Brasileiros gostam de comer queijo com estrume

Dia desses, fui a um mercado público em São Paulo e parei em frente a uma banca de laticínios. Como você pode perceber pela foto, ela expõe vários queijos minas cortados ao meio, cheios de pequenos furos na massa. Um pouco acima na imagem, há outro queijo, mais amarelado, com furos maiores.

Não sou mestre queijeiro, mas já fiz trabalhos para essa indústria e estudei um pouco. Sei que os furos grandes do queijo amarelo –que deve ser um ementhal, maasdam ou coisa do tipo– fazem parte do estilo e não oferecem nenhum risco à saúde.

Já os furicos do queijo mineiro são um sinal de contaminação bacteriana do pior tipo: coliformes fecais. Isso, o leite usado para fazer o queijo continha estrume. Caso o leite tenha sido pasteurizado (como exige a lei brasileira para queijos frescos), a contaminação ocorreu no processo industrial.

Muito bem. Publiquei a foto com uma legenda chamando a atenção para a infestação de coliformes. O engraçado (ou não) foi a reação dos leitores.

Wagner, do Rio de Janeiro, comentou no meu Facebook: “Quanto mais furadinho e com mais coliformes, melhor”.

“Hmmm daqui a pouco ele vai ousar! Vai contar para todo mundo também que que a ‘pelinha’ das linguiças são na grande maioria intestinos dos porquinhos…. Aguardem as novidades…”, ironizou Paula, de Cajamar.

“Muito mimimi. Devia mudar o nome para Cozinha Delicada”, mandou o recifense João.

“Esse cara é muito escroto. Tinha que ser petista”, cravou Lucas, conterrâneo do ET de Varginha, a meu respeito.

Wagner: os furos dos queijos suíços são causados por bactérias inoculadas durante o processo de fabricação. Nenhuma delas é o coliforme fecal.

Paula: as peles de tripa da linguiça são uma coisa normal; a contaminação por bosta não é normal nem desejável. A restrição da venda do queijo de leite cru se dá, entre outras coisas, pelo risco de haver esse tipo de infestação.

João: não tenho problema algum em ser delicado. Boa sorte com a sua coprofagia.

Lucas: percebe-se que você come cocô.

Outros leitores ficaram surpresos, enquanto outros ainda tentavam convencer o grupo pró-coliformes de que os furinhos podem causar doenças. Eu repito o que disse aqui outro dia: não é possível se acostumar a comer cocô. Talvez a afirmação não valha para todas as pessoas, admito.

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