Ketchup na pizza: pecado mortal ou dá para perdoar?

Sou paulistano, não consigo evitar. A simples visão de um sachê de ketchup a menos de 5 metros de uma fatia de pizza me causa engulho. Revolta. Desgosto profundo.

Pizza com ketchup é a vida nas outras 26 unidades federativas do Brasil. Algo me diz que eu não deveria ser tão radical. Vou tentar.

Não existe motivo razoável para condenar o hábito –a não ser o fato de ele unir uma pizza terrível a um condimento industrial vagabundo.

Quantos sacrilégios contra a pizza italiana não cometeu São Paulo? Vou listar alguns:

  1. O frango
  2. O catupiry
  3. O frango com catupiry
  4. O excesso de cobertura
  5. A borda com gergelim
  6. A borda recheada
  7. A borda recheada com catupiry
  8. A borda recheada com cheddar
  9. A pizza doce
  10. A pizza doce de Nutella

Dez está bom para você? Não? Vamos ao décimo-primeiro: o azeite. Qual não foi a minha surpresa quando, numa pizzaria toda frufru na Califórnia, pedi azeite e paralisei de pasmo o garçom.

Naquele momento, todas as minhas crenças sobre a pizza paulistana ruíram. O azeite, tão nobre azeite que usamos para adicionar deliciosidade à pizza no prato, é uma excrescência para todos os outros povos apreciadores de pizza.

Como mandar para o inferno os comedores de ketchup se nós mesmos cometemos tantas barbaridades contra a pizza. Ela, como qualquer outro alimento, sofre transformações quando viaja. É natural.

Mas sou paulistano, não consigo evitar. Ketchup é dose. Não que eu defenda a pena de morte para quem o aplica sobre a pizza. Apenas um castigo de intensidade moderada. Tipo comer um sanduíche de mortadela do nosso Mercadão.