Ketchup na pizza: pecado mortal ou dá para perdoar?
Sou paulistano, não consigo evitar. A simples visão de um sachê de ketchup a menos de 5 metros de uma fatia de pizza me causa engulho. Revolta. Desgosto profundo.
Pizza com ketchup é a vida nas outras 26 unidades federativas do Brasil. Algo me diz que eu não deveria ser tão radical. Vou tentar.
Não existe motivo razoável para condenar o hábito –a não ser o fato de ele unir uma pizza terrível a um condimento industrial vagabundo.
Quantos sacrilégios contra a pizza italiana não cometeu São Paulo? Vou listar alguns:
- O frango
- O catupiry
- O frango com catupiry
- O excesso de cobertura
- A borda com gergelim
- A borda recheada
- A borda recheada com catupiry
- A borda recheada com cheddar
- A pizza doce
- A pizza doce de Nutella
Dez está bom para você? Não? Vamos ao décimo-primeiro: o azeite. Qual não foi a minha surpresa quando, numa pizzaria toda frufru na Califórnia, pedi azeite e paralisei de pasmo o garçom.
Naquele momento, todas as minhas crenças sobre a pizza paulistana ruíram. O azeite, tão nobre azeite que usamos para adicionar deliciosidade à pizza no prato, é uma excrescência para todos os outros povos apreciadores de pizza.
Como mandar para o inferno os comedores de ketchup se nós mesmos cometemos tantas barbaridades contra a pizza. Ela, como qualquer outro alimento, sofre transformações quando viaja. É natural.
Mas sou paulistano, não consigo evitar. Ketchup é dose. Não que eu defenda a pena de morte para quem o aplica sobre a pizza. Apenas um castigo de intensidade moderada. Tipo comer um sanduíche de mortadela do nosso Mercadão.