10 delícias que você só come no Brasil

E segue a programação especial da Semana da Pátria. Desta vez, destaco as maravilhas que um brasileiro nunca vai encontrar (decentemente) no exterior.

1.Farofa

Talvez a comida mais característica do Brasil, ela é incompreendida no resto do mundo. Os estrangeiros não conseguem entender a deliciosidade da textura seca e crocante da farinha torrada. Bando de panacas.

Farofa de pão de Ana Bertoni, mãe do blogueiro bruto, executada pelo próprio (foto: Marcos Nogueira)

2.Churrasco

O mundo inteiro sabe grelhar carne na brasa, mas o ritual do churrasco é uma exclusividade dos brasileiros. Nos outros lugares, a coisa funciona assim: alguém vai à churrasqueira, acende o carvão, assa a carne e, quando ela está pronta, chama os convidados. Estes sentam, comem e vão embora.

No Brasil, o churrasco é programa para um dia inteiro. Todos ficam em volta do churrasqueiro, dando palpites e roubando comida malcozida. Primeiro sai o pão de alho, depois a linguiça, o coração e a asinha. A picanha e as outras carnes de boi vão sendo liberadas aos poucos, fatiadas e comidas com pão, farofa e vinagrete.

Enquanto tudo isso rola, hectolitros de cerveja descem goela abaixo dos convidados.

Quando a brasa começa a fraquejar, já é noite… hora de começar a assar a carne do jantar.

 

3.Tucupi

Típico do Norte, feito com o caldo fermentado da mandioca, é a delícia mais subestimada do Brasil. Fora da Amazônia, o tucupi é tratado como uma iguaria exótica e extravagante. Uma pena: trata-se de um ingrediente com múltiplas possibilidades gastronômicas. A acidez e o sabor únicos combinam com muitas outras comidas além do pato e do pirarucu. É usar a criatividade. E deixar o folclore de lado um pouquinho.

 

4.Feijoada

A origem é ibérica – nossa feijoada é uma variação de pratos como a feijoada trasmontana e a fabada asturiana. Só que a feijuca brasileira evoluiu de forma muito peculiar. Ao feijão preto, alimento de predileção dos africanos, somaram-se embutidos, carnes salgadas e defumadas difíceis de se obter fora do país. Isso sem falar na farofa de mandioca. Em restaurantes brasileiros no exterior, a feijoada talvez satisfaça os imigrantes saudosos – mas é sempre uma experiência frustrante para o turista que decide almoçar em português.

 

5.Acarajé

A fritura de feijão-fradinho, trazida da África Ocidental, ganhou sofisticação inédita na Bahia. Em países como Nigéria e Gana, o akara é um bolinho semelhante ao faláfel do Oriente Médio. Os complementos – camarão, vinagrete, caruru e vatapá – são exclusividade da versão brasileira.

 

6.Moqueca

Não é um prato. São pelo menos três: a moqueca baiana, a capixaba e a paraense.

A origem da moqueca é controversa: uma corrente a atribui à técnica indígena de abafar peixes em folhas de bananeira; outra vê sua ascendência nas caldeiradas da África ocidental.

A moqueca baiana leva dendê e leite-de-coco. A capixaba, urucum e muito coentro. A paraense, tucupi e jambu. Em todas, o peixe é a base mais comum. A panela de barro é outra característica partilhada.

A moqueca é tão valorizada em seus lugares de origem que acabaram detonando rivalidades regionais. Enquanto baianos e capixabas debatem qual versão é melhor, o resto dos brasileiros podem aproveitar a moquecq em todas as suas formas.

moqueca capixaba
A quantidade de coentro na moqueca capixaba pode assustar (e sempre assusta) os desavisados (foto: Marcos Nogueira)

 

7.Brigadeiro

Em visita ao Brasil, Jamie Oliver chutou o balde: “brigadeiro é lixo”. Ele não deixa de ter alguma razão. Nas versões mais simplesinhas, o doce ´pe um festival de açúcar: leite condensado, achocolatado e granulado “tipo chocolate”.

O que Jamie não entende é a paixão do brasileiro pelo açúcar. Os doces muito doces são presentes nas tradições do Recôncavo Baiano e da Zona da Marta nordestina, onde estavam nossos primeiros engenhos de cana-de-açúcar. A adoção do leite condensado como ingrediente quase universal na doçaria nacional apenas reforçou nossos hábitos de formiga.

O brigadeiro de hoje pode vir gourmetizado, mas não é isso que seduz o paladar das massas. É o açúcar, mesmo. Somos viciados. E dane-se que os estrangeiros não gostem: o brigadeiro é nosso!”

 

 

8.Pudim de leite

Cai no mesmo caso do brigadeiro: é muito doce, leva leite condensado. Pudim não é flan. Pudim não é crème caramel. Pudim é muito melhor. E é nosso.

 

9.Comida mineira

Pão de queijo. Só ele seria suficiente. Tutu, tropeiro, mexido, vaca atolada, torresmo, couve, pururuca, taioba, ovo frito, costelinha, angu, ora-pro-nóbis, cachaça. Poucas coisas são melhores no universo.

 

10.Pizza paulistana

Haters me odiaram por causa do esculacho que dei na pizza de São Paulo em um post anterior. Eu nasci na cidade e sempre vivi aqui, posso criticar o que é meu. Deselegante é meter o pau nos hábitos dos outros.

Falei das pizzas ruins de São Paulo – elas estão em toda parte – para provocar as vozes que bradam um ufanismo irracional. Adoro ver esse povo espumando de raiva.

Em São Paulo, a pizza lixo convive com um estilo de pizza único, original e muitas vezes brilhante. Juntamos a bagagem italiana com os costumes ibéricos. Em linhas gerais, prezamos a fartura da cobertura. Adoramos linguiça e cebola. Queremos muito queijo. Exageramos e perdemos a mão – esse é nosso maior problema.

Tem pra todo mundo. As boas pizzas paulistanas podem vir com massa grossa (Castelões, Bráz), fina (Angelo, São Pedro), muito fina (Venite, Monte Verde), tradicional (Speranza), criativa (Pizza da Mooca) ou até frita (Bruno).

Pizza margherita da Speranza, uma das casas mais tradicionais de São Paulo (foto: Divulgação)