Cozinha de quarentena: ontem passei álcool em gel no pão

Ontem eu ensaboei a banana.

Não se trata de uma expressão grosseira de duplo sentido. Foi literal. Lavei uma banana com água e detergente –com casca, é claro– antes de dá-la ao meu filho.

A etiqueta alimentar-sanitária da quarentena nos leva a fazer coisas ridículas. Como passar álcool em gel na embalagem do pão de forma. E deixá-lo secar no escorredor de louça.

Tudo o que chega em casa, vai para o quartinho dos fundos, o cantinho do castigo e fica lá uns três dias. Mexericas, tomates, cebolas, batatas, verduras em geral, sem falar no material de limpeza.

Você já tentou higienizar uma cabeça de repolho? Tira uma camada de folhas, outra… até chegar ao núcleo impenetrável. A saída que encontrei foi partir o negócio em gomos e deixar mergulhado numa solução de água sanitária. Se a cândida não chegar às entranhas do repolho, devo presumir que o vírus também não chega.

E a comida que chega por entrega? Adianta tentar fazer algo com a caixa da pizza? É o pavor. Cada rodela de calabresa nos assombra como um foco acebolado de morte.

Você nunca sabe se o pizzaiolo tem os mesmos hábitos higiênicos do incendiário de Brasília, que limpa o nariz e vai cumprimentar pessoas.

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