Cozinha Bruta https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau) Mon, 13 Dec 2021 21:07:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Show de horrores no Mercadão de São Paulo https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/10/08/show-de-horrores-no-mercadao-de-sao-paulo/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/10/08/show-de-horrores-no-mercadao-de-sao-paulo/#respond Sat, 09 Oct 2021 02:15:20 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/mortadela-180x120.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=3389 Duplamente vacinado como mais de metade da população paulista, estou em franca transição de volta para aquilo que, na pandemia, batizamos de velho normal.

Talvez nunca saiamos do tal do novo normal, mas, enfim, já dá para arriscar a fuça em atividades impensáveis poucas semanas atrás. Coisas banais como bater ponto em restaurantes e bares, encontrar amigos e contatos profissionais, viajar.

Pelo menos nos ambientes que frequentei, as pessoas têm se comportado surpreendentemente bem. Nos lugares de comer e de beber, tiram a máscara para comer e beber. No avião, todos protegidos.

Perdemos os snacks de bordo, mas a pandemia nos trouxe o fim do caos no desembarque. Com a emergência sanitária, os comissários ganharam autoridade para organizar o fluxo de saída da aeronave por fileiras. Todos sentadinhos até serem chamados. Oxalá permaneça assim.

O mais relevante disso tudo: empresários e trabalhadores do ramo de serviços entenderam que precisam passar segurança se quiserem recuperar o cliente afugentado pela Covid-19.

No boteco, no cafezinho, no supermercado e na feira de vinhos somos atendidos por funcionários mascarados. Temos fartura de álcool em gel para nos lambuzar.

Animado com a primavera da trégua, saí para comprar um alimento bastante específico, encontrado somente num lugar: o Mercado Municipal Paulistano, vulgo Mercadão.

Tenho um histórico de sentimentos ambíguos em relação ao Mercadão.

É a arapuca de turista com preços conformes, a multidão e suas selfies, o pastel seco de bacalhau, o sanduíche monstrengo de mortadela.

É também onde se descobrem delícias raras nas peixarias, nos açougues, em alguns empórios, em pontos salpicados pelo lindo edifício projetado por Ramos de Azevedo.

Faz meio ano que o Mercadão é administrado por um consórcio de empresas privadas. Será que mudou muito?

Espanta a facilidade para estacionar. Paro o carro na cara do gol, no bolsão de vagas em frente à avenida Mercúrio. Show de bola.

Ao pisar no corredor principal, sou atacado pela pior memória de outras idas ao mercado: o assédio incansável dos comerciantes. Você é abordado por gente oferecendo queijo, gente oferecendo fruta, gente oferecendo bolinho de bacalhau.

O ataque é físico, no corpo-a-corpo, o que obriga o transeunte a se esquivar e cair no colo de outro vendedor. Sempre foi assim.

Só que agora existe uma pandemia que já matou 600 mil pessoas no Brasil. E todos –repito: todos– os sujeitos das guloseimas estão sem máscara ou com a máscara no queixo. Falam alto e cospem no freguês. Cospem na bandeja de damascos turcos que carregam para degustação.

Qual o problema do Mercadão? Visitá-lo virou um trem-fantasma negacionista, um show de horrores covídico. Comprei o que queria comprar e me pirulitei de lá tão rápido quanto pude.

Não sem antes pagar o tíquete do estacionamento. A bagatela de R$ 25 onde antes havia zona azul. Viva a iniciativa privada.

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Os 50 melhores restaurantes aleatórios do mundo https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/10/06/os-50-melhores-restaurantes-aleatorios-do-mundo/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/10/06/os-50-melhores-restaurantes-aleatorios-do-mundo/#respond Thu, 07 Oct 2021 01:57:21 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/random6albania-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=3380 Aproveito a divulgação da lista dos 50 Best –lista de restaurantes que inclui a Casa do Porco como 17º melhor restaurante do mundo– para postar meus 50 restaurantes também.

Estou viciado num perfil do Twitter chamado Random Restaurant (“restaurante aleatório”). É um bot (robô) que posta automaticamente restaurantes que constam na base de dados do Google Maps, com as quatro primeiras fotos que aparecem. É uma viagem absurdamente legal pelos cafundós do mundo.

Escolhi, aleatoriamente, 50 restaurantes que me chamaram a atenção por motivos aleatórios. Como todo ranking é um pouco aleatório, já que ninguém é capaz de avaliar tudo o que está aí para ser avaliado.

Vamos à lista, portanto. A ordem também é aleatória. Mentira. Escrevi na ordem em que os lugares apareceram no feed do Twitter. Todos títulos têm link par você se divertir também.

