As 7 piores humilhações do pobretão num restaurante de luxo
Aniversário de casamento, aquele aumento merreca ou qualquer outra bobagem são motivo para o ser humano despossuído de bens materiais se achar no direito de frequentar um restaurante de luxo.
É uma cilada.
Você não vai se divertir. Você vai sofrer.
Não vou falar do valor da conta –seria óbvio demais. Há coisas mais sutis para perturbar a paz de um pobretão que ousa frequentar um restaurante besta.
O manobrista que tem nojinho do seu carro
Você chega todo pimpão com seu pois-é e o entrega para o manobrista. O cidadão, acostumado a manobrar Porsches e Ferraris, faz uma breve perícia na fuselagem do veículo –pobre não conserta lataria amassada. Depois passa o dedo nas camadas de poeira e descobre que o carro não é bege –é branco. Só falta buscar luvas e máscara cirúrgicas para não se contaminar com tanto desleixo automotivo.
A hostess atônita
“Pois não?”, pergunta a top model na entrada do restaurante. Ela tem a certeza de que você entrou pela porta errada. Quando você diz que tem uma reserva, ela engole em seco com desgosto e procura seu nome numa folha de papel. E não encontra, obviamente. Você começa a se irritar e pede para ela olhar outra vez. “Ah, está aqui, como pude não ver?” Soltando fumaça pelas ventas, ela conduz o seu grupo até a mesa ao lado do banheiro masculino.
O guardanapo que escorre da perna
Aqui se presume que todos saibam que restaurantes caros têm guardanapos de pano, e que guardanapos de pano são feitos para ficar o jantar todo no colo. Limpar a boca? Deixe de ser pobre e aprenda a comer sem sujar a boca.
Em certos restaurantes, o guardanapo é feito de um tecido tão nobre, tão bom que não adere ao tecido da calça mequetrefe que eu tiro do armário para ir a certos restaurantes.
Resultado: o tal guardanapo fica o jantar todo caindo no chão, suscitando a aparição dos garçons-fantasmas com outros guardanapos na mão.
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O silêncio
Quando há música, é tão baixa que você não entende o que está tocando. As pessoas sussurram. Quando você derruba um talher, é como o sino da igreja anunciando a missa do galo. Se alguém quebra uma taça, soa como uma tempestade de vento e trovão. Se algum infeliz deixa escapar gases, são as trombetas do Apocalipse anunciando o fim dos tempos. Melhor evitar.
O cardápio cifrado
Restaurantes bestas –não necessariamente os mais luxuosos– adoram cardápios enigmáticos, com descrições que mais confundem do que elucidam.
“Cordeiro, pastinaca, vapor de camomila.”
“Atum, caramelo, pó de pipoca”
“Porco, melancia, sal de especiarias do Cáucaso”
Os garçons estão sempre a postos para explicar –ou fingir explicar. A sua imagem mental da comida nunca vai corresponder ao prato que vem à mesa. Essa é a diversão da equipe do restaurante: observar a decepção em seu semblante.
O garçom onipresente e onisciente
Só falta a onipotência para os ditos ganharem natureza divina. De resto, são sobrenaturais. Aparecem com água mineral sempre que você sente sede. Completam o vinho a cada gole sofrido –você tenta beber devagarinho para a garrafa demorar a acabar, mas eles não deixam. Trazem a conta no momento em que você se tortura ao antecipar a fatura do cartão de crédito.
O sommelier que bebe do seu vinho
Tenho formação de sommelier (de cerveja, vá lá) e sei da importância do trabalho desse profissional. Mas dói, dói muito ver o funcionário do restaurante servir para si mesmo uma dose daquele vinho que você não tem dinheiro para pagar. Dependendo do preço da garrafa, dá vontade de voar no pescoço do distinto trabalhador.