Os 13 piores perrengues do restaurante por quilo
Restaurante por peso – também chamado por quilo o a quilo, dependendo da região do Brasil – é uma invenção formidável. Você faz uma refeição muito mais saudável do que um sanduba ou um salgado da padaria. Monta o próprio prato no tamanho do seu apetite e, em geral, paga um preço justo.
Mas nem tudo são flores.
Almoçar em restaurantes por quilo tem uma série de coisas que irritam, principalmente quando você frequenta os mesmos lugares todos os dias. Listei abaixo alguns desses perrengues.
- A fila do abatedouro
Não importa se você quer só o grelhado que fica na última estação. O ritual do quilão manda entrar na fila e passar por todas as etapas da via-crúcis: pãozinho, saladas, temperos, pratos quentes e sobremesas. Transgressores são punidos com olhares carregados de ódio e de pragas mortais.
- O prato gigante
A ideia é fazer a comida parecer pequenina num prato do tamanho do gramado da Rua Javari. Assim você pega um caminhão de arroz, uma caçamba de feijão, come até passar mal e deixa uma grana preta no restaurante.
- O folgado
Existem algumas variedades de gente folgada na fauna do quilão. A dondoca que guarda lugar na mesa antes de entrar na fila. O animal que fica falando ao celular enquanto pega a comida, mas não consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo. A galerinha que fica palitando os dentes na mesa, só enrolando para não voltar ao serviço, enquanto você está plantado, de pé, esperando um lugar para sentar.
- O indeciso
É sempre o sujeito à sua frente na fila.
Rúcula ou agrião? Balsâmico ou limão e azeite? Arroz branco ou integral? Só umas três batatinhas. Não, espera. Mais duas batatinhas. Pensando bem, vou pegar também um pimentão recheado, com licença. Moço, o que chegou antes? O frango ou o peixe?
Enquanto esse tipo escolhe criteriosamente o que vai colocar no prato, você fica estacionado diante do bufê.
- A refeição bizarra
Delegar ao ser humano a missão de compor um prato diante da variedade quase infinita de alimentos sempre dá errado. Nosso hardware primitivo nos manda mergulhar de cabeça na abundância. Sushi com feijoada. E lasanha. Linguiça, bacalhau e picanha. Panqueca, quibe, baião-de-dois e frango xadrez.
Não adianta tentar resistir. É mais forte do que você.
- O bife eterno
O que já foi, pelo menos na teoria, um belo naco de carne acaba desfigurado pela longa permanência na travessa aquecida. Você sabe que será duro e seco, mas nada parece melhor do que aquele bife feio. Então você o adota, o leva para a mesa e para o garfo. O arrependimento é atroz. E a história se repete no almoço do dia seguinte.
- O timing da reposição
Assim que você se serve do bife ressecado e nervoso, aparece alguém de roupa branca e touca na cabeça para despejar uma leva nova de carne suculenta, quentinha e cheirosa.
Isso se chama sincronicidade. Nada acontece por acaso.
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- Os pesos mortos
Rabada. Coxa de frango. Costelinha de porco. Os quilos adoram nos oferecer carnes com osso. O único jeito de não sair no prejuízo é mandar embrulhar para o cachorro.
- A morte lenta da comida
Quem fica preso no serviço e vai tarde ao quilão encontra um cenário desolador. Saladas murchas e macilentas. A raspa do tacho do arroz. A torta de frango espatifada na bandeja. O peito de frango grelhado na correria para repor o filé à parmegiana, que acabou. Os dois últimos pedaços de tilápia que nadam em óleo. A moça do suco almoçando em um canto com o rapaz dos grelhados – os dois muito felizes em interromper a refeição para atender você.
- A lesma lerda
Todo grupo que vai almoçar no bufê por quilo tem uma pessoa que come muito devagar. Aquela figura que conta as mastigações e ainda se levanta no meio da refeição para buscar um segundo copo de suco. Enquanto isso, os outros cinco colegas são fuzilados pelo olhar daqueles que querem arrumar mesa no restaurante lotado. Isso afeta por tabela o seu karma, fique sabendo.
- A balança da dúvida
Tá regulada direitinho ou foi adulterada? Você nunca vai saber. Melhor não pensar nisso.
- O café “intomável”
Aquela garrafa térmica que fica numa mesa depois do caixa, com uma pilha de copinhos descartáveis ao lado. Ninguém deveria tocar naquilo, mas ninguém resiste à tentação. É grátis, afinal. Assim, todos os dias você finaliza com chave de chorume a refeição que já não foi grande coisa.
- O pelotão do escritório
Na saída do almoço, eles ocupam as ruas da Vila Olímpia, dos arredores da Paulista e da Berrini. Todos com os crachás pendurados no pescoço. Em formação linear, de modo a preencher toda a largura da calçada. Discutindo o que aconteceu no BBB. Caminhando no passo mais lento possível, de modo a postergar ao máximo a chegada ao escritório, onde uma torrente de planilhas os aguarda.
Só ombrada resolve. Mas peça desculpas depois, ou fica indelicado demais.