 

  1. Ayam Batar Cak Bud

Bantem, Indonésia

É uma tenda na periferia da capital Jacarta, street food total, vibes de Brasil profundo. Uma foto mostra uma faixa com os desenhos de um galo e de um bagre; outra traz uma pizza, estilão Pizza Hut, com velas de aniversário.

 

  1. Lac Assal

Djibuti, Djibuti

Ponto sofisticado no minúsculo país africano, espremido entre a Somália, a Etiópia e a Eritreia e com comunicação marítima para o Iêmen. Lustres enormes, piscina e pratos com frutos do mar.

 

  1. Piroga de São João

São Tomé, São Tomé e Príncipe

Mais um representante da África, desta vez de uma ilha lusófona no Oceano Atlântico. Come-se salada, algo que pode ser peixe ou frango, um tipo de farofa e alguma coisa frita. Bebe-se suco de caixinha.

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  1. Santorini

Lindi, Tanzânia

Olha a África aí de novo. A julgar pelo nome, é um restaurante grego. Peixinhos fritos, pasta de algo indecifrável e algum tipo de carne ensopada em molho vermelho. Também tem uma foto de um homem numa piscina.

 

  1. Tip Top Chicken Chop

Selangor, Malásia

Finalmente um lugar com comida que parece ser realmente apetitosa. Barraca de frango nos arredores de Kuala Lumpur, exibe pratos com molhos, ao que tudo indica, furiosos no quesito pimenta.

 

  1. Vintage

 Donetsk, Ucrânia

Sei lá se o estabelecimento é realmente restaurante. As fotos mostram um ambiente com luz negra e espelhos, frango assado, hambúrguer e belas mulheres que parecem ser a real atração do lugar.

 

  1. កូនក្ដាមបុកល្ហុង

Krong Poi Pet, Camboja

Não dá para entender nem o nome do restaurante, mas dá para identificar umas pinças de caranguejo soterradas sob vegetais e algum tipo de molho. A cara da comida é boa.

 

  1. Quinta

Riberalta, Bolívia

Na Amazônia boliviana, quase na fronteira com Rondônia, este lugar exibe um respeitável frango assado.

 

  1. Let’s Pizza

Trípoli, Líbano

As fotos exibem uma pizza com carão de fast food e uma esfiha de zaatar –tempero libanês à base de ervas e gergelim. O mais interessante é descobrir que o conceito de “pizzaria e esfiharia” existe também no Oriente Médio.

 

  1. Box It

Sitra, Bahrein

Numa praça de alimentação de shopping na ilha do Golfo Pérsico. “Box it” significa “encaixote-o”, e as fotos dão a entender que é essa a proposta do lugar. Uma imagem mostra arroz e macarrão enformados como se fossem pudim.

 

  1. Taba Kadji

Diffa, Níger

Na franja sul do deserto do Saara, imagens perturbadoras de um carneiro (acho) assado inteiro e de um homem vestido com se trabalhasse numa planta nuclear.

 

  1. Yellow Cab Pizza

Bandar Seri Begawan, Brunei

As fotos tiradas no sultanato de Brunei, em Bornéu, nos revela que lá a pizza é tão maltratada quanto em alguns rincões do nosso querido Brasil.

 

  1. Submarina California Subs

Dededo, Guam

Aqui a gente descobre que nas Ilhas Marianas alguém se digna a copiar o Subway.

 

  1. Millenium Victory

Montego Bay, Jamaica

Vale pela curiosidade de saber o que é a comida dos rastafáris. Tem uma seção vegetariana e outra que, além disso, não contempla alimentos processados como tofu.

 

  1. Piri Piri Pica

Kèdainiai, Lituânia

“Pica” é pizza em lituano. “Piri piri” é como se chama a pimenta malagueta em Portugal. Nada me tira da cabeça que há um luso a pilotar esse negócio.

 

  1. Dhaka Foods and Sweets

Juba, Sudão do Sul

Você sabe o que se come no Sudão do Sul? Então olhe lá no link. Não dá para identificar todos os componentes, mas há um pilaf (arroz com carne, legumes e especiarias) e uns ensopados assaz atraentes.

 

  1. El Patio de Quesia

Guantánamo, Cuba

A julgar pelas informações deste tuíte, os cubanos andam comendo lagosta.

 

  1. Naboa Cotui

Cotuí, República Dominicana

Na boa, essa coisa que eles chamam de yaha é parecido demais com pastel.

 

  1. Regiões

Cacém, Portugal

A prova máxima de que o brasileiro já exportou para a terrinha o hábito de misturar sushi com macarronada no restaurante por quilo.

