Coronavírus escapa do supermercado dos ricos pelo elevador de serviço
Os ricos de São Paulo estão em pânico com o coronavírus. Correram para abastecer seus bunkers. O divertidíssimo texto de Paulo Sampaio, do UOL, descreve o desespero dos bem-nascidos nos corredores da Casa Santa Luzia, melhor e mais caro supermercado da cidade.
Apesar de duro, sou besta e frequento o Santa Luzia. Vou lá a cada, sei lá, dois meses, para comprar coisas que não encontro juntas em nenhum outro lugar. Farinha de trigo italiana, temperos esquisitões, carne de porco caipira, pães feitos lá mesmo, esse tipo de coisa.
Se o cabra quiser esbanjar, pode deixar uma fortuna na boca do caixa. Meio quilo de cogumelos morilles sai por R$ 1827. Um vinagre balsâmico cheio dos não-me-toques custa R$ 1245. Vinho de Bordeaux, R$ 5.802. Dá para fazer uma festa e tanto.
O que se vê entre as gôndolas do Santa Luzia é um monte de velhinhas do bairro, alguns compradores do Rappi, poucas madames, poucos dândis e uma multidão de empregados domésticos, com listas de compras de seus patrões. Faxineiras, copeiras, babás, motoristas, seguranças.
Essa é a gente que vai levar a epidemia de coronavírus para a população pobre, via elevador de serviço.
Até agora, o coronavírus no Brasil é doença de rico. De gente com dinheiro para viajar ao exterior e se tratar no Einstein.
Quando a peste deixar o Santa Luzia rumo ao Jardim São Luís, aí o bicho vai pegar. É quando teremos a sobrecarga no sistema de saúde e o caos generalizado.
Espero muito estar errado.
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