7 fatos que você deve saber sobre o hambúrguer de plantas

Hoje, mas cedo, a jurada do MasterChef Paola Carosella soltou um tuíte que deixou os veganos e os antiveganos em pé de guerra.

Vamos, primeiro, ao tuíte da Paolla:

“Experimentei, por curiosidade, o ‘hambúrguer’ de plantas ‘sabor carne’. Não é hambúrguer, não tem gosto de carne nem textura de carne –o que é óbvio, pois não é carne. Gorduroso, pastoso, desagradável. Uma bosta ultraprocessada oportunista no momento de maior confusão alimentar da história.”

Paola tentou argumentar que não atacava o veganismo, mas a indústria de processados. Não adiantou. Ativistas veganos continuaram a acusá-la de jogar contra o movimento, com argumentos do naipe destes aqui:

“Que solução você propõe para difundir mais o veganismo então, Paola? Sou vegano e não sou o maior fã desse produto, mas pelo menos tem aberto portas pra mais gente conhecer o movimento.” (@HU6OS)

“Cara, o importante é parar de comer carne. (…) A forma que as pessoas aderem ao vegetarianismo/veganismo pouco importa, né?” (@igaidys)

“[O veganismo] não é uma dieta. É uma opção de vida.” (@comunafeminista)

O mais bizarro de tudo é que Paola atraiu a empatia dos bolsominions –que apoiam qualquer posição contrária ao pensamento progressista. Triste.

 

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Vamos aos fatos sobre o hambúguer vegano.

 

  1. Não é hambúrguer. Não deveria ser chamado de hambúrguer para não confundir o consumidor. Hambúrguer, a rigor, é feito com carne de boi. Existem, porém, produtos de frango, peixe, cordeiro e porco que são vendidos como hambúrguer. Tópico passível de alguma controvérsia, portanto.
  2. São, sim, ultraprocessados, como a mortadela, a salsicha e os nuggets de frango. O que define isso? Processados são alimentos que passam por procedimentos industriais que preservam a forma e o gosto originais dos componentes principais. Exemplos: azeitona em conserva, frango temperado, copa defumada, feijão pronto, arroz parboilizado. Nos ultraprocessados, tudo é misturado de forma a mascarar formas e sabores naturais. Exemplos: cereais matinais, hambúrgueres congelados, biscoitos recheados, creme de queijo.
  3. Seu valor nutricional é semelhante ao dos similares feitos de carne –falo das marcas que entraram recentemente no mercado, com a promessa de ter gosto e textura de carne. Ou seja, pífio.
  4. Alegando segredo industrial, as empresas que fabricam esses produtos omitem ingredientes na embalagem. Listam termos como “condimento preparado sabor carne” e “aroma natural”, sem dizer o que há nessas coisas.
  5. A base dos hambúrgueres vegetais é a mesma desde o século passado: proteína de soja. Se eles melhoraram na textura e no sabor, é mérito da indústria alimentícia e seus pozinhos mágicos tipo Sazón.
  6. Não têm gosto de carne. Não têm textura de carne. É tudo ilusão e embuste.
  7. A militância vegana apoia esse tipo de alimento porque é uma arma poderosa na evangelização. Como disse a autora de um tuíte citado acima, os fins justificam os meios.

 

O debate, algo rotineiro nas redes sociais, desce às catacumbas da indigência intelectual. Tem até gente que zomba de Paola, que é argentina, por cometer erros de português (o que não deveria acontecer “se ela gosta de viver no Brasil”). Podre. Mas não é esse o assunto do post.

Dito tudo isso, cada um come o que quer. E quem quer enganar a si próprio, que o faça. Fui.