 

  1. Grand Roopram Roti Restaurant

Paramaribo, Suriname

Lugar indiano no vizinho mais desconhecido e enigmático do Brasil. Agora, enigma mesmo é a razão por que o ensopado e o roti (tipo de panqueca) estão num prato envelopado num saco plástico.

 

  1. Baraka

Batumi, Geórgia

Belas caftas e outros espetos na brasa.

 

  1. Restaurante Açude

Caxito, Angola

As fotos não mostram nenhuma comida. Só o açude.

 

  1. C-Cheese

Krong Khemara Phoumin, Camboja

O repeteco do Camboja se faz necessário porque este lugar é especializado em queijo quente multicolorido, no padrão do arco-íris.

 

  1. Прадо

Rîbniţa, Moldávia

Achei que já havia visto comida bizarra na vida, mas as esculturas gastronômicas deste lugar na Europa oriental não têm concorrência.

 

  1. Zento

Alzintan, Líbia

O hambúrguer é líbio, mas poderia ser de qualquer biboca do Brasil.

 

  1. Lavonte

Gaspar, SC, Brasil

O primeiro restaurante brasileiro a aparecer no feed é uma pizzaria do Vale do Itajaí, com as previsíveis toneladas de requeijão e o milho em lata.

 

  1. 阿舜牛排

Taipei, Taiwan

Não dá para saber exatamente qual é o conceito gastronômico do lugar, mas as fotos mostram bifes gigantes sobre macarrão, com ovo frito. Gostei.

 

  1. Aparthotel Badinca

Bissau, Guiné Bissau

Aposto que você sempre quis saber que comida é servida nos flats de Guiné Bissau. Agora já sabe: é arroz encaixotado com carne e legumes.

 

  1. Charcuterie Colombia

Kpalimé, Togo

Sei lá o porquê do nome desse lugar. Só sei que lá se come o porco inteiro. Bruto.

 

  1. Cafetaria Lisboa

Saint-Léonard, Canadá

Auténticos pastéis de nata lisboetas no interior canadiano.

 

  1. Wattsan

New Amsterdam, Guiana

Em quantos restaurantes no mundo você pode topar com um peixe-boi nadando de boas? Tem missa também. A comida? Sei lá.

 

  1. Yuka Kaiten Sushi

Baku, Azerbaijão

Que tal comer sushi de salmão no Azerbaijão?

Eu também passo.

 

  1. Fonda Las Delicias

Cidade do México, México

Até que enfim o robozinho nos mostra um restaurante que parece ser seriamente bom. Ou não. Mas está lá desde 1925, o que deve significar algo. Ou não.

 

  1. Família Souza Panificadora

Guarapuava, PR, Brasil

A segunda aparição aleatória do Brasil é de uma padoca no interior do Paraná. Ou seja: é aleatório mesmo.

 

  1. Pizzeria Republika

Bardejov, Eslováquia

Um ponto em comum entre os eslovacos e os brasileiros: lá eles também colocam milho enlatado na pizza.

 

  1. Le Pirate

Monastir, Tunísia

Peixes na brasa e aquário com lagostas vivas na Tunísia. Deu vontade.

 

  1. Wild West Bar & Grill

Ierevan, Armênia

Burritos, tequila e caveira de boi na parede. É isso que você espera encontrar na Armênia? É isso o que temos por hoje.

 

  1. Poradeci

Pogradec, Albânia

A comida é um pouco indecifrável pelas fotos, mas o ambiente fala alto. De que são as peles que cobrem os bancos em volta das mesas?

 

  1. Cloud 9 Restaurant & Hostel

Pakse, Laos

Você viaja até o LAOS e a sobremesa típica é bolo de MARACUJÁ.

 

  1. Cafeteria Alex

Reus, Espanha

Um curioso arranjo de feijões branco numa curiosa linguiça.

 

  1. Shehanshah

Nasirabad, Paquistão

Para quem preza o isolamento, a tranquilidade, comer sob as estrelas, ao ar livre. De noite tem umas luzes bacanas.

 

  1. Maqayada Fartuun

Gaalkacyo, Somália

Enorme surpresa, este restaurantes somali. Coxinhas de frango, pilaf de arroz e até uma pizza bem fornida. Não dá para saber o contexto exato, mas tudo parece ser bom.

(Fiquei desconfiado da pizza, que é uma stuffed pizza ao estilo de Chicago. Dei um Google na foto: é de banco de imagens.)

 

  1. Pollo Campero

Sonsonate, El Salvador

Walter White se sentiria à vontade neste restaurante de frango.

 

  1. Pollo Estrella

Masaya, Nicarágua

Mas… de novo?

 

  1. Maquis Solution

Pala, Chade

Churrascão à moda da África Central. Estou dentro.

