Cozinha Bruta https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau) Mon, 13 Dec 2021 21:07:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Bolonhesa vegana para uma segunda sem carne https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/01/13/bolonhesa-vegana-para-uma-segunda-sem-carne/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/01/13/bolonhesa-vegana-para-uma-segunda-sem-carne/#respond Mon, 13 Jan 2020 03:00:12 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/vegano-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1964 Segunda-feira sem carne. Opa, é hoje. O vegetarianismo não é a minha praia (embora eu goste de muitos pratos vegetarianos), e sempre critiquei essas ações evangelizadoras. Mas não posso falar daquilo que eu não conheço.

Semanas atrás, participei de um podcast com a nutricionista da Fazenda Futuro, que produz hambúrguer vegano – baseado, principalmente, em proteínas de soja. No final, disse que provaria outro produto da marca: uma “carne moída” do mesmo material. Fiquei de fazer uma bolonhesa vegana. Comprei a bandeja da “carne”, preparei o molho e servi com tortelloni de cogumelos porcini.

Preciso admitir que ficou ótimo. A textura é de carne cozida e o sabor.., bem, é de um monte de vegetais cozidos longamente, parecido com o do ragu bolonhês de carne de boi. Não estou ganhando um tostão com isto, que fique claro.

Lancei mão de outros recursos, que vão além da receita tradicional do ragu bolonhês, para aumentar o umami do prato – uma colherada de missô e o uso de caldo vegetal para regar o molho de vez em quando.

Fiquei tão feliz com o resultado que vou compartilhar a receita nesta segunda-feira.

***

Aqueça, numa panela de fundo grosso, duas colheres (sopa) de azeite. Refogue uma cebola média, uma cenoura pequena e um talo de salsão, todos picados bem finos.

À parte, numa panela pequena faça um caldo rápido com cenoura, cebola, salsão, louro e os temperos que desejar.

Na panela principal, jogue um pacote de “carne” moída vegetal e refogue por alguns minutos. Adicione uma taça de vinho (tinto ou branco, desde que seja seco) e uma lata de tomates. Cozinhe em fogo baixo por cerca de duas horas. Regue com o caldo sempre que ressecar.

Um pouco antes de juntar o molho ao macarrão, coloque uma colher (sopa) de missô no molho. Mexa bem para ficar homogêneo. Ajuste o sal.

Eu comi com queijo de vaca porque o similar vegano é proibitivo. Você faz o que bem entender.

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Doutrinação vegana pega emprestado o pior do cristianismo https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/11/02/doutrinacao-vegana-pega-emprestado-o-pior-do-cristianismo/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/11/02/doutrinacao-vegana-pega-emprestado-o-pior-do-cristianismo/#respond Sat, 02 Nov 2019 03:02:31 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/fritz-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1821 Adoro comida vegana. Falafel, espaguete com molho de tomate, pizza marinara, batata frita, homus, arroz com feijão, frutas, legumes, verduras, ervas, café, azeite de oliva, pão. Pão –o mais básico dos alimentos– pode ser vegano sem nenhuma perda de sabor. Cerveja é um bagulho vegano muito doido.

Quanto ao veganismo, não aprecio demais. Cada um come o que quer, é lógico. E é aí que mora a minha divergência com os veganos: eles querem ditar aos outros o que comer.

Ontem, quando se comemorou o dia mundial do veganismo –você já reparou que 2019 tem pelo menos uma data comemorativa para cada dia?–, pipocaram na internet os gritos de guerra da galera que repudia qualquer produto de origem animal.

O veganismo não é uma dieta, é uma doutrina. Detesto ser doutrinado, catequizado, evangelizado. Voltem para a casinha, donos da verdade.

O pior do cristianismo vive no movimento vegano.

