Cozinha Bruta https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau) Mon, 13 Dec 2021 21:07:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Até 70% dos restaurantes e bares devem fechar por causa do coronavírus https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/03/17/ate-70-dos-restaurantes-e-bares-devem-fechar-por-causa-do-coronavirus/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/03/17/ate-70-dos-restaurantes-e-bares-devem-fechar-por-causa-do-coronavirus/#respond Wed, 18 Mar 2020 00:04:18 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/veneza-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2094 A situação nunca esteve tão feia. Nunca, pelo menos, no quase meio século que eu carrego nas costas. Não é hora para piada, não é hora para gracinha.

A epidemia do coronavírus pegou em cheio o setor da alimentação. Um passarinho me contou que até 70% dos restaurantes e bares do Brasil devem fechar por causa da doença. No limite, 100% do setor podem ficar paralisados por forças da lei.

Claro que o estrago atinge a economia como um todo, mas pega inicialmente o setor de serviços. Especialmente as atividades em que há interação direta entre o fornecedor e o cliente.

Massagistas, dentistas, pintores, pedreiros, cabeleireiros, calistas, dentistas, eletricistas, encanadores, faxineiros, manicures, personal trainers, barbeiros, taxistas, motoristas de aplicativo, comerciantes em geral e até médicos de certas especialidades vão sentir fortemente o impacto da pandemia.

Vamos falar de restaurantes e bares, obviamente, porque este é um blog sobre comida. E porque bares e restaurantes, por mais que os adoremos, são serviços supérfluos. São as primeiras despesas a cair quando o cinto aperta.

Tenho acompanhando posts de restaurantes nas redes sociais. Alguns já se resignaram e decidiram fechar, a atitude mais sensata. Outros anunciam medidas como o reforço na limpeza e o maior espaçamento entre as mesas.

Infelizmente, não é uma boa ideia comer em restaurantes nestes tempos. Não dá para dizer que é seguro.

A possibilidade de contágio é enorme, nas duas mãos de sentido.

Muito melhor comer em casa. Ficar em casa. Só sair se for absolutamente necessário.

Cuide-se. Proteja seus velhos.

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As 7 piores humilhações do pobretão num restaurante de luxo https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/11/04/as-7-piores-humilhacoes-do-pobretao-num-restaurante-de-luxo/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/11/04/as-7-piores-humilhacoes-do-pobretao-num-restaurante-de-luxo/#respond Mon, 04 Nov 2019 14:01:19 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/gordomagro-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1829 Aniversário de casamento, aquele aumento merreca ou qualquer outra bobagem são motivo para o ser humano despossuído de bens materiais se achar no direito de frequentar um restaurante de luxo.

É uma cilada.

Você não vai se divertir. Você vai sofrer.

Não vou falar do valor da conta –seria óbvio demais. Há coisas mais sutis para perturbar a paz de um pobretão que ousa frequentar um restaurante besta.

 

O manobrista que tem nojinho do seu carro

Você chega todo pimpão com seu pois-é e o entrega para o manobrista. O cidadão, acostumado a manobrar Porsches e Ferraris, faz uma breve perícia na fuselagem do veículo –pobre não conserta lataria amassada. Depois passa o dedo nas camadas de poeira e descobre que o carro não é bege –é branco. Só falta buscar luvas e máscara cirúrgicas para não se contaminar com tanto desleixo automotivo.

 

A hostess atônita

“Pois não?”, pergunta a top model na entrada do restaurante. Ela tem a certeza de que você entrou pela porta errada. Quando você diz que tem uma reserva, ela engole em seco com desgosto e procura seu nome numa folha de papel. E não encontra, obviamente. Você começa a se irritar e pede para ela olhar outra vez. “Ah, está aqui, como pude não ver?” Soltando fumaça pelas ventas, ela conduz o seu grupo até a mesa ao lado do banheiro masculino.

 

O guardanapo que escorre da perna

Aqui se presume que todos saibam que restaurantes caros têm guardanapos de pano, e que guardanapos de pano são feitos para ficar o jantar todo no colo. Limpar a boca? Deixe de ser pobre e aprenda a comer sem sujar a boca.