 

  1. Bacolod Chicken Inasal

Pampanga, Filipinas

O bolinho amarelo da segunda foto parece cuscuz, mas deve ser outra coisa.

 

  1. Fórum Étterem

Orosháza, Hungria

Um bufê self-service numa cidadezinha no sudeste da Hungria. O que pode dar errado?

 

  1. Car 2 Fast Food

Ulgii, Mongólia

Na Mongólia Ocidental, a 1800 km da capital Ulan Bator, a única pista que temos da comida é uma foto de pães e algum tipo de panqueca. Está mais do que bom.

 

  1. Majestic River

Kinshasa, Congo

Um barco-restaurante no rio Congo. Não dá para entender bem o que é a comida, mas está valendo.

 

  1. Timoté

Praia, Cabo Verde

Para terminar, um lugar cabo-verdiano que serve a batata frita dentro do sanduíche.

 

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O último bife em Montevidéu https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/03/05/o-ultimo-bife-em-montevideu/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/03/05/o-ultimo-bife-em-montevideu/#respond Sat, 06 Mar 2021 02:15:42 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/parrilla-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2965 Lembro-me como se fosse ontem, mas parece que faz um século. Objetivamente falando, foi há um ano cravado que embarquei para o Uruguai, na minha última viagem internacional.

Cheguei na madrugada de 5 de março de 2020 ao aeroporto de Guarulhos, quase vazio. Máscaras ainda eram escassas. Só cobriam um ou outro rosto de feições asiáticas.

O “novo” coronavírus já dominava o noticiário, mas os brasileiros esperávamos que a boa vontade divina nos poupasse dele. Quanto a mim, muita comida e muito vinho aguardavam em Punta del Este.

No hotel, o quarto dava vista oblíqua para o mar, que insistiu em permanecer marrom como as antigas enchentes da rua dos Lavapés.

Não. Baita indelicadeza com o amável povo uruguaio. Vou refrasear.

Em Punta, água pode ficar barrenta devido à proximidade do rio da Prata. O colossal estuário, que banha Buenos Aires e Montevidéu, despeja no Atlântico a lama das entranhas do continente. Naqueles dias luminosos, o reflexo solar sobre a água ocre mimetizava um oceano de dulce de leche lustroso.

Por falar nisso, no quarto do hotel me esperava uma bandeja com três mini-alfajores. Comi um e preservei os outros para o pós-esbórnia. Seria punk.

Fui mandado ao Uruguai pela editoria Turismo, para acompanhar a festa da colheita na mais premiada vinícola do país. Viagens assim são curtas e intensas, com os dias abarrotados de compromissos –dada a natureza da reportagem, igualmente abarrotado ficaria meu estômago.

Comi lula à doré à beira do mar de caramelo. Provei arroz de polvo e o peixe mais fresco em José Ignacio, a Trancoso regional. Devorei tacos e burritos com um bando de gringos num bar de cerveja artesanal.

Meus companheiros de viagem eram compradores de vinho norte-americanos. Foi com eles que voltei, numa van climatizada de janelas lacradas, da grande festa do vinho.

A celebração fechou a praça central de um vilarejo, com o chafariz repleto de gelo e garrafas de rosé. Brancos e tintos jorravam das mãos dos garçons nas mesas ao ar livre, além de empanadas, costela, cordeiro, mexilhões e peixe frito.

Abduzimos alguns rosados para o retorno ao hotel, coisa de uma hora no caminho de chão. Bebemos em copos plásticos enquanto cantávamos, aos berros, “Cecilia”, de Paul Simon –27ª colocada da parada “Billboard” na semana em que eu nasci.

No dia seguinte, ressaca e aeroporto em Montevidéu. Antes, uma escala na parrilla Garcia, churrasco de patrão no bairro Carrasco. O último ojo de bife antes de 2020 nos golpear abaixo da linha da cintura.

Guarulhos, domingo à noite: funcionários usavam máscara e um soturno aviso sobre a pandemia ressoava junto às esteiras de bagagem. A Itália já empilhava cadáveres. O texto ainda não saiu porque o Uruguai fechou as fronteiras.

Passei a semana seguinte sozinho em casa, com gripe e febre. Não sei se foi Covid. Não sei se foi o bonde do vinho rosé com os gringos.

Não sei se um dia vamos voltar a festejar daquele jeito.

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Dieta do chef Claude expõe realidade que o reality da TV não mostra https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/03/04/dieta-do-chef-claude-expoe-realidade-que-o-reality-da-tv-nao-mostra/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/03/04/dieta-do-chef-claude-expoe-realidade-que-o-reality-da-tv-nao-mostra/#respond Thu, 04 Mar 2021 03:00:38 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/claude-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2962 O chef franco-carioca Claude Troisgros fez dieta.