Tudo é pensado para arrebanhar devotos, como a pregação da Igreja Universal do Reino de Deus. O apelo à culpa, com a divulgação de imagens de sangue e morte de animais. “Torna-te um de nós, senão serás uma pessoa má.” Se o chamado não é atendido –a maioria dos casos–, o discurso muda ligeiramente. “Escarraremos na tua cara, carnista.”

Falta só o Diabo com o tridente para espetar a bunda de quem teima em comer picanha.

Além da penitência cristã, há um discurso filosófico para embasar a doutrina. Uma defesa racional do tratamento ético para a bicharada.

Porcamente resumido, o pensamento é: deve-se estender aos animais o tratamento ético que tem sido conquistado por minorias humanas historicamente oprimidas. O especismo –colocar o Homo sapiens acima das outras espécies– equivale ao racismo, à homofobia e ao antissemitismo.

É uma retórica envolvente, bem argumentada e bem fundamentada, convincente. A lábia intelectual distrai o leitor para longe de uma falha fundamental: é impossível aplicar termos como “moral” e “ética” para relações entre humanos e animais.

As regras de convívio social implicam contratos –escritos ou tácitos– sabidos, compreendidos e aceitos por todas as partes envolvidas. Não dá para combinar o jogo com uma vaca ou um coelho. Nem com os peixes, cujo brilho intelectual foi descoberto ontem pelo governo do Brasil.

Comer carne demais é um problema real. A cadeia produtiva tem um impacto ambiental monstruoso. A crueldade contra os animais precisa ser reduzida, se não eliminada.

Mas é preciso ver a questão pelo ângulo oposto: em vez de igualar o animal ao homem, reconhecer a natureza bestial do ser humano.

Não é bonito matar para comer, só que isso nunca vai acabar porque somos carnívoros. Pergunte aos seus dentes caninos. Pergunte a qualquer mulher grávida. Pergunte ao vegano que morde um hambúrguer de soja com a voracidade de uma hiena atacando um leão. Ops, eu quis dizer antílope.

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É proibido comer carne vermelha, mas se quiser pode comer https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/10/05/e-proibido-comer-carne-vermelha-mas-se-quiser-pode-comer/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/10/05/e-proibido-comer-carne-vermelha-mas-se-quiser-pode-comer/#respond Sat, 05 Oct 2019 05:00:45 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/churras-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1763  

Causou certo alvoroço no começo da semana um estudo, divulgado pelo “New York Times”, que inocenta –em termos– a carne vermelha dos males que lhe são imputados.

Em resumo: os pesquisadores de uma universidade canadense examinaram pesquisas anteriores e consideraram frágil o elo entre o consumo de carne e a ocorrência de doenças como câncer e cardiopatias.

O sindicato dos amantes da picanha inundou as redes sociais com posts acusatórios, sambando na cara da sociedade como quem grita “chupa”.

Já a comunidade médica tentou refrear o ímpeto dos carnistas, recomendando cautela na interpretação do artigo e acusando seus autores de frivolidade irresponsável.

Na real, na boa, na moral : pouco importa.

Se o bacon não te matar, alguma outra coisa vai. O corpo humano é um objeto de estudo muito complexo, bem mais matreiro do que os corpos celestes –gases e pedras cujo comportamento cabe em fórmulas matemáticas mais ou menos universais.

As pesquisas envolvendo alimentação e saúde esbarram em interesses de lobbies. Seus resultados raramente são assertivos.

Por mais que o senso comum nos diga que o torresmo entope as artérias, é imprudente estabelecer uma relação de causa-efeito categórica.

O sujeito da artéria entupida, que come um balde de torresmo no almoço e outro no jantar, poderia ser portador de alguma predisposição genética. Outro indivíduo, que come tudo isso mais outra bacia de torresmo no café da manhã, pode ter a saúde de um atleta olímpico.

São múltiplos os fatores que afetam a saúde de uma pessoa. A dieta conta, mas não dá para colocar numa planilha de Excel onde entram as contribuições do frango xadrez e do suflê de chuchu.

