Cheddar de fast food não é queijo: é requeijão tingido de laranja
A moda do hambúrguer é algo tão forte quanto monótono. Dentro dela, há uma coleção de modinhas dentro da modinha. Tivemos o hambúrguer de picanha, de wagyu, dry-aged, a febre do bacon assim ou assado. O smash burger, como pude me esquecer? Agora emerge (ou submerge, se você preferir), uma onde capitaneada por um império da fast-food: a tal piscina de cheddar.
Trata-se de um pote cheio de substância pastosa alaranjada, comprada à parte para que o freguês mergulhe o sanduíche à medida que come. Melhor não comer tudo, pois um único pote tem 42% do sódio recomendado para o dia todo.
Velho, que desperdício. Do dinheiro de quem compra, é claro, pois aquela coisa não merece ser chamada de alimento. Muito menos de cheddar. A gosma laranja não é cheddar, sequer é queijo.
Cheddar é num queijo tradicional da Inglaterra, que se espalhou por grande parte dos países de língua inglesa –universo que contém os Estados Unidos. O cheddar original sequer é cor-de-laranja. Ele é feito de leite de vaca, firme, de cor amarela clara e sabor que vai do doce ao picante, dependendo do tempo de maturação.
A cor laranja vem de um corante à base de urucum e é mais comum nos queijos feitos nos EUA. Foram também os norte-americanos que inventaram o cheddar processado, que vem na forma sólida ou na pasta que enche a piscininha da fast food. Trata-se, grosso modo, de um requeijão tingido de laranja, com conservantes, estabilizantes, aromatizantes etc. etc. Queijo é só um dos muitos ingredientes.
Essa matéria pastosa é o que você leva quando compra cheddar em quase todos os lugares do Brasil. Algumas hamburguerias têm também o cheddar inglês, de verdade, mas ele está cada vez mais impraticável por causa do preço.
Se você quer saber um pouco mais sobre o cheddar raiz, assista a este vídeo.
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