Membro da aristocracia gastronômica da França e astro da televisão no Brasil, Claude decidiu compartilhar o esforço para emagrecer com as 858 mil pessoas (eu incluso) que o seguem no Instagram.

Um ato de coragem, pois despe Claude de todo o glamour –falso, no meu entender– vendido pelos restaurantes de luxo e pelo espetáculo dos realities de culinária.

No dia 22 de fevereiro, o cozinheiro postou uma folha de papel com o plano alimentar de uma semana –que, em tese, deveria fazê-lo perder 3 ou 4 quilos nesse tempo. A base da dieta é uma sopa de legumes batida no liquidificador.

Se na TV e em seus restaurantes Claude capricha no visual da comida, o cardápio da dieta é pouco atraente para os olhos. O chef até tenta deixar bonitinho, mas o resultado é no máximo razoável.

As refeições de Claude campeãs do “troféu Comidas Feia” são: uma omelete de carne amorfa e de cor indefinida, uma carne com quiabo de aparência alienígena e a própria sopa, servida com bananas da terra.

Em sua dieta, Claude nos exibiu conteúdo 100% caseiro, doméstico, claramente produzido por ele mesmo –falo tanto das comidas quanto das fotos amadoras, que realçaram a falta de beleza dos pratos.

O que você vê nos restaurantes de Claude e nos realities que ele apresenta é o resultado do trabalho de equipe. No caso, equipes de cozinha e de TV que estão entre as melhores do Brasil. É tudo arquitetado: tem um longo planejamento atrás e tentativas prévias frustradas, erros e rearranjos até o produto adquirir a forma desejada pelos criadores.

Não dá para esperar algo semelhante feito em casa, por uma pessoa, ainda que essa pessoa seja o Claude.

E não dá para esperar beleza de uma dieta à base de legumes liquefeitos.

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A ruína da cantina escolar e a desgraça de ser criança na pandemia https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/02/02/a-ruina-da-cantina-escolar-e-a-desgraca-de-ser-crianca-na-pandemia/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/02/02/a-ruina-da-cantina-escolar-e-a-desgraca-de-ser-crianca-na-pandemia/#respond Tue, 02 Feb 2021 17:28:10 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/escola-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2875 Meu filho, hoje com 8 anos, tinha um projeto no comecinho do ano passado, quando mudou de escola: chegar logo ao terceiro ano para poder comprar o próprio lanche na cantina.

Veio a pandemia.

Agora, mesmo com o coração na boca, mandamos o moleque de volta às aulas presenciais. Em outra cidade, em outra escola ainda. No terceiro ano, afinal. Mas sem cantina.

O pirralho ficou desapontadíssimo.

Eu entendo e concordo que não se devam abrir as cantinas escolares neste momento. Isso não me impede de sentir muito pelos microempresários que perderam o sustento; e muitíssimo pelas crianças que tiveram a autonomia roubada (ou, no caso do meu filho, adiada indefinidamente).

Lembro da minha própria alegria quando pude, finalmente, levar uns trocados para comprar meu próprio lanche. Até então, morria de inveja dos garotos na fila da cantina. Eu comida algo frio que a mãe havia preparado –decerto comida muito melhor, mas isso não me interessava.

Onde eu estudava, havia a cantina para comprar a comida, sanduíches gordurosos feitos na chapa e uns doces cheios de corantes e aromatizantes que hoje devem ser proibidos. Havia, no outro lado do corredor, uma despensa desativada onde ficava a dona Nena, que vendia refrigerante em temperatura ambiente.

Aquele era o gostinho morno da liberdade!

Quando conheci o bandejão da USP, muitos anos depois, meu entusiasmo com a merenda escolar já estava bastante arrefecido.

As crianças da geração Covid não podem escolher o próprio lanche nem passar fome no recreio para comprar chiclete na saída. Isso é uma desgraça. Só mais uma dentre as várias desgraças para quem cresce na pandemia.

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O rabo de Bolsonaro no rodízio de carne https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/01/29/o-rabo-de-bolsonaro-no-rodizio-de-carne/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2021/01/29/o-rabo-de-bolsonaro-no-rodizio-de-carne/#respond Sat, 30 Jan 2021 02:15:08 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/abrasel-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2863 O espeto corrido das churrascarias rodízio é uma verdadeira aula de anatomia. Passa coração, passa asa, passa maminha, passa costela. Em Brasília, na quarta-feira (27), teve rabo no churrascão –algo fora do comum até nos rega-bofes do governo com a turma do Amado Batista.

Quem levou o rabo maroto foi justamente o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. O rabo saiu da boca do chefe do Poder Executivo Federal.

