Live de chef de cozinha: qual a necessidade disso?

Vivemos a era –tomara que breve– das lives, apresentações ao vivo transmitidas pelas redes sociais da internet.

Meio que dá para entender as lives de músicos. Meio que. Há ali um show, com direito a improvisos e outros eventos inesperados, mas nem de longe a experiência se assemelha a uma apresentação num teatro ou estádio. Pelo lado bom, importante frisar, já que você tem acesso ao próprio banheiro e uma geladeira para assaltar quando quiser.

Um número musical pré-gravado não equivale à reprise de um jogo de futebol. Não existe a surpresa do resultado de uma competição. Por que, então, furtar-se da comodidade de assistir quando melhor lhe convier? É pela catarse coletiva de compartilhar a experiência com milhões de janelinhas lá fora? Para mim, esse argumento não cola.

A falta de conveniência é ainda mais aguda nas lives dos chefs de cozinha, algo que se tornou frequente no Instagram.

Ensinar uma receita ao vivo só tem valor com a presença física do aprendiz, que pode acompanhar o mestre e ser avaliado por ele. No ambiente virtual, é sempre melhor uma aula gravada.

O aluno pode pausar e retroceder, voltar a trechos que não entendeu bem, ver tudo antes de começar e retomar o vídeo a bel-prazer. Seguir a toada do chef ao vivo, sem orientação, é um mato sem cachorro.

Eu tenho a impressão, às vezes, de que os chefs fazem lives para mitigar o próprio tédio na quarentena.

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