Em certos restaurantes, o guardanapo é feito de um tecido tão nobre, tão bom que não adere ao tecido da calça mequetrefe que eu tiro do armário para ir a certos restaurantes.

Resultado: o tal guardanapo fica o jantar todo caindo no chão, suscitando a aparição dos garçons-fantasmas com outros guardanapos na mão.

 

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O silêncio

Quando há música, é tão baixa que você não entende o que está tocando. As pessoas sussurram. Quando você derruba um talher, é como o sino da igreja anunciando a missa do galo. Se alguém quebra uma taça, soa como uma tempestade de vento e trovão. Se algum infeliz deixa escapar gases, são as trombetas do Apocalipse anunciando o fim dos tempos. Melhor evitar.

 

O cardápio cifrado

Restaurantes bestas –não necessariamente os mais luxuosos– adoram cardápios enigmáticos, com descrições que mais confundem do que elucidam.

“Cordeiro, pastinaca, vapor de camomila.”

Atum, caramelo, pó de pipoca”

Porco, melancia, sal de especiarias do Cáucaso”

Os garçons estão sempre a postos para explicar –ou fingir explicar. A sua imagem mental da comida nunca vai corresponder ao prato que vem à mesa. Essa é a diversão da equipe do restaurante: observar a decepção em seu semblante.

 

O garçom onipresente e onisciente

Só falta a onipotência para os ditos ganharem natureza divina. De resto, são sobrenaturais. Aparecem com água mineral sempre que você sente sede. Completam o vinho a cada gole sofrido –você tenta beber devagarinho para a garrafa demorar a acabar, mas eles não deixam. Trazem a conta no momento em que você se tortura ao antecipar a fatura do cartão de crédito.

 

O sommelier que bebe do seu vinho

Tenho formação de sommelier (de cerveja, vá lá) e sei da importância do trabalho desse profissional. Mas dói, dói muito ver o funcionário do restaurante servir para si mesmo uma dose daquele vinho que você não tem dinheiro para pagar. Dependendo do preço da garrafa, dá vontade de voar no pescoço do distinto trabalhador.

 

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7 truques de restaurantes para enrolar o cliente https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/10/29/7-truques-de-restaurantes-para-enrolar-o-cliente/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/10/29/7-truques-de-restaurantes-para-enrolar-o-cliente/#respond Tue, 29 Oct 2019 14:26:39 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/IMG_1454-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1812 Está tudo dentro da lei e da normalidade democrática. Mas que dá uma raivinha, dá.

 

Sugestão do garçom

Não me refiro aos pratos do dia, anunciados no cardápio ou em alguma tabuleta. Esses aí fazem parte da programação da operação do restaurante, que busca ordenar e simplificar os processos.

O problema é quando o cliente pede um conselho ao garçom, como se o funcionário do lugar fosse seu amigo confidente. Carne ou peixe? Lasanha ou nhoque? O que o senhor me sugere? A resposta sempre será: “O [prato sugerido] está fantástico hoje”. O que significa: “O [prato sugerido] encalhou na cozinha e pode não estão tããããão fresco assim”.

 

Louça grande demais

Expediente de restaurantes por quilo. Um prataço do tamanho de um campo de futebol sempre vai parecer meio vazio. E aí você vai pegando comida até ocupar os espaços em branco. No final, a dolorosa surpreende.

 

Louça pequena demais

Expediente do café da manhã em hotéis, onde o cliente se serve à vontade no bufê. Pratinho para a comida, copinho para o suco. A pessoa acaba comendo e bebendo menos do que se a louça fosse de tamanho normal.

 

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Pão de queijo da churrascaria rodízio

O cliente é acomodado à mesa. Os garçons com espetos estão ao seu redor, mas não param por ali. Antes deles, chegam polenta, batata, pastéis, coxinhas, bolinhos de queijo, croquetes, pão, vinagrete, farofa –e, claro, um pão de queijo delicioso, tão bom que o indivíduo come uma dúzia.

