7 truques da indústria de alimentos para enganar o consumidor
As gôndolas do supermercado têm mais truques do que mágico de festa infantil. A indústria alimentícia se vale de brechas da lei para incluir pegadinhas aqui e ali – na composição do produto e na rotulagem capciosa. É tudo dentro da lei. Enganação legal.
Esta lista não tem fim. Usei apenas sete exemplos para não deixar a leitura cansativa demais.
Antes de passar aos casos concretos, uma recomendação séria: leia os rótulos dos alimentos que você compra. Sempre. É nas letras miúdas que se esconde a malandragem.
Na lista de ingredientes, tenha em mente que a lei manda ordená-los em ordem decrescente de proporção. Ou seja, vêm antes os nomes dos elementos que aparecem em maior quantidade.
Água no frango
Funciona assim: a empresa encharca o frango de água antes de congelá-lo. Assim, o consumidor leva água a peso de frango – e só descobre a trapaça quando descongela o penoso.
A tunga permitida pela legislação brasileira é de 6% do peso total do galináceo. Como a fiscalização só é feita de tempos em tempos, muitos produtores optam por desrespeitar esse limite. O dinheiro gasto com as eventuais multas é muito menor do que o lucro obtido com a fraude no peso.
Soja e água no hambúrguer
É um expediente muito semelhante ao anterior, só que mais avançado. O hambúrguer é feito de carne triturada, indistinguível na aparência dos pedacinhos de proteína texturizada de soja (PTS).
Sozinha, a PTS já barateia um bocado o produto. Mas aí entra a água: a PTS a absorve como uma esponja, o que aumenta ainda mais o volume e o peso do hambúrguer.
Se você examinar os ingredientes dos hambúrgueres mais populares de grandes marcas, notará que a água é o segundo nome da lista, depois da carne. Em seguida vêm a gordura bovina e a PTS.
Suco “sem adição de açúcar”
Os fabricantes de sucos de frutas descobriram um jeito de driblar a lei e dar ao consumidor a impressão de que ele compra algo mais saudável. Em vez de empregar o açúcar feito nas usinas de cana, eles concentram suco de maçã até este virar um xarope de alto poder edulcorante. É suco, mas é açúcar.
Sorvete “feito com leite”
Aqui temos uma manipulação subliminar sofisticada.
Sorvetes bons, em especial sabores como creme e chocolate, são feitos à base de leite e creme de leite. A versão barata, do potão de plástico, tem como base a gordura vegetal hidrogenada. Não há nada na lei que obrigue o fabricante a usar laticínios no sorvete – muitos não usam.
Mas alguns industriais perceberam que podiam mudar a percepção do público com a adição de uma quantidade irrisória de leite. E estampar uma leiteira na embalagem. E anunciar que o sorvete é feito com leite – quase nada de leite.
Tomate italiano chinês
Quem compra produtos importados precisa saber que as leis estrangeiras também são passíveis de burlas. Na União Europeia, por exemplo, alimentos processados podem estampar no rótulo o país em que se encontra a indústria.
Isso é especialmente problemático com itens em que o processo industrial praticamente se limita ao envase –como os tomates em lata e o azeite de oliva.
A Itália cultiva muito tomate, mas não o suficiente para abastecer o mundo. Assim, abastece sua indústria com frutos vindos da China ou de outros países.
A parcela mais consciente do público europeu já percebeu o caô. Para atender às demandas desse consumidor, a indústria criou linhas de produtos com origem identificada. No caso dos tomates, só são italianos de verdade aqueles que têm no rótulo os dizeres “100% tomates italianos” ou algo do tipo. Eles são mais caros do que os outros, mui logicamente.
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Maionese light
Maionese, na definição clássica, é uma emulsão de ovos com óleo. Para a indústria, esse conceito é mais flexível.
Assim, criou-se a “maionese light”, em que parte dos ingredientes gordurosos são substituídos por amido. Maisena. Eles simplesmente fazem um mingau para engrossar o produto. E continuam chamando a coisa de maionese, porque a lei brasileira não os proíbe.
Parmesão sem lactose
Lactose é o açúcar do leite. Nos processos de fermentação e maturação do queijo, ela é transformada em ácido láctico. Em queijos com mais de três meses de maturação, a lactose desaparece quase por completo.
Para ser rotulado como parmesão, o queijo precisa envelhecer por 6 meses, no mínimo. Não existe lactose em nenhum parmesão. Mas, ainda assim, há fabricantes que separam parte do queijo para rotular como “sem lactose” – e cobrar uns tostões a mais do consumidor ludibriado.
Esse é um truque muito comum na indústria: anunciar a eliminação de um componente que nunca existiu. Já houve a época do óleo vegetal sem colesterol e a dos frangos sem hormônios (que sempre foram proibidos por lei). A legislação vai se ajustando e obrigado os fabricantes a mudar a rotulagem.