Já vimos o filme várias vezes. A redenção do antigo inimigo público número 1. Ovos, café, chocolate, gordura animal e até álcool.

Atividade física, genética, tabagismo, condições psiquiátricas, estresse, sobrepeso, distúrbios do sono. Tudo isso afeta o funcionamento de algo dentro de você. O problema está em identificar o que atua onde.

A uruca que culmina na morte também envolve fatores aleatórios. Acidentes acontecem. Não me refiro ao acidente clássico, do Fusca espatifado no poste.

Você pode torcer o tornozelo, ficar de molho em casa, em depressão, tomando sete litros de refrigerante por dia, dar entrada no hospital com uma úlcera e morrer de sepse. Pode comer uma ostra contaminada e partir desta para melhor em questão de dias.

Assim, recomendo uma boa dose de bom-senso e de fé no próprio taco. Coma menos carne: as vacas soltam muito pum, e isso tende a acabar mal. Quando comer carne, coma carne boa e bem-preparada. Um bicho morreu para você matar seu desejo de hambúrguer, animal!

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7 fatos que você deve saber sobre o hambúrguer de plantas https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/09/26/7-fatos-que-voce-deve-saber-sobre-o-hamburguer-vegano/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/09/26/7-fatos-que-voce-deve-saber-sobre-o-hamburguer-vegano/#respond Thu, 26 Sep 2019 20:45:09 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/20190514083630-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1737 Hoje, mas cedo, a jurada do MasterChef Paola Carosella soltou um tuíte que deixou os veganos e os antiveganos em pé de guerra.

Vamos, primeiro, ao tuíte da Paolla:

“Experimentei, por curiosidade, o ‘hambúrguer’ de plantas ‘sabor carne’. Não é hambúrguer, não tem gosto de carne nem textura de carne –o que é óbvio, pois não é carne. Gorduroso, pastoso, desagradável. Uma bosta ultraprocessada oportunista no momento de maior confusão alimentar da história.”

Paola tentou argumentar que não atacava o veganismo, mas a indústria de processados. Não adiantou. Ativistas veganos continuaram a acusá-la de jogar contra o movimento, com argumentos do naipe destes aqui:

“Que solução você propõe para difundir mais o veganismo então, Paola? Sou vegano e não sou o maior fã desse produto, mas pelo menos tem aberto portas pra mais gente conhecer o movimento.” (@HU6OS)

“Cara, o importante é parar de comer carne. (…) A forma que as pessoas aderem ao vegetarianismo/veganismo pouco importa, né?” (@igaidys)

“[O veganismo] não é uma dieta. É uma opção de vida.” (@comunafeminista)

O mais bizarro de tudo é que Paola atraiu a empatia dos bolsominions –que apoiam qualquer posição contrária ao pensamento progressista. Triste.

 

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Vamos aos fatos sobre o hambúguer vegano.

 

  1. Não é hambúrguer. Não deveria ser chamado de hambúrguer para não confundir o consumidor. Hambúrguer, a rigor, é feito com carne de boi. Existem, porém, produtos de frango, peixe, cordeiro e porco que são vendidos como hambúrguer. Tópico passível de alguma controvérsia, portanto.
  2. São, sim, ultraprocessados, como a mortadela, a salsicha e os nuggets de frango. O que define isso? Processados são alimentos que passam por procedimentos industriais que preservam a forma e o gosto originais dos componentes principais. Exemplos: azeitona em conserva, frango temperado, copa defumada, feijão pronto, arroz parboilizado. Nos ultraprocessados, tudo é misturado de forma a mascarar formas e sabores naturais. Exemplos: cereais matinais, hambúrgueres congelados, biscoitos recheados, creme de queijo.
  3. Seu valor nutricional é semelhante ao dos similares feitos de carne –falo das marcas que entraram recentemente no mercado, com a promessa de ter gosto e textura de carne. Ou seja, pífio.
  4. Alegando segredo industrial, as empresas que fabricam esses produtos omitem ingredientes na embalagem. Listam termos como “condimento preparado sabor carne” e “aroma natural”, sem dizer o que há nessas coisas.
  5. A base dos hambúrgueres vegetais é a mesma desde o século passado: proteína de soja. Se eles melhoraram na textura e no sabor, é mérito da indústria alimentícia e seus pozinhos mágicos tipo Sazón.
  6. Não têm gosto de carne. Não têm textura de carne. É tudo ilusão e embuste.
  7. A militância vegana apoia esse tipo de alimento porque é uma arma poderosa na evangelização. Como disse a autora de um tuíte citado acima, os fins justificam os meios.

