Eu queria falar de comida aqui. Mas aí surge mais um escândalo de corrupção.

Eu queria discutir a rotulagem dos alimentos industrializados e tal, mas, velho… o tal escândalo é sujo demais, não dá para falar de outra coisa neste país.

Eu juro, juro mesmo que queria falar de algo edificante e relacionado à cozinha e à alimentação. Não dá. Gente. É um senador. Vice-líder do governo. Pego com dinheiro entre as nádegas. Propina enfiada na bunda, sem nenhuma linguagem figurativa.

Procurava assunto para escrever um post. Sempre tem um. O Dia do Pão, sei lá, que é amanhã. Mas aí vem a enxurrada de piadas imundas com o senador. Poupança. Dinheiro sujo. Aplicação no fundo de investimento. Imagens borradas do flagrante. Fuga para Boston ou Chicago.

Isso não me cheira bem. Isso fede a morte.

Numa situação normal, num país mais ou menos saudável, haveria espaço tanto para a notícia de política e economia –as chamadas hard news– quanto para amenidades como a gastronomia e a agenda cultural.

Mas não no Brasil. Fomos tragados pela enxurrada fecal doentia. Nem o coronavírus tem destaque no noticiário, tamanha a imundície em que estamos metidos.

É a proverbial imprensa marrom –mas apenas por força das circunstâncias.

Que consigamos sair deste esgoto algum dia.

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