E por que o presidente estava com o rabo na boca?

Porque a imprensa decidiu publicar algo que já era público, as despesas do governo com alimentação. Chamou a atenção das redes sociais o montante destinado à compra de leite condensado –R$ 15.641.777,49 que teriam sido gastos, no ano passado, segundo o site “Metrópoles”.

Aí Bolsonaro mandou a imprensa enfiar o leite condensado no rabo. E ainda cuspiu um “puta que o pariu”.

Os editores da Folha, em condições normais, não me deixariam estampar um “puta que o pariu” nesta coluna. É feio, é grosso, é desnecessário.

Mas eu apenas reproduzo a fala do Presidente da República. Esse é o tipo de exemplo com que temos de lidar desde 2019.

Vou imitar o Fabio Porchat para propor um pequeno exercício de imaginação. E se o Lula mandasse a imprensa enfiar cachaça no rabo? E se a Dilma soltasse um palavrão no meio de um evento público? Não vou nem falar do Temer, o gentleman do Jaburu…

Imagine o massacre que ocorreria se qualquer outro presidente fizesse o que Jair fez no churrabo.

Não estamos em condições normais –e a pandemia pouco tem a ver com isso. O comportamento do presidente é inaceitável sob qualquer ponto de vista. Quanto mais a sociedade brasileira vai apodrecer até que os donos das cordinhas de marionete percebam o tamanho do absurdo?

Bolsonaro precisa ser impedido.

 

* * *

 

Por falar em mau exemplo, marcou presença no churrabo de Brasília o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci.

Antes do almoço, o representante do setor de restaurantes reuniu-se com Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e os ministros Paulo Guedes (Economia) e Gilson Machado Neto (Turismo).

Na pauta, um pedido de socorro ao governo. Na mesa de reunião, apenas Guedes usava máscara. Na imagens do churrabo, só os garçons aparecem mascarados.

Enquanto isso, em São Paulo, nomes influentes da gastronomia se mobilizam para convencer a opinião pública de que comer fora é seguro. Dizem seguir os protocolos sanitários. Protestam contra o endurecimento das medidas de distanciamento social, que restringe o funcionamento dos restaurantes.

O desespero dos donos de restaurantes é justo. O governo tem obrigação moral de socorrê-los. Não acho que tenham razão em querer relaxar a quarentena –a pandemia saiu de controle e a nova cepa de Covid-19 é um monstro.

O périplo brasiliense do presidente da Abrasel é, para dizer o mínimo, um desastre de relações públicas para a categoria. Procurado pela coluna, Solmucci disse que o almoço não era um compromisso de sua agenda pela associação. Ele também afirmou que usou máscara o tempo todo, exceto enquanto comia.

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Pê-efe de restaurante chique perde feio para a comida de boteco https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/10/13/pe-efe-de-restaurante-chique-perde-feio-para-a-comida-de-boteco/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/10/13/pe-efe-de-restaurante-chique-perde-feio-para-a-comida-de-boteco/#respond Tue, 13 Oct 2020 15:08:25 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/faisao-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2561 E finalmente começa a semana. Falemos de almoços de trabalho.

Quando eu era editor de revista –coisa de dez anos atrás–, almoçava fora a convite pelo menos duas vezes por semana. Eram eventos de vinícolas, de produtores disso ou daquilo, do próprio restaurante ou de comitês de turismo. Esqui no Colorado, vida boa no Caribe, esse tipo de coisa.

Quanto menos ligado à gastronomia era o anfitrião, menor era o cuidado com a escolha do cardápio. Os almoços de vinho eram quase sempre ótimos; os de turismo, quase sempre bem mais ou menos.

Estes pautavam os encontros pelo status do restaurante. E nenhum restaurante, no começo da década, tinha tanto status quanto o D.O.M., de Alex Atala. Fui algumas vezes ao salão de eventos do D.O.M.

Não eram eventos baratos, tenho certeza disso. Mas os donos da bagaça tentavam economizar um pouco aqui e ali.

Um dos artifícios para aliviar o preço do aluguel do D.O.M. era a escolha, para todos os convidados, do executivo inspirado nos pratos-feitos da cozinha brasileira. Arroz, feijão, farofa, batata, salada e uma escolha entre bife, frango ou peixe.

Comi o pê-efe do D.O.M. duas ou três vezes.

A concorrência dos botecos é desleal. Em quase todos os casos, eles dão de mil a zero nos restaurantes ditos gastronômicos que se metem a fazer o trivial brasileiro. O “quase” está aí porque existem botecos muito ruins e restaurantes caros que arrasam na comida brasileira sem frescura –Bar da Dona Onça e Jiquitaia são dois exemplos.