 

O debate, algo rotineiro nas redes sociais, desce às catacumbas da indigência intelectual. Tem até gente que zomba de Paola, que é argentina, por cometer erros de português (o que não deveria acontecer “se ela gosta de viver no Brasil”). Podre. Mas não é esse o assunto do post.

Dito tudo isso, cada um come o que quer. E quem quer enganar a si próprio, que o faça. Fui.

 

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Sanduíche vegano gourmet lembra hambúrguer industrial congelado https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/05/14/sanduiche-vegano-gourmet-lembra-hamburguer-industrial-congelado/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/05/14/sanduiche-vegano-gourmet-lembra-hamburguer-industrial-congelado/#respond Tue, 14 May 2019 12:48:02 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/futuro2-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1462 Chegou ontem a São Paulo, com o estardalhaço de mil trombetas celestiais, o Futuro Burger. Trata-se de um hambúrguer vegano que pretensamente tem aparência, textura e gosto de carne de boi.

A fórmula detalhada não é divulgada pela Fazenda Futuro, empresa que desenvolveu o sanduíche. Sabemos que a base da coisa é proteína vegetal –de soja, ervilha e grão-de-bico– e que a beterraba é responsável pela cor avermelhada do negócio.

A tal Fazenda Futuro é um projeto do carioca Marcos Leta. Não há como negar que o sujeito é um craque do marketing –antes do hambúrguer vegano, ele criou a marca de sucos em caixinha Do Bem. O Futuro Burguer vem na esteira do auê feito com o Impossible Burger, o primo mais velho que mora nos EUA.

Aparentemente, “fazenda” é apenas um nome fantasia para dar uma sensação de bucolismo ao produto –nenhuma fazenda real é necessária para sua produção. O material de divulgação veio salpicado de neologismos como foodtech ou startup.

A imprensa, incluindo a Folha, engoliu o discurso com mostarda e ketchup. Todas as matérias que li até agora reproduzem os termos do release e afirmam, sem questionar, a semelhança do Futuro Burger com o hambúrguer de carne de vaca.

Só me restou provar o sanduíche –costumo passar longe de hambúrgueres veganos– , que por enquanto é exclusividade da Lanchonete da Cidade. O LC Futuro é feito com substitutos veganos de maionese e queijo, alface e tomate.

Deixo para mais tarde –ou não– a discussão sobre a obsessão vegana com imitações de comidas carnívoras. Vou me limitar à análise sensorial, que fiz com a maior isenção e boa vontade possíveis. Vamos lá.

 

APARÊNCIA

 

Na foto lá em cima, do sanduíche montado, já dá para ver que o Futuro não tem exatamente o mesmo jeitão de um hambúrguer regular. Deixo mais uma foto aqui para você tirar a própria conclusão.

foto: Instagram/@fazendafuturo

 

TEXTURA

 

Aqui a coisa começa a ficar interessante. O Futuro Burger tem uma casquinha crocante que é impossível de se obter num hambúrguer de carne. A não ser que você passe a carne até ressecá-la, o que não acontece com a massa vegetal –o interior do LC Futuro mantém uma boa umidade. Gelatina de algas, talvez?

