Rio x São Paulo: a batalha da gastronomia
Marcos Nogueira
Quero esclarecer logo de início: isto é uma brincadeira, não uma comparação válida entre as duas cidades. Sou paulistano, moro no Rio, gosto de ambos os lugares e adoro observar as diferenças entre eles. Não tem vencedor: o peso que se dá a cada critério depende das prioridades de quem lê.
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MELHOR NO RIO
- A comida de boteco.
- Os botecos.
- Azeite em lata nas mesas. Isso coíbe a fraude –em SP, é frequente que o dono do restaurante encha vidros de azeite de boas marcas com produto inferior.
- O preço médio das refeições populares é mais baixo. Estou comparando Ipanema (classe AAAAAA) com Perdizes (classe AA).
- Os pastéis são pequenos, bem recheados e onipresentes.
- Os restaurantes cafonas ficam quase todos na Barra (bem longe de mim) ou dentro de shoppings (onde eu só vou para o cinema).
- O bolinho de bacalhau.
- Você pode ir de chinelo de dedo a qualquer lugar –menos ao Fasano, que é paulista.
- O filé à Oswaldo Aranha, com alho frito, arroz, farofa e batatas fritas portuguesas.
- O feijão preto que acompanha quase tudo.
- O galeto.
- Não tem um pôster gigantesco do Paris 6 no desembarque do aeroporto Santos Dumont.
- O Rio reúne o melhor (e o nem-tão-bom-assim) dos dois mundos. O paulistano saudoso encontra sabores familiares. Alguns restaurantes orra-meu estabelecidos em solo carioca: Rubaiyat, Astor, Le Vin, Ráscal, Bráz, Bar Léo, Camelo, Cortés, Naga, Corrientes 348, Fasano, Pobre Juan e, como não poderia faltar, Paris 6. Estabelecimentos de origem carioca, em contrapartida, costumam naufragar em São Paulo –algo a ser investigado.
- Os comerciais dos Supermercados Guanabara nos intervalos da TV aberta.
- As casas de suco.
- A comida portuguesa.
- Ar-condicionado tem status de direito universal (novamente, relevem: falo a respeito do meu canto privilegiado).
- Os franceses cobiçam a baía de Guanabara desde o século 16. Aqui –não São Paulo– é a base avançada da cozinha francesa no Brasil.
- A excelência da farofa.
- Os absurdos dos cardápios em inglês.
MELHOR EM SP
- O serviço.
- A variedade, a diversidade, o volume.
- As várias modalidades de comida japonesa –não apenas o sushi de salmão e o temaki.
- A comida coreana.
- O virado à paulista.
- A abundância de comida italiana razoável –na alta cucina, as cidades empatam.
- A bisteca –não é carré– que acompanha a feijoada.
- O couvert das cantinas.
- A higiene dos banheiros dos botecos… dos mais limpinhos, pelo menos. No Rio, a situação é triste mesmo em algumas casas famosas. O que conduz a pensamentos intranquilos sobre a cozinha. E muita gente acha que a craca faz parte do charme da casa.
- A caipirinha. Tarefa hercúlea achar uma caipirinha tomável no Rio.
- Existe comida carioca em SP (eu ainda não encontrei comida paulista no Rio).
- Comida regional brasileira.
- O Bar da Dona Onça.
- A Liberdade.
- O Bom Retiro.
- Africanos, peruanos, sírios, bolivianos, venezuelanos, israelenses.
- Não proibiram o saleiro à mesa… ainda.
- P-I-Z-Z-A.
- A linguiça. É surpreendentemente difícil encontrar uma boa linguiça no Rio.
- As padocas, meô!