Os feijões de Araçatuba
Estou desde sexta-feira (27) em busca de uma forma original e esperta de abordar a declaração de Bolsonaro sobre fuzis e feijão. Desisto. Impossível falar algo astuto sobre uma ideia tão tosca quanto a equiparação de armas pesadas a alimento básico no orçamento familiar do brasileiro.
Então vamos de mais do mesmo. Porque a estupidez deve ser esculachada. E haja estupidez nesse discurso de Bolsonaro.
A dificuldade para comprar comida e a facilidade excessiva para adquirir armas são dois sintomas gritantes da septicemia que acomete a nação.
Um foco de infecção eclodiu na madrugada de segunda-feira (30) em Araçatuba, interior e São Paulo. Bandidos com, veja só, fuzis puseram a cidade de joelhos.
Só com muita desonestidade intelectual alguém pode argumentar que a facilidade para adquirir armas e munição não beneficia também os cangaceiros. Não apareceu nenhum valentão “de bem” armado para peitar os bandidos. Se aparecesse, teria sido fuzilado.
A farra das armas só é boa para as quadrilhas e milícias.
Isso é tão óbvio quanto dizer que a tragédia teria sido evitada se, em vez de fuzis, os ladrões de Araçatuba portassem feijões.
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