De qualquer forma, a textura é diferente daquela do hambúrguer bovino. Melhor do que sanduíches de fast food, pior do que uma carne alta e gorda grelhada ao ponto para malpassada.

Aliás, o exterior crocante dá a impressão de que o hambúrguer é frito por imersão. O garçom me reiterou: ele é feito na chapa.

O interior da massa vegetal é composto de grãos bem menores do que uma carne moída para hambúrguer.

A maionese vegana fez bem seu papel, e o substituto vegetal para o queijo estava imperceptível no meu exemplar.

 

SABOR

 

É onde o bicho pega.

O Futuro Burger, como dizem os poetas por aí, é uma explosão de sabores. Tem muito mais sabor do que um hambúrguer bovino –fruto da adição de sei-lá-quantos agentes aromatizantes (calma: não digo que são artificiais) para das alguma graça à natureza insípida da proteína vegetal isolada.

Um bom hambúrguer de vaca tem gosto moderado de gordura bovina (inexistente aqui) e os subprodutos da ação do calor da chapa sobre proteínas, gorduras e açúcares –a tão propalada reação de Maillard. O Futuro Burger vai bem no quesito Maillard. Mas tem muito sal, o que é incomum em hambúrgueres bovinos.

Lembra, de alguma forma, o gosto de hambúrgueres industriais vendidos congelados para gente preguiçosa. Não chega a ser surpreendente, uma vez que esses hambúrgueres também precisam de um tempero extra para dar sabor a uma carne qualquer nota, misturada em alguma proporção à proteína de soja.

Lembra, mas é melhor. É melhor também do que o hambúrguer de carne das redes de fast food. Já é alguma coisa, não?

 

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Youtuber vegana tem overdose de banana https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/03/27/youtuber-vegana-tem-overdose-de-bananas/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/03/27/youtuber-vegana-tem-overdose-de-bananas/#respond Wed, 27 Mar 2019 13:44:24 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/20190327103221-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1335 A notícia principal nem é essa do título, mas eu –ex-editor do defunto jornal Notícias Populares– não poderia deixar passar uma manchete perfeita para o NP do século 21.

Vamos aos fatos: a australiana Leanne Ratcliffe, conhecida no YouTube como Freelee, a Garota-Banana, preconiza uma dieta vegana e frugívora. Em um de seus vídeos, ela come nada menos que 51 bananas em frente à câmera. Overdose de banana para deleite da plateia.

A garota-banana, magra e sarada, é só uma das vlogueiras veganas que indicam dietas absurdas na internet. O fenômeno tem causado preocupação entre profissionais de saúde porque, se seguidos à risca, esses regimes alimentares fazem um mal danado ao corpo.

A coisa toda virou um escândalo quando a rainha das youtubers veganas foi flagrada num restaurante comendo peixe. Ai, que horror. Peixe.

A mexicano-americana Yovana Mendoza fatura alto vendendo programas de dietas veganas e crudívoras –daí o seu nick Rawvana. Seu canal de Youtube tem quase dois milhões de seguidores, e o perfil no Instagram é acompanhado por 1,3 milhões de pessoas.

Rawvana foi pega no pulo em Bali, na Indonésia (detalhe: ela mora em San Diego, na Califórnia). O caso, obviamente, virou piada entre os não-veganos. A youtuber precisou se retratar. Disse que passou a comer produtos de origem animal por orientação médica.

Aparentemente, o equilíbrio hormonal da moça de 28 anos ficou todo zoado. Ela admitiu que havia incorporado ovos e peixes à dieta havia dois meses e se disse envergonhada. Por comer produtos de origem animal, não por enganar seus seguidores.

 

Ficam duas lições do episódio:

  1. Não existe mais esconderijo seguro para você fazer merda. Rawvana dançou porque pensava estar longe de suas seguidoras, a tolinha.
  2. Não confie em influenciadores digitais. Nem em grupos de WhatsApp. Não seja tosco, de uma vez por todas.