Quando a carne começa a ser servida, metade da fome já se foi.

 

A picanha fantasma

Ainda na churrascaria rodízio, a picanha só faz sua breve aparição depois da linguiça, do coraçãozinho, da sobrecoxa, da costelinha de porco, do cupim, da alcatra, da fraldinha e da maminha. O abnegado que guarda sua fome para a picanha leva uma canseira danada dos garçons.

 

Chute nas bebidas

É a prática em qualquer lugar: a margem na bebida é o que dá lucro. Os maiores vilões não são o vinho e a cerveja –por serem caros, é comum que o cliente cheque os preços antes de pedir. O ralo de dinheiro está na água, nos sucos, no refrigerante e no cafezinho. Ninguém olha o valor no cardápio antes de pedir o cafezinho.

 

Porções gigantes e caras

Essa é uma praga típica do Rio de Janeiro. Muitos restaurantes tradicionais daqui vendem apenas porções para duas pessoas, que servem três e custam o valor de uma porção para quatro. Não fazem meia-porção, o que dificulta o pedido do cliente solo ou de grupos de pessoas que não querem rachar os mesmos pratos. A mesa acaba por pedir comida demais, pagar uma dinheirama e entregar o marmitex com as sobras para um dos sem-teto que fazem plantão na porta do restaurante.

 

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Se você sonha em ter restaurante, repense: até o Jamie Oliver quebrou https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/05/21/se-voce-sonha-em-ter-restaurante-repense-ate-o-jamie-oliver-quebrou/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/05/21/se-voce-sonha-em-ter-restaurante-repense-ate-o-jamie-oliver-quebrou/#respond Tue, 21 May 2019 18:24:34 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/jamie-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1480 Deu ontem em todo lugar: as redes de restaurantes do chef-celebridade Jamie Oliver entraram em recuperação judicial. Se você quiser saber mais da história, clique aqui.

Meu ponto é outro. Se nem o Jamie Oliver conseguiu manter uma rede de restaurantes, por que tem tanto mané achando que vai ganhar dinheiro fácil nesse setor? Eu acho que as receitas dele –pelo menos no Jamie’s Italian de São Paulo– têm gosto de comida de avião. Mas isso, na real, pesa muito pouco para o sucesso do negócio.

Existem algumas peculiaridades no caso de Jamie. Em especial, a escala do negócio e as condições específicas do mercado inglês, abalado pela incerteza do Brexit. Mas restaurante é restaurante. É um negócio cruel.

Mais de metade dos restaurantes quebram no primeiro ano de operação. Muitas coisas podem dar errado. A ver:

 

A incompetência dos sócios

Vale para qualquer tipo de negócio, mas o falso glamour do ramo dos restaurantes atrai muita gente sem noção de nada.

Custo fixo e receita flutuante

Despesas como aluguel e contas de consumo caem todo mês, sem choro nem vela. Já a frequência do restaurante flutua por motivos às vezes insondáveis. Chuva, feriados e até mesmo o capítulo final de uma novela podem afetar o movimento. Não dá para fazer uma previsão muito certeira de faturamento.

Despesas inesperadas

Estoura um cano, pifa o forno combinado, queima o sistema de ar-condicionado. Restaurante é um negócio em obra contínua. E isso consome o dinheiro que o dono esperava embolsar no fim do mês.

Margem de lucro reduzida

O pessoal reclama dos preços praticados nos restaurantes, mas, quase sempre, o dinheiro que entra mal dá para cobrir as despesas do mês. O problema costuma ser maior nos lugares de alta gastronomia (os mais caros).

Rotatividade da mão-de-obra

Gente que trabalha em restaurante é, na maioria dos casos, gente que não sabe muito bem o que quer da vida. Quando esse povo é posto à prova numa rotina insana de trabalho, vários pedem o penico. No meio do serviço, de vez em quando.

