9 gororobas bizarras que só o brasileiro consegue comer
Na sequência da série de posts temáticos da Semana da Pátria, hoje falo das aberrações gastronômicas apreciadas pelos nossos conterrâneos.
1.O dogão de São Paulo
Salsicha de carne-mistério, pão de gordura hidrogenada e açúcar, uma montanha de complementos: mostarda, ketchup, batata-palha, purê de batatas, frango desfiado, gosma tipo cheddar, carne moída, maionese, queijo ralado.
Essa bagaça toda faz o cachorro-quente de festa infantil, com a mesma salsicha-lixo e molho de tomate, parecer uma iguaria dos deuses.
2.O xis gaúcho
A nostalgia e o bairrismo são drogas poderosas. Só isso pode explicar por que os gaúchos, incluindo os expatriados, veneram o tal xis. Ele parece os sanduíches enormes e bizarros vendidos nos quiosques do Boqueirão, em Santos, para alimentar jovens bêbados na madrugada.
O tamanho exagerado até dá para perdoar. O que vai dentro do pão não dá. Coração de frango. Milho e ervilhas – enlatados – como complemento obrigatório. Coisa tosca que persiste desde o século passado. Dá para fazer melhor, gauchada.
3.A batata frita com queijo ralado
Provei pela primeira vez em Natal. Depois a moda se espalhou pelo país. Que lixo é esse? Compram queijo ralado da pior qualidade, com fragrância de chulé de múmia, e terminam de estragar uma fritura que já era oleosa. Desnecessário e lastimável.
Vale o mesmo para a polenta e para a mandioca frita.
4.O rodízio de salmão
O sushi do brasileiro médio vem em duas variedades: o de peixe branco e o de salmão. O primeiro é tilápia, panga ou qualquer coisa congelada e barata. O segundo, nesse contexto, é luxo.
Brasileiro sai de casa para se entupir de salmão no restaurante “tipo japonês”. Temaki de salmão. Sashimi de salmão. Niguiri de salmão. Uromaki de salmão. Não interessa se o salmão vem contaminado de metais pesados. Não interessa se a cor laranja vem da ração das fazendas chilenas de peixe. É salmão, mano. Muuuuito salmão. Com maionese, cream cheese e tudo a que a gente tem direito.
Eu passo, obrigado.
5.A pizza de frango com catupiry
A galera paulistana ficou tiririca na semana passada, quando eu apontei uma série de monstruosidades cometidas contra a pizza na capital gurmê do país. Não retiro uma palavra.
Acrescento que as pizzas-chorume que abundam em São Paulo são descendentes do frango com catupiry.
Em algum momento, algum desgraçado achou uma boa ideia encher a massa de pizza com requeijão pastoso. Outro maldito completou a lambança com peito de frango cozido.
Passa boi, passa boiada. Desde então, a pizza paulistana não é mais a mesma. Hoje vale qualquer barbaridade.
6.A barca de açaí
O açaí na tigela já era uma abominação. No Pará, a polpa do coquinho roxo é comida sem açúcar, com peixe frito. Eu acho que tem gosto de terra (há quem curta), mas não existe razão para achar que xarope de guaraná, banana e granola deixem terra com um sabor melhor.
Além de ruim, a barca é de um ridículo atroz. Uma imitação de barca de sushi com tudo o que há de pior na MPB (Merenda Popular Brasileira): leite em pó, confeitos de (suposto) chocolate, leite condensado, mais confeitos (agora, coloridos), fragmentos de Kit Kat, sucrilhos, paçoquinha, mais leite condensado. Eca. Eca. Eca.
7.O pastel gigante
É a versão lotada de recheio do superdimensionado pastel de feira. Uma vez comi um desses num lugar famoso em Bertioga, litoral paulista. Tinha um tablete inteiro de queijo, meio derretido, dentro da massa.
Não é só em São Paulo que essa tendência tem força. Numa recente viagem ao Espírito Santo, fui a um bar bacaninha e pedi um pastel que me parecia interessante: carne louca com queijo.
Recebi um monstro de quase um quilo que se desmantelou nas primeiras mordidas, espalhando caldo quente pelas minhas mãos.
Se você precisa de garfo e faca para encarar um pastel, algo está errado. Muito errado.
8.O milho verde com margarina
Milho verde cozido é bom. Margarina é uma das piores coisas já inventadas pela humanidade. Por que os ambulantes vendem isso? Por que o pessoal compra? Por quê?
9.Os híbridos mutantes
Brasileiro adora inventar moda. Quando inventa moda, faz caquinha.
Nossos gênios criativos pensam que a soma de duas coisas gostosas resulta em algo melhor ainda. Um sintoma da nossa indigência na matemática.
Feijoada de sorvete, fondue de coxinha, acaraburger (hambúrguer com “pão” de acarajé), pizza de sushi, coxibe (coxinha + quibe no mesmo salgado), temaki no pote, sanduíche de pastel, esfiha de brigadeiro. Onde está a ONU quando mais precisamos dela?