O “fishgate” da Rawvana desencadeou uma queda geral das máscaras das youtubers veganas. Várias delas confessaram que não faziam o que pregavam.

Como desculpa mais recorrente, problemas digestivos. Gases. Punzinho 100% vegetal de gatinhas veganas. Ou quase.

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Hambúrguer não dá em árvore: ele é um boi morto https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/23/hamburguer-nao-da-em-arvore-ele-e-um-boi-morto/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/23/hamburguer-nao-da-em-arvore-ele-e-um-boi-morto/#respond Sat, 23 Feb 2019 05:00:40 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/frankcharles-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1255  

Quando eu tinha 4 ou 5 anos, fiquei extático ao ver um limoeiro carregado. Corri para avisar ou outros: “Pai! Mãe! Achei uma árvore que vende limões!”. O episódio virou piada eterna na minha família –ou não mais, já que o pai morreu, a mãe está senil, e briguei com os demais parentes nas eleições.

Eu era apenas mais uma criança que enxergava o mundo como um gigantesco supermercado.

Daquele tempo para cá, situação só piorou. A comida chega magicamente à porta de casa, quando a mamãe encosta no smartphone.

Em contrapartida, existe um movimento relevante de pessoas que buscam conhecer a origem do alimento. Tornou-se praxe, nos restaurantes ilustrados, identificar a procedência dos ingredientes: queijo da Serra do Curió, bacon artesanal da salumeria Carcamani, café da Fazenda Curupira.

Todos querem saber de onde vem a comida, mas muitos fazem de tudo para não saber o que ela é. Em especial quando se trata de proteína animal –o apelido eufêmico das carnes.

Se árvores não vendem limões, elas tampouco dão hambúrgueres. Toda carne é um pedaço de um animal morto, e tem gente que não suporta essa imagem.

Vegetarianos usam o termo “cadáver”, altamente apelativo. Eu, contudo, preciso admitir que faria o mesmo se estivesse na posição deles.

Piores são as pessoas que comem carne, mas fogem da responsabilidade sobre a morte de um animal.

Meu pai fazia assim. Admiro o velho por inúmeras coisas, mas não por esse traço de sua personalidade.

Se a churrascaria tinha fotos de bois na parede, ele quase passava mal. Quando voltávamos do mercado com 5 quilos de contrafilé, minha mãe ia limpar sebos e pelancas: o pai fechava a porta da cozinha e lá não entrava até que o serviço estivesse acabado.

Assim como ele, há muitos que comem o filé do frango, mas não a coxa que grita nas nossas fuças: “Isto é uma galinha”.

Eu não teria a coragem de matar a minha própria comida, como fazem alguns radicais abilolados. Sempre fui o carnívoro bundão que só conhece a picanha embalada a vácuo.

Para mitigar meu desconforto burguês, fui conhecer 2182.

O boi 2182 era um indivíduo de 681 dias que eu vi ser abatido em Ipuã, no norte do estado de São Paulo. Filho de uma vaca nelore com um touro angus australiano, passou a maior parte de seus quase dois anos de vida em Nhandeara, também no interior paulista.

Vi 2182 entrar no brete, levar um tiro de ar comprimido na testa, ser descourado e desmembrado. Alguns dias depois, recebi em casa nacos da paleta e do lombo de 2182.

Gostei de assistir ao abate? De modo algum. Mas aprendi um montão. Cada fatia de salame, cada coxinha que a gente come significa a morte de pelo menos um animal. É covardia ignorar tal fato.

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Será que meu filho vai virar vegetariano? https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/11/sera-que-meu-filho-vai-virar-vegetariano/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/11/sera-que-meu-filho-vai-virar-vegetariano/#respond Mon, 11 Feb 2019 13:50:40 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/picapau-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1225 Meu filho Pedro tem 6 anos e, até pouco tempo, era uma draga à mesa. Comia o que lhe aparecesse: rã, mexilhão, sardinha, javali, carneiro, coração de frango, caranguejo.

