5 dicas para escapar de uma arapuca para turistas

 

Verão. Férias. Viagem. Turistas com o crachá de otário pendurado no pescoço. É sempre assim. Em todo lugar.

O otário pode ser você. Um otário circunstancial, como todos somos de vez em quando. O espírito generoso do cidadão alegrão em férias é um flanco exposto ao ataque dos espertalhões.

Viajar envolve perder dinheiro e pagar micos. Vale a pena. Sem imprevistos, toda história de férias é muito chata. Existem imprevistos do bem –ganhar um upgrade para a classe executiva, por exemplo–, mas estes são raros. Contente-se com os perrengues que você mais tarde contará aos amigos na mesa do bar.

Só não precisa exagerar. Um pouco de bom-senso evita patetadas desnecessárias. Falarei daquilo que conheço um pouco: restaurantes. Todo destino turístico tem suas arapucas culinárias. Até Curitiba as tem: as arapucárias.

Defino a arapuca para turistas como um lugar que não se dá ao trabalho de ser bom porque pode pescar os forasteiros trouxas que passam. A comida é ruim, o preço é absurdo, o serviço é ultrajante.

Já caí nelas tantas vezes que criei um método para identificá-las. Ele não é infalível porque a exceção é a única regra que não tem exceção. Seguem alguns indícios –quando não atestados juramentados– de que um restaurante é uma arapuca turística.

 

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HÁ TURISTAS POR TODO LADO

Pegar turistas fica muito mais fácil quando há cardumes deles por perto. A orla de Copacabana é um caso. Às vezes, é o caso de relaxar e pagar o triplo por um drinque mais ou menos só para apreciar a vista.

 

O FOLCLORE IMPERA

 

Shows de capoeira ou de tango, provolones pendurados no teto, pratos atirados ao chão: tudo isso tem a função de desviar a atenção do cliente da comida miseravelmente ruim que o restaurante serve. A conta dói mais na cabeça do que a bebida vagabunda servida no jantar.

 

A PROPAGANDA AGRIDE

 

Todo hotel tem um suporte de acrílico transparente com impressos de “sugestões” de programas na cidade. Nem olhe. São iscas para quem não tem a mais vaga noção de que fazer numa noite numa cidade desconhecida.

Na rua, os restaurantes turísticos têm cartazes com letras garrafais de promoções que se revelam uma grande armadilha quando a vítima pega uma mesa.

Os mais abjetos escalam um assediador para abordar passantes. Esse é o golpe mais sujo. Nunca ponho os pés onde tentam me arrastar para dentro.

 

TEM UM ÔNIBUS NA PORTA

Este pode parecer óbvio, mas não é. Ocorre que bons restaurantes ocasionalmente são invadidos por hordas de turistas. Fuja. Sua experiência será o extrato do chorume com grupos gigantescos que geram pandemônio na cozinha e no salão.

 

NINGUÉM RECOMENDA

 

Qualquer um dos casos acima pode configurar uma exceção se alguém de confiança recomendou. Pode ser um jornal local, um guia internacional ou um blogueiro que você curta. Não contam as plataformas wiki –estas são corrompidas no nascedouro.

Se ninguém recomenda, é porque muita gente entrou e não gostou o bastante para propagar a palavra. É capaz de ser um lugar novo ou uma gema despercebida, e daí? Não aposte tão alto num lugar assim.