Não tenho a menor dúvida de que restaurantes do naipe do D.O.M. empreguem os melhores profissionais de cozinha do Brasil. Cozinhar o rango do almoço, porém, envolve jogar numa liga totalmente diferente.

É como se os astros da Champions League fossem desafiados a bater uma bola na várzea, depois da chuva, descalços, com o time do Bar do Jão, que joga todo sábado na base da cachaça, do Derby sem filtro e da canelada. O favoritismo despenca e pode até se inverter.

Glamurizar um PF não é mole. Você pode melhorar a qualidade dos ingredientes, mas o teto de excelência do feijão refogado ou do arroz branco é bem baixo –um bom restaurante popular chega lá facinho.

O tempero, em restaurantes de alta reputação, tende a ser mais suave, mais sutil. Nada da avalanche de alho, cebola e sódio da comida caseira brasileira tradicional. Na comparação, o comercial chique é sempre um pouco sem graça.

O ponto mais frágil da aventura popular de chefs consagrados é a perda da autoralidade. Eles estão acostumados a executar receitas próprias , exclusivas, espécimes únicos. Ao cozinhar aquilo que todo mundo cozinha, ficam expostos ao julgamento comparativo.

Por fim, existe o tal do custo-benefício. Por mais que um PF de grife ofereça manteiga artesanal no couvert, o preço será assustador para uma pratada de arroz com feijão.

Pode parecer vantajoso gastar um pouco menos para pedir feijoada ou picadinho num restaurante de chef famoso. Não é. Você sai perdendo duas vezes. Na primeira, banca a maior margem de lucro do cardápio inteiro. Na segunda, deixa de provar a comida que fez a fama do restaurante –e que não se encontra em nenhum outro lugar.

O inverso é também é verdadeiro. Pedir comida metida a sofisticada em restaurante popular costuma ser um péssimo negócio.

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A estranha saudade de comida de avião https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/10/06/a-estranha-saudade-de-comida-de-aviao/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/10/06/a-estranha-saudade-de-comida-de-aviao/#respond Tue, 06 Oct 2020 03:00:29 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/aviao1-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2544 Hoje vou matar uma saudade muito estranha: a saudade de comida de avião. Voarei pela primeira vez desde março.

Já escrevi aqui, não muito tempo atrás, que o sabor da refeição de bordo é a expectativa da chegada. Essa é grande, já que finalmente vou conhecer meu primeiro neto, nascido no meio dessa pandemia maldita.

Não me agrada em demasia a ideia de compartilhar a cabine pressurizada com a galera, mas já deu. Daqui a pouco o moleque fica barbudo… ou eu fico com demência senil.

Peguei uma passagem numa promoção quase “de grátis” e vou fantasiado de apicultor. Até o Átila já liberou uma saidinha… essa é nível 7 de risco. Levarei repelente de terraplanista.

Se minha filha morasse em Portugal, eu saborearia um vinho alentejano bem ordinário no voo. Se ela morasse nos Estados Unidos, eu acordaria com aquele breakfast molambento de ovos pasteurizados e presunto. Se morasse na França, talvez eu tivesse manteiga decente para passar no pão.

Mas ela mora em Brasília. Pouco mais de uma hora de voo de São Paulo.

Almoçarei amendoim. Ou melhor, vou guardá-lo para o lanche da tarde. Pelo menos não terei de brigar com os talheres de plástico.

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P.S.: Não matei a saudade. Não tinha serviço a bordo. Só um saquinho microscópico de chips de batata-doce para quem quisesse pegar no desembarque.

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O assombroso sanduíche podre do Burger King https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/09/22/o-assombroso-sanduiche-podre-do-burger-king/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/09/22/o-assombroso-sanduiche-podre-do-burger-king/#respond Wed, 23 Sep 2020 00:38:19 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/bk-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2506 Há alguns dias, o Burger King lançou no Brasil uma campanha publicitária sui generis. O vídeo do comercial mostra o Whopper –carro-chefe da rede norte-americana de fast-food– em quadro estático, numa filmagem que presumidamente demorou 34 dias e foi acelerada para durar 34 segundos. No final, o sanduíche está mofado.

Eita.

Uau.

Agora vem o texto que acompanhou o vídeo num post do Twitter em 18 de setembro:

“No Burger King, o sabor vem em primeiro lugar. Em segundo e terceiro também. Por isso, retiramos todos os conservantes de origem artificial do Whopper, porque comida de verdade é muito mais saborosa.”

