Tender da ceia de Natal nasceu como oferenda a deus pagão
Um pouco de história, garotada.
Se você é uma pessoa minimamente curiosa, já deve ter parado para pensar: o que uma árvore cheia de enfeites brilhantes tem a ver com o nascimento de Jesus. A resposta óbvia: nada.
O Natal que a gente celebra é uma mistura da narrativa cristã com rituais de inverno dos povos antigos da Europa. Festas pagãs como a Saturnália dos romanos e o Yule, dos povos germânicos do Norte.
Esses festivais ocorriam sempre perto do solstício de inverno (21 de dezembro), a noite mais longa do ano. Eram as baladas do “ufa, o pior já passou”.
O pinheiro entrava na jogada por ser uma árvore que não perde as folhas nem no inverno mais congelante. Ele simboliza a vida que resiste ao inferno do gelo.
Outras tradições pagãs foram incorporadas ao Natal. Na alimentação, a mais conhecida é o presunto tender.
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O tender é um descendente do yule boar – javali que era sacrificado na celebração do Yule pelas tribos germânicas da Escandinávia e das Ilhas Britânicas. A festa voltou a ser comemorada pelos neopagãos, grupos de supostos bruxos e druidas de cultos como a wicca.
A cabeça do javali era entregue em oferenda a Freyr, representado na mitologia desses povos sempre com o pênis enorme e ereto. Freyr era um deus da fertilidade: agradá-lo poderia garantir uma colheita boa no ano que chegava.
Na medida em que a festa tribal deu lugar a jantares menores, restritos à família, o javali ficou grande demais. Sobrou só a perna dele, que virou o pernil e o presunto de Natal.
O presunto de Natal é muito comum na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Suécia, na Alemanha e em todo o mundo povoado pelos descendentes dos antigos pagãos. Às vezes, ele ainda é chamado de yule ham.
No Brasil, tender é a denominação comercial do presunto cozido e defumado. A palavra é inglesa e significa “macio”, mas é criação genuína de nossos marqueteiros tropicais.