Saudade das paletas mexicanas

Leio, no meu agregador de silly news, que a modinha do momento em Londres é inalar vodca. A bebida é vaporizada, bombeada para dentro de um balão de festa e vendida por 5 libras à garotada louca para ficar doida. Absorvidas pelos alvéolos pulmonares, as gotículas de álcool fazem efeito no ato –mas a brisa passa em 20 minutos ou menos.

É um processo semelhante ao dos cigarros eletrônicos, dos vaporizadores de cannabis e, em última análise, das pedras de crack. Pelo menos se trata de algo que pode ser usado em público –ao contrário dos supositórios e tampões vaginais com álcool que já seduziram a molecada britânica.

Médicos dizem que o hábito é perigoso. Eu acredito, mas não dou a mínima. Todo jovem se entrega, em algum momento da juventude, a alguma asneira potencialmente mortal.

O problema dos balões de vodca é o ridículo. Ô, modinha tosca. “O que vamos fazer hoje, Brenda?” “O de sempre, Margie: cheirar vapor de vodca até passar mal, descansar um pouco em cima do nosso vômito e voltar para casa com uma dor de cabeça dos infernos.”

Modinhas, por sinal, são sempre ridículas. Na gastronomia e nas bebidas, elas não escapam à regra.

No Brasil, as invencionices de bar são mais convencionais –o álcool entra líquido e pelo orifício adequado– e previsivelmente mais toscas.

Chope de vinho, minha gente! Quem é o degenerado que inventou essa coisa? Torre de chope! É bom jeito de ver o garçom despejar algumas garrafas de cerveja dentro de uma jarra com torneira, para que todos possam compartilhar uma bebida quente e sem gás.

Mudando para a comida sem sair dos copos, temos o hot-dog no copo e o temaki no copo. São coisas que fazem tanto sentido quanto o pão com pinga –ele existe e não fui eu que inventei, procure no YouTube.

Algumas tendências contrariam o bom-senso mais rasteiro. Como defender um sorvete que vem todo lambuzado de cobertura açucarada no lado de fora da taça? Mais: como abordar uma comida assim? Ligar o f*-se e meter a mão no caramelo grudento?

Foi justamente para evitar esse tipo de lambança que os pipoqueiros cariocas passaram a oferecer pinças descartáveis –tão classudas e elegantes quanto a luva plástica para comer pizza, sua prima-irmã.

Num nível mais topzêra da gastronomia gourmet, existe o espaguete dentro do queijo. O garçom chega ao lado da mesa com uma roda de queijo parmesão já meio cavoucada. Joga lá o macarrão cozido e uma birita qualquer. Taca fogo e mistura tudo rapidinho: a tia Judite assiste em êxtase ao espetáculo pirotécnico.

Simplesmente parem de subverter a ordem do Universo. É o queijo que vai no macarrão, não o contrário.

Saudade dos tempos em que as modinhas gastronômicas eram simples picolés rebatizados de paletas mexicanas. Aliás, onde elas foram parar?

(Siga e curta a Cozinha Bruta nas redes sociais.  Acompanhe os posts do Instagram, do Facebook  e do Twitter.)