As 10 coisas mais irritantes dos bares e restaurantes hipsters
1. Pague no caixa, pegue no balcão
Acho esse esquema OK quando preciso comer rápido para fazer algo importante –muito raramente eu faço algo mais importante do que comer. Sério, dá nos nervos quando você encara uma fila para pegar ficha sob o escrutínio de três atendentes entediados. Que ouvem música com FONE DE OUVIDO enquanto tiram catota da rosca do piercing do nariz.
Você quer beber algumas cervejas? Pega uma ficha por vez ou paga tudo numa tacada só? Até o galego do botequim mais infecto sabe que o sistema flui livremente quando você deixa o cliente abrir uma conta para pagar depois. E olha que o portuga nem cobra 13% de taxa de serviço.
2. Serviço lesado
Sim, às vezes os picos hipsters têm atendimento na mesa. Em geral, o esquema pague-pegue funciona melhor. Os funcionários desse tipo de estabelecimento são selecionados pelo diâmetro do alargador de lóbulo auricular. Não têm preparo nem interesse nem empatia, mas sabem tudo sobre o plantio biodinâmico de café. Sua missão é mostrar ao cliente, sempre de forma blasé, que ele deve voltar para o pardieiro de onde saiu.
3. Xícara sem asa
Queima os dedos, será que os caras não percebem isso? Tanto faz se a tal xícara vem do vale do Jequitinhonha, se é só um copo americano ou se foi projetada por um designer finlandês.
4. Banco de madeira sem encosto
Taí uma das coisas mais perversas do boteco hipster. No afã de obter maior rotatividade nas mesas, o tatuado empreendedor instala o mobiliário mais desconfortável que ele encontra. Bancos de madeira sem encosto, de preferência ao relento. Doem a polpa das nádegas e a lombar. O popular cofrinho fica exposto à população em geral. Chega a dar saudade do esguicho de água gelada que o seu Zé usava para expulsar a freguesia quando queria fechar o bar.
5. Mesão
É parça do banco de madeira, os dois sempre andam juntos. Serve para promover a convivência compulsória de estranhos sem a mais remota vontade de interagir.
6. Cerveja no pote de geleia
Algum cretino do Brooklyn inventou que era bacana beber em potes de geleia, e a papagaiada brasileira replicou. O engraçado é que alguns desses hipsters são também cervochatos que acham um absurdo tomar cerveja em copo americano.
7. Bolovo, bolovo, bolovo
Criatividade é isso. Fulano encasqueta de servir bolovo no boteco e faz sucesso. O vizinho copia. De repente, o bolo de ovo vira item obrigatório nos cardápios da cidade toda. Mas não é só de bolovo que vive o bar hipster. Tem também hambúrguer –de carne e de feijão. E IPA. E ketchup artesanal de pequeno produtor. E sriracha. E bacon.
8. O culto ao bacon
Até poucos dias atrás, a seita hipster achava que o bacon era a panaceia universal. Não sei se ainda é assim, agora que eles desviaram o foco para os canudinhos de plástico que matam golfinhos fofos.
9. O bar-bearia
Servir comida e bebida num ambiente com fragmentos de fios de cabelo e barba em todos os cantos. É realmente uma ideia brilhante.
10. Não tem bebida normal
Suco? Tem o energia cósmica: couve, beterraba, pitaia, ora-pro-nóbis e ruibarbo. Refri? Não tem, só kombucha. Cerveja? Double hazy fizzy juicy IPA, R$ 44, por favor. Vinho? Prefere aroma de cavalo suado ou notas de asfalto ao sol? Café? Escolha nesta planilha de Excel. Água? Toma aqui uma canequinha e vai buscar no banheiro.