, laranjeira, noz pecã.

Você pode comprar também uma caixinha para acomodar as lascas de lenha.

Há dois métodos possíveis para defumar a carne num apartamento. Com a caixa de aço inox: deposite a caixa no fundo da panela (sem carvão), use fogo bem baixo, tampe a panela e deixe a carne defumar por uma hora ou mais, dependendo do tamanho da peça. Ou você pode simplesmente espalhar umas lascas no meio das brasas para dar um aroma diferente ao churrasco.

 

PAUSA PARA O MERCHAN: agora você tem receitas exclusivas da Cozinha Bruta no Instagram. Acompanhe também os posts do Facebook  e do Twitter.

 

Compre uma coifa decente

Fumaça é indispensável para um bom churrasco. Qualquer churrasqueira que prometa não fazer fumaça também não faz churrasco. Há de se lidar com isso. Para diminuir o fumacê invista numa boa coifa. Depuradores, lamento informar, são absolutamente inúteis.

 

Forre o fogão

A grelha japonesa, em particular, deixa pingar gordura sobre o fogão. Forrar a boca do gás com lâminas de papel-alumínio vão te poupar um trabalhão na limpeza.

 

Use carnes magras para fazer menos fumaça

Se a fumaça é um grande problema para você –ou para os coabitantes do seu apartamento–, use carnes magras. Filé mignon de boi ou de porco, fraldinha limpa, miolo de alcatra.

Como esses pedaços têm menos gordura, também têm menos sabor e ressecam com facilidade. Tempere-os com algo além do sal grosso ou sirva-os com algum molho. E não deixe a carne passar do ponto.

 

Brinque de fazer molhos

Um bom vinagrete vai bem. Chimichurri, melhor ainda. Tome esta receita.

 

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