Comida na estrada é ruim e cara

Escrevo este texto em um trem a 298 km/h entre Milão e Florença, na Itália. Não dá para dizer que se come mal neste país, muito pelo contrário. Qualquer biboca por aqui prepara, mal e mal, uma pizza decente.

A regra não se aplica ao carro-restaurante do trem em que eu estou. A comida oferecida se limita a sanduíches embalados em plástico, chocolates, bolinhos e toda sorte de porcaritos, salgadinhos industriais.

Tudo é caro. Uma água mineral custa três euros.

Entrei numa sucessão de viagens desde a véspera do feriado de Corpus Christi. Fui de ônibus para o Rio, voltei de avião a São Paulo, peguei outros voos para Lisboa e Milão e agora ando de trem pelo norte italiano. Só comi mal em deslocamento.

Parece-me que é quase impossível comer bem quando você está em viagem e não quer (ou não pode) tomar um desvio para comprar algo fora do caminho principal.

A comida de avião, quando há, é aquilo que conhecemos. Frango ou massa. Tudo com o mesmo gosto. Aquela salada tristonha. Aquele pão que não existe em nenhum outro lugar, ruim que só ele.

Até mesmo na primeira classe e a executiva, com cardápios assinados por chefs famosos, as refeições não são grande coisa. Dá para entender: dentro da cabine de uma aeronave, não dá para cozinhar. É preciso levar a comida pronta e aquecê-la do jeito que der, num espaço muito exíguo.

O que não se justifica é a indigência da comida habitual dos aeroportos. Muito menos os preços extorsivos, praticados porque o consumidor não tem alternativa.

E os postos de estrada? Alguém explica por que quase todos servem comida qualquer nota? Vale para o Brasil, para a França, para os Estados Unidos. Há algumas exceções, mas o padrão está abaixo de qualquer crítica.

Agora, nas rodovias paulistas, uma rede de postos criou uma marca com  pizzaria, hambúrguer artesanal gourmet premium prime e um quilão que serve até paella com lagosta. Nada tem sabor.

A sina do viajante é comer mal pelo caminho.

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