Supermercado vende pão amanhecido por R$ 25

Dezembro é aquela época surreal em que fica difícil achar comida no mercado –todos os espaços são ocupados por peru, panetone e tender.

É a primeira vez que passo vários dias consecutivos no Rio no final do ano. Interessante observar que as diferenças culturais entre paulistanos e cariocas chegam até à mesa de Natal.

Fios de ovos. Claro que você os encontra em São Paulo, mas aqui é outro nível. O supermercado em frente de casa tem uma geladeira só com fios de ovos, de cinco ou seis marcas diferentes. Quando você vê uma coisa dessas, lembra que o carioca é um português de bermudas.

Outra tradição lusa que enlouquece os cariocas é a rabanada. Elas estão por toda parte, mesmo fora do período natalino.

Ontem, quando fazia compras (no mesmo mercado dos fios de ovos), topei com uma promoção peculiar: pão para rabanada a R$ 25 o quilo.

Sempre soube que rabanada se faz com pão velho, amanhecido –ou, como se diz por aqui, dormido. Fui checar. Dei aquela apalpada básica. Duro, indubitavelmente velho.

Perguntei à moça da padaria se aquilo era pão amanhecido. Ela assentiu: “pão dormido é melhor para a rabanada”. Ok, mas espere. Não dá para comprar pão fresco e usar as sobras na rabanada?

A saber: no mesmo lugar, o quilo do pão francês quentinho, recém-saído do forno, custa R$ 15. Mas tem quem pague R$ 10 a mais pelo pão velho. Deve ter, senão não haveria a placa. Cada um, cada um.

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