Churrasco em apartamento: um sonho possível

Picanha feita em casa com grelha japonesa de cerâmica (foto: Marcos Nogueira)

Antes de mais nada, devo me apresentar: sou mais um blogueiro de comida, como você pode perceber. Mas aqui o negócio é um pouco diferente. O nome deste blog – “Cozinha Bruta” – diz respeito ao meu método. Gosto de transformar ingredientes brutos, fugindo sempre que possível dos alimentos processados. Isso significa fazer o próprio macarrão, a massa de pizza, a linguiça, o bacon… Para conseguir bons resultados com os recursos limitados de uma cozinha doméstica, às vezes preciso improvisar. E essa é a graça da brincadeira.

Começo aqui na Folha com a retomada de um tópico que muito me agrada: churrasco. Morei toda a vida em apartamento e sempre tive inveja de quem vivia numa casona ou condomínio com área “gurmê”. Imagina só… churrasqueira de alvenaria…

Como a vida não me presenteou com meios para adquirir o imóvel adequado, saí pela tangente. Busquei meios de fazer churrasco no apartamento, encontrei e sosseguei o facho.

A fumaça, sinto dizer, é inevitável. Ou você tem uma boa coifa ou se conforma com ela. Existem utensílios que prometem fazer churrasco com pouca ou nenhuma fumaça – inclusive grelhas a carvão. Não caia nessa. A fumaça é o que faz do churrasco o que ele é. O chamado “gosto de churrasco” vem da gordura que pinga numa superfície quente, queima, vira fumaça e sobe, passa de volta pela carne e deixa nela um bom punhado de moléculas aromáticas. Sem a fumaça, você tem carne grelhada. Pode até ser excelente, mas não é churrasco.

Não dá para ter uma churrasqueira portátil no meio da sala. Na encarnação anterior deste blog, eu já abordei o assunto: obtive ótimos resultados ao montar uma churrasqueira a carvão numa frigideira de ferro sobre o fogão. Preciso reconhecer, contudo, que não se trata da coisa mais prática do mundo.

bife na grelha
A grelha japonesa em ação no fogão do apartamento (Foto: Marcos Nogueira)

Recentemente, encontrei o que procurei a vida toda. Uma grelha japonesa para peixe, como a que você vê na foto acima. É pequena, leve, barata, prática e barata – custa um pouco mais de R$ 40 na Marukai. Vai direto à boca do fogão e tem o fundo cheio de fendas que deixam as chamas penetrar. Logo acima, uma tela de material cerâmico atinge temperaturas muito altas e distribui o calor de modo uniforme. Sobre tudo isso, a grelha onde vai o alimento.

É boa para frango, peixe, legumes e, claro, carnes vermelhas. E conta com uma grande vantagem na comparação com a grelha de carvão: você está no controle da altura da chama. Assim é possível grelhar com perfeição até peças grandes, como a picanha da foto lá no alto.