Furtos

O troca-troca de funcionários faz com que o dono acabe sem conhecer muito bem as pessoas que ele mesmo contrata. Roubos de alimentos do estoque e mesmo de grana do caixa são fato comum no setor.

Dívidas

Foi o que matou Jamie. Quando um restaurante pega dinheiro no banco, passa a trabalhar para o banco. Zé fini.

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Prêmio para restaurante tem o peso de uma maldição https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/05/08/premio-para-restaurante-tem-o-peso-de-uma-maldicao/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/05/08/premio-para-restaurante-tem-o-peso-de-uma-maldicao/#respond Wed, 08 May 2019 05:00:22 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/fasano1-320x213.jpeg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1446 O colunismo gastronômico se alimenta de factoides. O desta semana, um dos mais importantes do ano, foi a edição 2019 do Guia Michelin, que classifica restaurantes de São Paulo e do Rio com até três estrelas.

Gritou-se muito nas redes sobre a queda dos restaurantes Fasano e Dalva e Dito –cada qual perdeu sua estrela solitária. Sei lá. Parece papo de ressentido. Vejo a coisa da seguinte forma: Rogério Fasano e Alex Atala são produtos dos anos 1990. Não vão continuar no topo para sempre. É a ordem natural das coisas.

Eu tenho as quatro patas atrás para essas premiações. Vale para restaurante, vinho, cerveja, qualquer coisa. Primeiro, não existe critério objetivo possível para se determinar o melhor da cidade (do país, do mundo) nisso ou naquilo. Vai do gosto do juiz.

Segundo, ser agraciado com um desses prêmios tem o peso de uma maldição. O sujeito nunca mais poderá ser o mesmo de antes.

Assim que a notícia se espalha, a procura aumenta. A tentação de aumentar os preços é quase irresistível –até porque ajuda a segurar a demanda. Expandir o negócio? Talvez, mas será que vale contratar um empréstimo? Muita gente arrebenta a fuça nessa história.

Eu temo principalmente pelos calouros da categoria “bom e barato”. No Guia Michelin, eles se chamam “Bib Gourmand”. É fácil deixar de ser bom, mais fácil ainda deixar de ser barato. E quando a pessoa descobre que o seu restaurante é bom porque é barato? Sinuca existencial.

Ainda que a premiação não traga grandes turbulências para a operação, existe algo chamado reputação. Retroceder nunca, render-se jamais, diria Jean-Claude van Damme. Perder território conquistado é trágico até para velhos de guerra como Fasano e Atala.

Na Europa, rebaixamentos no Michelin já causaram suicídios. Criaram também uma leva de chefs que se recusam a ser classificados pelo guia.

Guias são legais. Servem como referência em terrenos desconhecidos. Mas não devem ser levados demais a sério.

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Restaurante de shopping representa o fracasso da humanidade https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/03/23/restaurante-de-shopping-representa-o-fracasso-da-humanidade/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/03/23/restaurante-de-shopping-representa-o-fracasso-da-humanidade/#respond Sat, 23 Mar 2019 05:00:03 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/jk-320x213.jpeg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1326 Duas considerações sobre o lamentável episódio das crianças barradas na exposição do Mickey em um shopping de São Paulo

1. Baita ideia de jerico da prefeitura de Guaratinguetá. Premiar alunos carentes com visita ao playground dos ricos paulistanos é um atestado de falta de noção.

2. Graças ao incidente, as crianças tiveram uma experiência pedagógica preciosa. Saíram de casa para se divertir com o ratinho da Disney e deixaram a inocência nos bueiros da Vila Olímpia. Voltaram para casa cientes de sua posição na sociedade.

Todo shopping center é um mausoléu da civilização. O JK Iguatemi, em particular, se parece com uma tumba gigante. Um caixote de pedra branca e corredores frios, onde só falta a inscrição em baixo-relevo para avisar às gerações vindouras: “Gente, deu merda.”

O mais bizarro é que um dos pontos altos da excursão era o lanche na praça de alimentação. Qual o sentido de viajar 200 quilômetros para comer fritura e açúcar embalados no papelão com propaganda infantil?