De uns meses para cá, o moleque tem ficado progressivamente seletivo.

Fazer o rapaz comer frango se tornou um suplício: ele tem nojo, se recusa a colocar o galináceo na boca.

Minha mulher e eu tentamos entender o fenômeno. Pedro nos disse que ficou impressionado com uma atividade de sua escolinha. Escolinha prafrentex, modernex, dá oficinas de culinária para a garotada.

Numa dessas oficinas, levaram um frango inteiro. Cru. Com a cavidade exposta e aquele saquinho MARA com coração, fígado e moela. Abriram e trincharam o penoso. Depois cozinharam e serviram à classe.

Pedro ficou particularmente horrorizado com o esquartejamento do galeto.

Semanas depois estivemos em um churrasco em que um peixe inteiro –uma corvina, se a memória não falha– foi assado espalmado, pregado aberto em uma tábua ao lado do fogo.

Pedrão não quis comer. E adicionou mais uma restrição alimentar à sua lista. Restrição ampla, no caso: engloba todos os seres que denominamos “peixe”, inclusive o atum enlatado.

Anteontem, ele deu um trabalhão para terminar o arroz de pato que eu praparei com amor, afeto e carinho.

O rol só faz aumentar. E obedece a um padrão: sua repulsa é dirigida aos alimentos de origem animal.

Estaria meu filho se tornando um vegetariano mirim?

Em caso positivo, de onde viria a motivação?

Certamente não vem de casa: aqui somos onívoros com forte pendor à carne. A escola, apesar de um tanto riponga, foi responsável pelo frango que detonou o comportamento. E não detectamos nenhuma conduta semelhante nos coleguinhas mais próximos ao Pedro.

Só pode ser o zeitgeist. O espírito do tempo.

Na minha infância –lá se vão 40 anos–, achávamos estranho quando o cardápio do jantar incluía lagarto ou patinho. Mas aí os adultos nos explicavam que eram apenas nomes dados a pedaços de carne de boi. Não se falava mais no assunto.

A violência e uma boa dose de crueldade eram normais no cotidiano das crianças. Víamos o Pica-Pau da TV quase virar almoço todos os dias. Os Três Porquinhos da Disney tinham retratos de presuntos e linguiças pendurados na parede de casa –seus finados familiares.

O pediatra do Pedro matou a charada: as crianças de hoje são criadas em uma redoma protetora. Essa bolha vem sendo construída pelo menos desde o pós-guerra –minha geração já foi poupada dos horrores canibais dos textos originais dos contos de fada.

Hoje a raposa é amiga do ganso, que vai passear com o coelho e o lobo. Os vampiros infantis da Netflix são gente finíssima. A maldade foi eliminada do imaginário infantil.

Num universo assim, como não refletir sobre a brutalidade intrínseca ao abate animal?

O vegetarianismo parece ser uma tendência irreversível na parcela instruída da população jovem. Não sei bem o que pensar disso. Eu tenho forte antipatia contra a militância vegana –perversa como qualquer ideologia totalitária. Mas nada contra quem pratica a dieta vegetariana sem incomodar os outros.

Marcelo Leite descreveu, em artigo publicado hoje, o próprio dilema em relação ao vegetarianismo. Ele não adere à dieta porque sente falta de comer carne –a evolução nos fez onívoros. Mas, dos pontos de vista ambiental e ético, a produção de proteína animal é uma lambança injustificável. Pelo menos do jeito que funciona hoje o sistema.

Se o meu menino for virar vegetariano, amém. Espero que o mundo dele seja melhor do que o nosso.

