Como se alimentar na quarentena do coronavírus

Fiquei doente depois de uma viagem ao exterior.

Quase impossível ser coronavírus. Os sintomas, até aqui, são de uma gripe comum. O país visitado, o Uruguai, ainda não registrou nenhum caso da epidemia global.

Decidi, porém, me isolar em casa. Fazer um pequeno e mal-ajambrado estudo de como seria uma quarentena.

O laboratório começou muito mal. De cara, percebi que não havia suficiente água potável em casa. Lá fui eu ao mercadinho comprar algumas garrafas. Paguei com o celular, por aproximação, não toquei em ninguém.

Tampouco tenho em casa comida o bastante para aguentar dias seguidos de isolamento.

Até agora, não li em lugar nenhum o procedimento correto nessa situação. Moro sozinho e preciso comer. Não vou me deslocar até o atacadão para comprar dez quilos de macarrão e outros dez de arroz antes do isolamento total. Restaurante está fora de cogitação, e as idas ao mercadinho favorecem o contágio na região em que vivo.

A melhor solução parece ser pedir comida pelo aplicativo. É perfeito durante o dia: o porteiro recebe a refeição, que já está paga, e a coloca no elevador. Eu, qual a jaguatirica do zoológico, escapo sorrateiramente por alguns segundos e capturo a presa para dentro da minha toca.

Minha situação tem um complicador adicional: a portaria não funciona à noite nem aos domingos. Serei, portanto, obrigado a pedir duas ou mais refeições juntas para o serviço de entrega. Pizza no almoço e no jantar, nada mau.

Caso contrário, vou precisar descer para falar com o motoqueiro e, assim, espalhar o coronavírus via Rappi e Ifood.

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P.S.: Este é um texto satírico. Caso você tenha suspeitas ou dúvidas a respeito do coronavírus, procure orientação médica.