Comer em shopping deveria ser uma conveniência. Algo como a barraca de pastel das feira: você foi fazer compras, bateu fome, a comida está ali ao lado… Virou o programa das famílias, casais e grupos de amigos que consideram o mundo aqui fora perigoso demais.

O shopping é um gueto invertido. Para evitar o convívio com os indesejáveis, a elite se tranca voluntariamente em gaiolas de luxo. Abre mão da própria liberdade para não se imiscuir.

O setor da alimentação percebeu a aversão dos abonados às calçadas, seus pombos e seus pedintes. Cada vez mais restaurantes abrem em shopping centers.

Jantar neles é uma experiência singular. Você entrega o carro blindado ao valet e caminha brevemente por uma galeria que poderia estar em Dubai ou na Flórida.

Aí entra a mágica dos arquitetos: o ambiente do restaurante é projetado para dar a ilusão de que não se está num shopping. Um simulacro de restaurante de rua, sendo que a rua real está a poucos passos dali. Demencial.

A bolha de brilho e glamour tem suas imperfeições. Uma é a lei, que garante o acesso público aos centros de compra. Outra falha é inerente ao capitalismo: é preciso faturar, e não é mole faturar com um modelo de luxo puro-sangue.

Assim, surgem as praças de alimentação. Para lá se dirige, na hora do almoço e na happy hour, a massa de recepcionistas, secretárias, contadores, cabeleireiros, motoristas, manicures e outros tipos pouco fulgurantes. Às vezes, vêm até umas excursões de escolas do interior.

Enquanto os ricos tentam fugir do povão, o povão quer sonhar com coisas que nunca vai poder comprar. Comer batata frita enquanto observa as madames engaioladas.

Para os pobres, shopping center é um zoológico de gente rica.

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5 lições para você cozinhar melhor do que um profissional https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/28/5-licoes-para-voce-cozinhar-melhor-do-que-um-profissional/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/28/5-licoes-para-voce-cozinhar-melhor-do-que-um-profissional/#respond Thu, 28 Feb 2019 14:39:16 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/espaguete-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1263 A comida caseira pode ser bem melhor do que os pratos que você comprar num restaurante. É fácil. Basta respeitar estas regrinhas:

 

1. Estuda, criatura!

 

Impossível cozinhar bem sem um mínimo de conhecimento. Compre livros, leia, teste receitas, faça cursos, pesquise. Só com repertório você será capaz de improvisar e imprimir sua própria marca à comida.

 

2. Use ingredientes de qualidade

 

Esse é o pulo do gato. Se restaurantes comprassem os melhores ingredientes possíveis, o preço final dos pratos seria absurdo. Cozinhas profissionais sempre economizam no azeite, nos condimentos, na farinha, em quase tudo. Já estive nos bastidores de dezenas de restaurantes e posso dizer: até os mais caros usam vinho terrivelmente vagabundo para cozinhar.

Ao usar produtos melhores do que os usados pelo restaurante, você já sai com uma dianteira boa.

 

3. Esqueça a perfeição

 

Cozinheiros profissionais são treinados para fazer tudo rápido, sem falhas e padronizado. A comida de um restaurante precisa ser a mesma para todos os clientes, e a equipe da cozinha precisa reproduzir constantemente a receita criada pelo chef, sem oscilações de quantidade ou qualidade.

Isso não quer dizer que um cozinheiro profissional seja mais talentoso do que qualquer um de nós.

Na cozinha caseira, você está livre dos grilhões do ambiente de um restaurante. Não precisa cortar a cebola em tempo recorde nem em pedaços milimetricamente iguais. Não precisa se preocupar com o tempo de execução da receita. Não precisa fazer a mesma receita sempre do mesmo jeito. Não precisa ter obsessão pela apresentação do prato.

Use essa vantagem em seu favor. Relaxe e arrase no fogão.

