Aos 13 anos, eu só fazia pipoca e brigadeiro

A medalha de prata da skatista Rayssa Leal, 13 anos, a Fadinha, levantou por todos os lados a seguinte pergunta: o que você fazia quando tinha a idade dela?

Por um lado, é uma comparação despropositada. Ninguém precisa ter conquistado grande coisa aos 13 anos, e o sucesso precoce não é garantia alguma de uma vida adulta próspera, que dirá feliz.

Ao se desarmar, porém, você pode embarcar num interessante exercício de visitação das memórias. Aos 13 anos, você já sinalizava que tomaria o rumo que tomou? Olhando para o passado, você se enxerga na sua versão pré-adolescente?

No meu caso particular, a resposta é um enfático “não”.

Eu, aos 13 anos, só sabia cozinhar duas coisas: brigadeiro e pipoca, ambos para consumo imediato em frente à TV. Mas minha genialidade gastronômica se revelava longe do fogão: aprendi que guardar leite condensado na geladeira produzia a melhor cobertura possível para o bolo de chocolate, fosse ele caseiro ou comprado pronto.

Nessa idade, meu repertório gastronômico era ridiculamente limitado. Meu cardápio consistia em arroz, feijão, ovo frito, frango, macarrão com molho de tomate, pizza de queijo e doces à base de chocolate. Não gostava de carne, comia zero salada, sequer me dava ao trabalho de provar a maioria dos legumes.

Com 13 anos, eu não pensava em escrever profissionalmente –só sabia que não queria ser engenheiro, plano A do meu pai para mim–, muito menos que viria a escrever sobre comida.

Não sinto saudade alguma dos meus 13 anos. Algumas pessoas sentem, pois têm razão para sentir saudade. Certamente, lá adiante, a Rayssa será uma dessas pessoas.

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