Por que as pessoas gostam de comer mal em fast food?
Meu filho tem 7 anos e hoje comeu pela primeira vez no McDonald’s. Todos os coleguinhas dele já haviam feito isso; eu e a mãe dele estávamos sob pressão. O Pedro insistia e insistia. Se continuássemos a negar, aquilo viraria um desejo proibido; e tudo o que é proibido é mais gostoso. Cedemos, portanto.
Enquanto o pivete se deleitava com o tal lanche feliz –o objetivo sempre foi o brinquedo, nunca a comida– eu resolvi provar um dos sanduíches de picanha que o, aham, Méqui agora oferece.
Pedi o bacon crispy, que, devo confessar, parece bem atraente nas fotos que decoram os pontos de ônibus de SP. Vocês podem conferir a imagem aí embaixo. O preço, meu povo: R$ 32, com bebida e batata (ninguém me perguntou se eu queira algo além do sanduba). Com duas carnes sai R$ 37. Velho, uma só carne já é mais que suficiente.
Como dá para ver na foto do topo do post, o produto real é algo completamente diferente. Eu já esperava por isso: desde que o mundo é mundo, as redes de fast food vendem uma foto linda e entregam uma gororoba cinzenta e amarrotada.
Elas se protegem de acusações de fraude com o aviso “imagem meramente ilustrativa”. Mas… seriamente, engodo tem limite. Fora o hambúrguer cinzento de praxe, o sanduíche não exibe o bacon que transborda do pão na foto publicitária. Nas primeiras mordidas ele também não aparece. Calma, espere: uma modesta porção de bacon está toda concentrada no centro do sanduba.
O queijo não tem gosto de absolutamente nada. A carne se parece com a ds outras opções do cardápio –ressecada e nada picanhuda–, só que maior (o que não é necessariamente uma vantagem). O sabor que predomina e o da maionese “caseira” (dá para colocar dois ou mais pares de aspas nesta expressão?). Enjoativo.
Ok, não é justo atacar só o McDonald’s. Todas as redes de fast-food atraem consumidores com comida de má qualidade. Na única vez em que comi Burger King (assim que ele chegou ao Brasil, só para experimentar), comecei gostando do sabor de churrasco do hambúrguer. Acabou que eu não consegui dar cabo do sanduíche, de tanta tranqueira enjoativa que vai lá dentro.
Temos também as redes 100% nacionais, como Giraffa’s e Habib’s. Do primeiro, eu sempre mantive distância –o cheiro que emana para a praça de alimentação é uma barreira invisível. Do segundo, devo admitir que já pedi esfihas e pizzas quando dava plantão em redações (toc toc toc na madeira).
A esfiha do Habib’s é até folclórica. Todos no Brasil sabem que ela causa azia, mas tem gente que gosta mesmo assim.
Não é esta ou aquela lanchonete. É o diabo da fast food. Por que as pessoas perdem suas vidas com comida ruim, ambiente deprê, atendimento zero? A tal picanha das galáxias sequer é mais barata do que um bom hambúrguer numa boa hamburgueria.
“Ah, porque é rápido.” Para que a pressa? Coma uma fruta, um pastel, uma salada, sei lá. O tempo que o pessoal gasta nessas lanchonetes é mais perdido do que a espera em um restaurante legal.
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P.S.: Quando questionei, em outro post, a existência de picanha nos sanduíches de picanha do McDonald’s, fui convidado por eles para conhecer uma unidade fabril. Não rolou por falta de encaixe de horários. Assim, dou-lhes o benefício da dúvida neste post.
P.S. (2): A propósito, meu filho adorou tudo. Estou lascado.