12 regras de etiqueta para crianças no restaurante

Férias escolares, para os mortais sem-babá, implicam a companhia dos filhos 24h por dia.

Longe de mim dizer que isso é ruim. Eu adoro. Pedro, meu moleque de 6 anos, é um excelente parceiro. Angela, já adulta, nem me fale. Minha cobaia predileta para experiências culinárias em casa e na rua.

Crianças em restaurantes, porém, sempre foram objeto de discórdia e de cizânia. Há os que não as suportam. Absolutamente ridículo desgostar de crianças: nenhum adulto, supimpa ou pentelho, o é sem ter sido antes um pirralho remelento.

Mas sejamos pragmáticos, para que comer fora com os filhos seja uma experiência bacana.

É socialmente recomendável –“politicamente correto” virou palavrão– se adequar e evitar aborrecimentos. Lembre-se: se o seu pivete incomodar alguém, o incômodo volta para você como um bumerangue.

Para que tudo corra suave e fluidamente, sugiro algumas regrinhas de etiqueta. Etiqueta bruta.

 

1. Vá aonde gostem de crianças

Se o estabelecimento é claramente antipático com os pequenos, não há por que insistir com ele e perder o humor. Restaurantes dão indícios dessa antipatia. A ausência de cadeirões é um sinal forte. Funcionários afetados e mal-humorados não merecem uma segunda chance. A falta de um espaço para trocar fraldas impossibilita a diversão com crianças muito pequenas. Dê preferência aos restaurantes com donos e equipe que demonstram alegria com a presença de seus filhos. Mesmo que eles se despeçam com um pirulito que vai corroer os dentes do pirralho: é amor em forma de açúcar, deixe passar.

 

2. Vá aonde a criança se sinta bem

Luz baixa, som alto e espaço exíguo devem ser evitados: a criança se irrita, irrita os outros, e os outros irritam você. Prefira lugares espaçosos, com boa distância entre as mesas, e com baixo nível de ruído. E informais. Lugares sisudos são um saco para a gente, imagine para a gurizada. Se a casa tiver um espaço externo para a garotada gastar energia, tanto melhor.

 

3. “Espaço kids” por sua conta e risco

Restaurantes temáticos, com recreação e área de brincadeiras são ótimas para as crianças. Para os pais, bem… Eu, particularmente, abomino lugares assim. A comida costuma ser ruim, e o ambiente infantiloide destrói meu humor. Mas tem gente que adora. Se você curte, mergulhe de cabeça.

 

4. Evite o cardápio infantil

Ele é um desserviço na educação da criança –já escrevi a respeito neste post. Tente dar aos seus filhos algo que não seja bifinho, franguinho, arrozinho, xisburguinho nem macarrãozinho.

 

5. Escape do roteiro pizzaria-lanchonete

É delicioso comer pizza e hambúrguer, todos sabemos disso. Você adora. Eu adoro. As crianças adoram. De mais a mais, pizzarias e lanchonetes são infestadas de crianças. Ninguém se incomoda com elas. Mas você pode fazer melhor. Espantar a preguiça mental e propor algo mais desafiador para a pestinha e para você mesmo. Sem esses desafios, você acaba criando uma criança chata à mesa. Dê-lhe comida francesa, comida oriental, escargot, rã, ostra, caranguejo, sarapatel. Teste os limites do paladar… não há nada a perder.

 

6. Leve a molecada ao restaurante japonês

Há duas boas razões para fazer isso.

A primeira, claro, é ampliar o horizonte alimentar da criança. Meu filhote ficou viciado em missoshiro.

O segundo motivo é menos óbvio. A hospitalidade japonesa abraça a criança com o mesmo respeito dado aos adultos. Restaurantes típicos sempre têm coisas como pratos inquebráveis com estampa da Hello Kitty, copos divertidos e hashis com elástico. A molecada pira.

Importante: falo de restaurantes tradicionais tocados por famílias japonesas. Não leve a criança ao sushi lounge com DJ e carta de sakerinhas, aberto por um corretor da bolsa para ele mesmo pegar mulher.

 

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7. Almoço é melhor

Se puder escolher, saia com os filhos no almoço e deixe para jantar em casa. É menos cansativo para a criança, e você vai encontrar pessoas mais tolerantes com o comportamento infantil.

 

8. Busque jantar cedo

É melhor para todo mundo: a criança está mais descansada, o restaurante ainda não encheu, e os outros clientes possivelmente estão na mesma situação que você. Se deixar para comer tarde, o filhote pode estar birrento e irritar os casaizinhos em busca de uma experiência romântica.

 

9. Tome um chá de dane-se…

Criança que não causa está doente ou dopada. Elas fazem cena, derrubam suco, se intrometem na conversa da mesa ao lado, apontam a peruca que o vizinho tenta disfarçar… não tem jeito.

Meu filho já roubou comida alheia pelo menos duas vezes. Ainda bem que era num boteco: os donos da batata frita e do bolinho de bacalhau levaram na esportiva.

Às vezes é preciso levar os fedelhos a um lugar mais formal, cheio de gente chata. Faça cara de paisagem.

Como dica geral, você não deve se preocupar tanto assim com o que os outros vão pensar. Relaxe para poder se divertir.

 

10. ..mas controle o seu diabinho

 

Isso não significa que você deve deixar o pequeno monstro aprontar livremente no restaurante. Discipline a criança e, caso fracasse nessa tarefa, recorra aos restaurantes temáticos –onde qualquer barbaridade infantil é tolerada.

 

11. Refeições muito longas, só com saída de emergência

Criança não bebe cerveja nem vinho, não está interessada em conversar por horas e horas na mesa do restaurante. Vai se aborrecer e vai aborrecer as pessoas ao redor. Só submeta seus filhos a essa provação se houver uma válvula de escape: pode ser o playground do lugar, pode ser um brinquedo (silencioso) que você levou, pode ser um livro de colorir.

 

12. Não ceda ao iPad

O tablet amansa a criança, é inegável. Mas não transforme seu filho tão cedo num idiota babão. Deixe que ele mesmo o faça mais tarde, quando quiser e se tiver vontade.