Porco malpassado pode? Claro que sim!
Causou estranheza ao povo que me acompanha nas redes sociais a foto aí em cima. A imagem, publicada no Instagram, no Facebook e no twitter, é do almoço que eu preparei em casa ontem.
Reparem que a carne está rosadinha. Grelhada antes do ponto.
E é porco. Lombo de porco canastra, uma raça de genética ibérica, parente do porco preto alentejano. Muito, mas muito mais saboroso do que o porco dos grandes criadores.
Brasileiro tem horror a carne de porco malpassada.
Entende-se. Até algumas décadas atrás, a suinocultura era bem precária no país. Os porcos comiam dejetos, viviam em chiqueiros insalubres e transmitiam doenças como a teníase ou, pior ainda, a cisticercose – quando a larva do mesmo verme (a tênia) migra para o cérebro da pessoa que comeu carne malcozida.
Hoje o Brasil é um grande exportador de carne suína. Precisa seguir regras sanitárias internacionais.
Por isso, a carne de porco é tão segura quanto a de boi. O que significa que é bastante segura. Há, porém, um risco remoto de contaminação ao comê-la malpassada. Esse risco existe principalmente nos restaurantes –você nunca sabe 100% a procedência da carne que chega ao prato. Com o boi é a mesma coisa.
É, convenhamos, um risco que vale a pena correr. O mundo seria bem pior sem o bife sanguinolento e o ovo com gema mole. Por que não estender o voto de confiança ao porco?
Muita gente não gosta de lombo porque acha a carne muito seca. Bingo!, prepare o lombo ao ponto e você terá uma experiência reveladora. O da foto é muito simples. Usei um dry rub, mistura de temperos secos: sal, pimenta-do-reino, alho em pó, cominho, colorau e mostarda em pó. Aí é só grelhar na churrasqueira ou numa frigideira de ferro bem quente.