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Segunda sem carne só presta para aliviar a consciência da classe média https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/segunda-sem-carne-so-presta-para-aliviar-a-consciencia-da-classe-media/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/segunda-sem-carne-so-presta-para-aliviar-a-consciencia-da-classe-media/#respond Mon, 04 Feb 2019 08:00:03 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/feijao-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=1210 Segunda-feira. Se você não quiser comer carne hoje, vá em frente. Na real, isso não muda nada. Não há por que se rejubilar por isso.

A segunda sem carne serve apenas para aplacar a culpa da classe média consumista.

Quem adere à segunda sem carne quer desfrutar o consolo espiritual de uma boa ação, sem o ônus do engajamento verdadeiro. Não há compromisso. A única contrapartida é a renúncia ao torresmo uma vez por semana.

É mais ou menos como a religiosidade à la carte: fulaninho é devoto de tal santo, mas não perde a rodada do fim-de-semana na igreja. Sicrana se diz filha de Iemanjá, mas nunca pôs os pés num terreiro –e desmaiaria se precisasse assistir ao sacrifício de uma galinha.

Assim fica fácil.

O vegetariano das segundas vai almoçar no quilão e só pega salada. Ou quase. Pega um pouco de feijão também. Mas separa o bacon e não come. O porco já está morto e defumado, amigão.

Ele tem um almoço de trabalho numa churrascaria, diabo!, na segunda-feira. Cede. “Uma vez só não faz mal… além disso, o cliente poderia me achar esquisito se eu pedisse palmito pupunha.”

No lanche da tarde, desce até a padoca e compra uma coxinha. Só depois de devorá-la quase inteira, ele atina para o fato de estar comendo frango. Já era, fazer o quê?

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Esse é um mal típico da classe média porque os pobres não podem se dar ao luxo de praticar tão nobre esporte. Para eles, a exceção é a segunda com carne.

Já os ricos… estes não precisam de expedientes tão comezinhos para aliviar a consciência.

Quando quer ser ecológico e sustentável, o rico cria uma reserva permanente de Mata Atlântica na própria fazenda. Doa bozilhões de dólares para uma ONG ambientalista da Dinamarca. Compra um veleiro e sai para dar a volta ao mundo sem deixar pegadas de carbono –com tripulação completa e professora particular para os filhos.

Quem sofre é a classe média. Ela assiste a “Cowspiracy”. A culpa a corrói por dentro a cada garfada da picanha black angus que o primo serve com uma luva preta de borracha.

Aí resolve mudar de estilo de vida. Ser vegetariana. Mas não de uma vez, ninguém merece tamanho sacrifício. Que tal começar a cortar a carne às segundas?

Então uma coxinha acidental destrói o castelo de cristal. Mas tudo bem, teremos a segunda-feira que vem. Não… é feriado. Na outra, então. E a classe média repousa a cabecinha no travesseiro com a certeza de que está colaborando para salvar o planeta.

 

 

 

 

 

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Para que serve a ervilha, afinal? https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/11/05/para-que-serve-a-ervilha-afinal/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2018/11/05/para-que-serve-a-ervilha-afinal/#respond Mon, 05 Nov 2018 12:34:38 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/alfaceervilha-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=959 Alguns alimentos, tal qual a política, causam polarização. Uns amam, outros odeiam. O coentro, por exemplo. Eu já fiz uma apaixonada defesa da erva neste blog –graças à controvérsia, é um dos meus posts mais populares até hoje.

Mas há comidas que, francamente, não têm pegada para despertar emoções fortes. Nem contra, muito menos a favor.

Ninguém supera a ervilha nessa categoria.

A ervilha seca, beleza. Rende sopa, rende purê. Com bacon, fica joinha.

Já a ervilha fresca, congelada ou (credo!) em lata… por que, minha gente. Por quê?

Ervilha não melhora nem estraga nenhum prato, só atrapalha. São pequenas bolhas verdes com textura de celulose e nenhum sabor. Dá para pensar em mil outros jeitos mais bacanas de dar uma cor ao prato.

Sei que minha opinião não é consenso. Sei também que muita gente pensa como eu. E você?

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