 

4. Adapte as receitas ao seu gosto

 

Nenhuma receita culinária é uma fórmula imutável. Com conhecimento e bons ingredientes, você tem o poder de melhorar os pratos dos restaurantes – no sentido de adaptá-los aos sabores que você mesmo(a) prefere.

Não gosta de alho? Remova. Gosta muito de alho? Ponha mais. Nem sempre funciona. Mas relaxe e releia o item 3. Em casa, você não busca o padrão. Apenas tente se lembrar de fazer as devidas correções na próxima vez em que for executar a receita.

 

5. Descomplique

 

Alguns pratos são feitos para a dinâmica de uma cozinha profissional. Exigem caldos e molhos que demoram séculos para serem preparados (e que, nos restaurantes, vêm a calhar para o aproveitamento de ossos, aparas de carne e sobras em geral).

Outros pedem equipamentos que pouca gente tem em casa. Há ainda aquelas comidas que exigem um tipo de perícia muito específica – ovos pochê são um exemplo, eu nunca consegui prepará-los bem.

Antes de se aventurar em uma receita, leia a dita-cuja com atenção. Se for difícil demais ou exigir mirabolâncias, deixe para lá.

Invista em pratos mais simples. Neles, o cozinheiro doméstico bate com facilidade a oferta dos restaurantes. Eu, por exemplo, quase nunca como macarrão fora de casa. Para que pagar um dinheirão por algo que eu faço melhor?

 

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12 regras de etiqueta para crianças no restaurante https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/01/07/12-regras-de-etiqueta-para-criancas-no-restaurante/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/01/07/12-regras-de-etiqueta-para-criancas-no-restaurante/#respond Mon, 07 Jan 2019 12:53:38 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/pedrocaranguejo-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1137 Férias escolares, para os mortais sem-babá, implicam a companhia dos filhos 24h por dia.

Longe de mim dizer que isso é ruim. Eu adoro. Pedro, meu moleque de 6 anos, é um excelente parceiro. Angela, já adulta, nem me fale. Minha cobaia predileta para experiências culinárias em casa e na rua.

Crianças em restaurantes, porém, sempre foram objeto de discórdia e de cizânia. Há os que não as suportam. Absolutamente ridículo desgostar de crianças: nenhum adulto, supimpa ou pentelho, o é sem ter sido antes um pirralho remelento.

Mas sejamos pragmáticos, para que comer fora com os filhos seja uma experiência bacana.

É socialmente recomendável –“politicamente correto” virou palavrão– se adequar e evitar aborrecimentos. Lembre-se: se o seu pivete incomodar alguém, o incômodo volta para você como um bumerangue.

Para que tudo corra suave e fluidamente, sugiro algumas regrinhas de etiqueta. Etiqueta bruta.

 

1. Vá aonde gostem de crianças

Se o estabelecimento é claramente antipático com os pequenos, não há por que insistir com ele e perder o humor. Restaurantes dão indícios dessa antipatia. A ausência de cadeirões é um sinal forte. Funcionários afetados e mal-humorados não merecem uma segunda chance. A falta de um espaço para trocar fraldas impossibilita a diversão com crianças muito pequenas. Dê preferência aos restaurantes com donos e equipe que demonstram alegria com a presença de seus filhos. Mesmo que eles se despeçam com um pirulito que vai corroer os dentes do pirralho: é amor em forma de açúcar, deixe passar.

 

2. Vá aonde a criança se sinta bem

Luz baixa, som alto e espaço exíguo devem ser evitados: a criança se irrita, irrita os outros, e os outros irritam você. Prefira lugares espaçosos, com boa distância entre as mesas, e com baixo nível de ruído. E informais. Lugares sisudos são um saco para a gente, imagine para a gurizada. Se a casa tiver um espaço externo para a garotada gastar energia, tanto melhor.

 

3. “Espaço kids” por sua conta e risco

Restaurantes temáticos, com recreação e área de brincadeiras são ótimas para as crianças. Para os pais, bem… Eu, particularmente, abomino lugares assim. A comida costuma ser ruim, e o ambiente infantiloide destrói meu humor. Mas tem gente que adora. Se você curte, mergulhe de cabeça.

