Tendências da gastronomia para 2019

E chegamos à última semana do ano, quando a mídia funciona em piloto automático: metade da equipe está de folga, a outra metade está trabalhando de mau humor e o leitor (ouvinte, telespectador etc.) nem quer saber.

O maior problema do jornalista nesta época: não tem assunto. Está todo mundo de férias, menos os temporais e os congestionamentos.

Precisamos recorrer a compilações, listas e textos analíticos. Retrospectivas abundam. “Deu no Insta das celebridades em 2018.”

Eu me recuso a fazer uma retrospectiva. É muito chinelão. Prefiro brincar com o futuro, já que ninguém pode me cobrar a sério pelas previsões fracassadas.

Falemos de tendências.

Como se apontam as tendências? Para que eles servem, afinal?

A resposta à segunda pergunta eu tive quando trabalhava em revista masculina, no ramo do lifestyle. Tendências de moda, comportamento e gastronomia servem para montar um powerpoint que vai rodar todas as agências do Brasil, na tentativa de convencer anunciantes de que você sabe como ninguém o que se passa na cabeça do seu público-alvo.

Sem mercado publicitário, as tendências atuam como marketing pessoal para quem as aponta. A pessoa consegue mais jobs porque é antenada.

Quanto ao método de apuração, estudei exaustivamente o assunto e posso afirmar com uma pequena margem de erro: é chute.

Não se preocupe com resultados. A futurologia prescinde de credibilidade. Acabei de ler duas matérias sobre tendências para 2019: uma dizia que as pessoas vão comer mais em casa; a outra, que as pessoas vão frequentar mais restaurantes.

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Assim, sinto-me à vontade para arriscar algumas tendências:

  1. As pãocomleitecondensadorias. Elas servirão algumas variações do pão com leite condensado, o fino desjejum presidencial. No pão de sal e na bisnaguinha, com queijo, com banana e com queijo e banana. Mais que isso é coisa de boiola.
  2. A oração antes da refeição. A bancada evangélica deve aprovar o projeto ainda em 2019. Os clientes de restaurantes serão obrigados a rezar o padre-nosso antes de comer. Outros clientes serão estimulados a filmar e denunciar os infratores.
  3. Despojamento. Como se viu na ceia natalina presidencial, talheres e porcelana estão out. Trendy é comer com as mãos em pratos de plástico descartável. Situações mais formais pedem copos de requeijão para o guaraná Dolly.
  4. Carnes de caça. Onças, peixes-bois e tartarugas marinhas vão poder saciar nosso apetite por uma refeição macha. Tudo assado em lenha fresca da Amazônia, talquei?
  5. Menos peixes. Com a admissão geral de que a terra é plana, eles tendem a cair com a água que escoa pelas laterais do planisfério.