Uma obra-prima da redação publicitária. Esqueça a primeira e a segunda sentenças, de sentido rigorosamente nulo. Na terceira frase, lê-se: “retiramos os conservantes (…)”. A escolha do verbo é assaz reveladora. Poderiam ter dito “não usamos”, “abominamos” ou “temos nojinho dos”. “Retiramos” pressupõe que eles estavam lá até outro dia.

Prosseguindo na mesma sentença, a peça afirma que a retirada ocorreu “porque comida de verdade é muito mais saborosa”. A lógica mais elementar nos leva a concluir: o Burger King confessa que, na encarnação da semana passada, vendia comida de mentira. Candura pura.

O assombroso do episódio é revelar a capacidade do marketing/publicidade de sabotar uma iniciativa fundamentalmente positiva. Não sou fã de nenhuma fast-food, mas é obviamente melhor para todo mundo que essas redes removam substâncias tóxicas do alimento.

Para quem não entendeu bem a campanha (com Nelson Ned ao fundo, cantando “Tudo Passará”), ela é a versão brasilina de uma ação global lançada no começo do ano. Uma provocação contra o McDonald’s. Já viraram folclore os experimentos amadores com sanduíches e batatinha do Mac, deixados ao léu por meses a fio, sem apodrecer.

A julgar pelo subtexto do comercial, o mesmo aconteceria antes com o Whopper do Burger King. Mas agora não, pois a “marca” é fantástica e passou a oferecer –atenção novamente– comida de verdade.

Comida de verdade é o mínimo que se espera adquirir de um comércio de comida.

O mínimo que se espera de um hambúrguer é que, esquecido à intempérie, ele apodreça em alguns dias. Cinco semanas para criar mofo azul, convenhamos, é uma meta acanhada. Eu falaria em moscas, larvas, moscas recém-nascidas e desintegração total nesse intervalo de tempo.

Só não digo que a campanha foi um tiro no pé porque, como se sabe, ninguém nunca perdeu dinheiro ao apostar na estupidez alheia.

O Burger King, em vez de tentar lacrar em cima da concorrência, deveria pedir desculpas por vender comida falsa entre 1954 e 2020.

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17 regras para voltar a comer em público https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/09/21/17-regras-para-voltar-a-comer-em-publico/ https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/09/21/17-regras-para-voltar-a-comer-em-publico/#respond Mon, 21 Sep 2020 09:00:16 +0000 https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/fritz-320x213.jpg https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/?p=2502 Gostemos ou não, a reabertura dos restaurantes e bares é uma realidade – assim como as reuniões nas casas dos amigos. A pandemia zoou tanto as nossas cabeças que parece que há anos não dividimos a mesa com outras pessoas. Isso é algo que carece de algumas regras. Para quem se esqueceu das normas básicas de convivência, eu pesquisei alguns comportamentos que parecem ser adequados.

 

  1. Mastigue de boca fechada
  2. Não enfie o garfo no prato alheio para roubar comida
  3. Desrespeitar a regra 2 pode resultar em ferimento ou morte caso o prato alheio seja da(o) irmã(o).
  4. São os donos da casa que escolhem onde pedir pizza.
  5. Se os donos da casa sempre pedem pizza ruim, arranje outros amigos.
  6. Cada convidado tem direito a escolher um sabor de pizza.
  7. Quando o convidado pede palmito com atum e come margherita, a regra 6 é automaticamente suspensa.
  8. Homens com barba não devem comer lámen no primeiro encontro.
  9. Mulheres com barba tampouco.
  10. No restaurante, gente desastrada à mesa deve optar por macarrão curto (como penne e parafuso) ou risoto. Comidas que exigem apenas um talher e nenhuma destreza.
  11. Você sempre estará de branco quando for comer sushi.
  12. Não entre em nenhum restaurante que tiver um funcionário abordando os passantes na calçada.
  13. Ao receber a carta de vinhos, examine-a atentamente antes de escolher a segunda garrafa mais barata. Optar pelo vinho mais barato de todos implica profundo desprezo dos garçons, está cientificamente comprovado.
  14. Quando o garçom lhe disser que “o ponto da casa já é rosado no centro”, desista de pedir carne. O bife vai chegar bem passado e você vai se irritar.
  15. Nos restaurantes, há dois tipos de casal: os que evitam pedir o mesmo prato (mesmo que ambos queiram comer aquilo) e os que sempre pedem o mesmo prato (para evitar a inveja da comida alheia).
  16. Aos muito jovens: é mentira a história de que nunca vai se casar quem come a última batata frita.
  17. Sentou, sorriu, a conta dividiu.

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P.S.: Perdão pela obviedade, mas este é um texto satírico. Por favor não se esqueça da recomendações sanitárias contra a Covid-19 se for compartilhar a mesa com pessoas de fora do seu convívio diário.

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