 

4. Evite o cardápio infantil

Ele é um desserviço na educação da criança –já escrevi a respeito neste post. Tente dar aos seus filhos algo que não seja bifinho, franguinho, arrozinho, xisburguinho nem macarrãozinho.

 

5. Escape do roteiro pizzaria-lanchonete

É delicioso comer pizza e hambúrguer, todos sabemos disso. Você adora. Eu adoro. As crianças adoram. De mais a mais, pizzarias e lanchonetes são infestadas de crianças. Ninguém se incomoda com elas. Mas você pode fazer melhor. Espantar a preguiça mental e propor algo mais desafiador para a pestinha e para você mesmo. Sem esses desafios, você acaba criando uma criança chata à mesa. Dê-lhe comida francesa, comida oriental, escargot, rã, ostra, caranguejo, sarapatel. Teste os limites do paladar… não há nada a perder.

 

6. Leve a molecada ao restaurante japonês

Há duas boas razões para fazer isso.

A primeira, claro, é ampliar o horizonte alimentar da criança. Meu filhote ficou viciado em missoshiro.

O segundo motivo é menos óbvio. A hospitalidade japonesa abraça a criança com o mesmo respeito dado aos adultos. Restaurantes típicos sempre têm coisas como pratos inquebráveis com estampa da Hello Kitty, copos divertidos e hashis com elástico. A molecada pira.

Importante: falo de restaurantes tradicionais tocados por famílias japonesas. Não leve a criança ao sushi lounge com DJ e carta de sakerinhas, aberto por um corretor da bolsa para ele mesmo pegar mulher.

 

PAUSA PARA O MERCHAN: agora você tem receitas exclusivas da Cozinha Bruta no Instagram. Acompanhe também os posts do Facebook  e do Twitter.

 

7. Almoço é melhor

Se puder escolher, saia com os filhos no almoço e deixe para jantar em casa. É menos cansativo para a criança, e você vai encontrar pessoas mais tolerantes com o comportamento infantil.

 

8. Busque jantar cedo

É melhor para todo mundo: a criança está mais descansada, o restaurante ainda não encheu, e os outros clientes possivelmente estão na mesma situação que você. Se deixar para comer tarde, o filhote pode estar birrento e irritar os casaizinhos em busca de uma experiência romântica.

 

9. Tome um chá de dane-se…

Criança que não causa está doente ou dopada. Elas fazem cena, derrubam suco, se intrometem na conversa da mesa ao lado, apontam a peruca que o vizinho tenta disfarçar… não tem jeito.

Meu filho já roubou comida alheia pelo menos duas vezes. Ainda bem que era num boteco: os donos da batata frita e do bolinho de bacalhau levaram na esportiva.

Às vezes é preciso levar os fedelhos a um lugar mais formal, cheio de gente chata. Faça cara de paisagem.

Como dica geral, você não deve se preocupar tanto assim com o que os outros vão pensar. Relaxe para poder se divertir.

 

10. ..mas controle o seu diabinho

 

Isso não significa que você deve deixar o pequeno monstro aprontar livremente no restaurante. Discipline a criança e, caso fracasse nessa tarefa, recorra aos restaurantes temáticos –onde qualquer barbaridade infantil é tolerada.

 

11. Refeições muito longas, só com saída de emergência

Criança não bebe cerveja nem vinho, não está interessada em conversar por horas e horas na mesa do restaurante. Vai se aborrecer e vai aborrecer as pessoas ao redor. Só submeta seus filhos a essa provação se houver uma válvula de escape: pode ser o playground do lugar, pode ser um brinquedo (silencioso) que você levou, pode ser um livro de colorir.

 

12. Não ceda ao iPad

O tablet amansa a criança, é inegável. Mas não transforme seu filho tão cedo num idiota babão. Deixe que ele mesmo o faça mais tarde, quando quiser e se tiver vontade.

