A estranha saudade de comida de avião
Hoje vou matar uma saudade muito estranha: a saudade de comida de avião. Voarei pela primeira vez desde março.
Já escrevi aqui, não muito tempo atrás, que o sabor da refeição de bordo é a expectativa da chegada. Essa é grande, já que finalmente vou conhecer meu primeiro neto, nascido no meio dessa pandemia maldita.
Não me agrada em demasia a ideia de compartilhar a cabine pressurizada com a galera, mas já deu. Daqui a pouco o moleque fica barbudo… ou eu fico com demência senil.
Peguei uma passagem numa promoção quase “de grátis” e vou fantasiado de apicultor. Até o Átila já liberou uma saidinha… essa é nível 7 de risco. Levarei repelente de terraplanista.
Se minha filha morasse em Portugal, eu saborearia um vinho alentejano bem ordinário no voo. Se ela morasse nos Estados Unidos, eu acordaria com aquele breakfast molambento de ovos pasteurizados e presunto. Se morasse na França, talvez eu tivesse manteiga decente para passar no pão.
Mas ela mora em Brasília. Pouco mais de uma hora de voo de São Paulo.
Almoçarei amendoim. Ou melhor, vou guardá-lo para o lanche da tarde. Pelo menos não terei de brigar com os talheres de plástico.
(Siga e curta a Cozinha Bruta nas redes sociais. Acompanhe os posts do Instagram, do Facebook e do Twitter.)
P.S.: Não matei a saudade. Não tinha serviço a bordo. Só um saquinho microscópico de chips de batata-doce para quem quisesse pegar no desembarque.