Coxinha, lasanha e acarajé na barca são o naufrágio do bom senso
A leitora Sheila, de Belo Horizonte me mandou um e-mail para reclamar da profusão de comidas servidas em barcas de plástico em terras mineiras.
Eu nunca tinha reparado. Conhecia as barcas de sushi, costume em restaurantes brasileiros, e as mais recentes barcas de açaí, uma aberração.
Aliás, a transição do sushi para o açaí não modificou só os itens comestíveis –os peixes viraram leite condensado, banana e confeitos coloridos de chocolate. Mudou também a, digamos, engenharia da barca em si. O bambu dos restaurantes japoneses virou plástico ordinário, mole, fino.
Fui a um site de entregas verificar o que poderia vir numa barca no raio de 7 km de minha casa –zona oeste de São Paulo.
Estavam lá o sushi e o açaí. Mas tinha mais, muito mais.
Hambúrguer na barca. Calabresa acebolada na barca. Churrasco misto, com picanha, frango e linguiça mais pão de alho, na barca.
Barca de fondue de chocolate, de frituras diversas –coxinhas, nuggets de frango, bolinho de queijo, batatas–, de kafta, de lasanha. Lasanha industrializada e acompanhada de arroz, feijão, farofa e salada, diga-se. Barca de pastel. Barca de acarajé. Barca de pizza, obviamente.
Qual a necessidade disso? A pergunta que fica no ar –e duvido que alguém tenha a resposta– é: por quê?
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