 

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Você comeria no restaurante de um bolsominion? Beberia num bar petralha? https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/09/25/voce-comeria-no-restaurante-de-um-bolsominion-beberia-num-bar-petralha/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/09/25/voce-comeria-no-restaurante-de-um-bolsominion-beberia-num-bar-petralha/#respond Tue, 25 Sep 2018 21:00:12 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/cocobambu-320x213.jpeg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=862 O ódio na política chegou à gastronomia.

Os donos da rede cearense de restaurantes Coco Bambu, especializada em pratos de camarão, estão no meio do fogo cruzado da internet. Motivo: doaram R$ 40 mil para a campanha do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL).

Metade dos internautas prometeu boicote ao Coco Bambu; a outra metade celebrou o fato.

Vivemos tempos bizarros. Em épocas normais, ninguém prestaria atenção nas doações de campanha de um dono de restaurante. Ainda mais quando é um valor tão baixo, dinheiro de pinga para essa gente.

Mas, hoje em dia, o montante da doação não interessa. O que interessa é o valor simbólico do ato. Ao contribuir com a campanha de Bolsonaro, os empresários Afrânio Barreiras Filho e Eugênio Veras Vieira sinalizam que compartilham do ideário do candidato.

Para metade da população, isso causa repulsa.

Para mim, o ambiente e a comida do Coco Bambu nunca emocionaram. Não sou cliente. Fico aliviado por não precisar fazer esse julgamento moral.

E você? Frequentaria o bar ou restaurante de um inimigo político?

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Dinheiro vivo paga a conta do almoço em Brasília https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/09/15/dinheiro-vivo-paga-a-conta-do-almoco-em-brasilia/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/09/15/dinheiro-vivo-paga-a-conta-do-almoco-em-brasilia/#respond Sat, 15 Sep 2018 05:00:03 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/faisao-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=829 Brasília é uma cidade peculiar.

Não tem esquinas. Os endereços são códigos alfanuméricos. Milhares de “tesourinhas”, alças rodoviárias que levam a milhões de lugares parecidos entre si. Tudo muito confuso e misterioso.

E tem os seres humanos. Em Brasília, você nunca sabe muito bem com quem está falando.

Deve ser por isso que a expressão “você sabe com quem está falando?” é tão popular por lá. O sujeito de bermuda que furou a fila do cinema pode ser caixa da Caixa ou juiz de algum tribunal superior. Na dúvida, ninguém cria treta. O blefe funciona.

Mas esta coluna deveria ser sobre comida. Vamos falar sobre os restaurantes de Brasília, portanto.

Come-se relativamente bem no Distrito Federal. A cidade atrai gente de todos os cantos, o que resulta em uma cena gastronômica bastante variada. Há coisas que não existem em São Paulo. Restaurante cubano. Restaurante indonésio. Pamonha em múltiplos sabores.

Em Brasília, contudo, as pessoas nos restaurantes são muito mais interessantes que a comida. Minha brincadeira favorita é imaginar quem são os estranhos e o que fazem no Cerrado.

Aqueles orientais na mesa do fundo: seriam diplomatas filipinos? O sujeito que almoça sozinho leva jeito de lobista. E aquelas duas mulheres com uma garrafa de vinho? Advogadas, certamente.

Mulheres são franca minoria, principalmente na hora do almoço. Os ternos escuros predominam.

Uma vez, num hotel próximo ao Palácio do Planalto, vi um político paulista dos graúdos. Ele e outros homens de terno estavam sentados ao ar livre, perto da piscina – a despeito do sol fustigante e das numerosas mesas desocupadas no salão climatizado.

Chegou o garçom com a conta. Cada amigo do político pôs um bolo de notas sobre a mesa.

Muito curioso, esse hábito brasiliense. A conta do restaurante, chique ou xexelento, costuma ser paga com dinheiro vivo. Em cash. Eu vi o padrão se repetir muitas vezes nas mesas que espionei. Será que essas pessoas não sabem que o cartão é mais prático e mais seguro?

É o segundo maior mistério de Brasília. Só perde para este: onde diabos fica o caixa eletrônico?

 

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