O mundo seria bem melhor sem a pimenta biquinho
Venho aqui afirmar, de forma objetiva, absoluta e definitiva, que a gastronomia mundial seria muito melhor sem a pimenta biquinho. Mentira: isso é só a minha opinião. Mas trago argumentos sólidos.
Pimenta-biquinho, para quem tem a sorte de não a conhecer, é aquela pimenta pequena, em forma de gota, que não arde e costuma ser vendida em conserva de vinagre.
Pimentas, mesmo as não-picantes, são frutos de sabor muito intenso. Assim, apenas uma unidade de pimenta biquinho é capaz de estragar uma refeição por completo. Seu gosto é de pimentão triplamente concentrado e potencializado outras dez vezes pela acidez do vinagre. Abafa, obnubila, acoberta todos os outros componentes do prato.
Pimentas, por sua natureza feroz, devem e costumam ser usadas com comedimento. Já a mansidão da biquinho induz ao uso exagerado.
O povo mete punhados cheios de pimenta biquinho em qualquer coisa. Misturada ao arroz. Na farofa. No vinagrete do churrasco. No recheio da linguiça. Escondida no prato de macarrão. Usam pimenta biquinho, tão vermelhinha, tão bonitinha, como guarnição de sanduíches e saladas. Daqui a pouco vão tacar biquinho no brigadeiro e no açaí.
Você afasta a biquinho para o canto do prato, vai comendo tranquilão e, de repente, engole outra que se moqueou embaixo do feijão.
Isso é cruel.
Isso precisa acabar.
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